O espectro de uma possível nova onda de contaminações desencadeadas pela variante da covid-19 Ômicron vem assombrando a comunidade científica mundial. No Brasil, o Comitê Científico do Consórcio Nordeste se antecipou e divulgou um documento, na sexta-feira (3), no qual pede que governos e prefeituras cancelem as festividades de fim de ano, bem como o carnaval. No comunicado, o Comitê também faz um diagnóstico do quadro sanitário nos estados do Nordeste e defende a manutenção de medidas como uso de máscaras e uma intensificação nas vacinações para conter um novo surto da doença.
No documento, os especialistas que integram o grupo manifestam preocupação com um aumento da probabilidade de surgimento de variantes em áreas de baixa vacinação e que possam colocar em risco a eficácia dos imunizantes utilizados hoje. “O mais importante”, diz trecho do comunicado, “é que estas novas variantes podem, não somente ser mais transmissíveis e mais patogênicas, como também evadirem da imunidade produzidas pelas vacinas”. De acordo com os cientistas, a nova variante tem gerado “tensão e expectativas entre políticos, gestores e especialistas”.
“A discussão de não permitir festas de carnaval é muito dura”, reconheceu o coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, Sérgio Rezende, à CNN, no mesmo dia em que o grupo soltou o comunicado. “Tanto que é que essa discussão está ocorrendo há um tempo, e hesitamos em fazer essa recomendação. Agora, porém, com a Ômicron e o aumento de casos na Europa, tivemos que fazer essa recomendação”, justificou Rezende. “O carnaval nordestino recebe muitos visitantes europeus”.
O Comitê reforça, ainda, a necessidade, de “intensificar a vacinação com vistas a alcançar, no mais breve espaço de tempo possível, uma maior parcela da população com vacinação completa”. Para isso, será fundamental a participação ativa de toda a rede que integra o Sistema Único de Saúde (SUS) e uma ampliação das imunizações nas escolas.
Os especialistas também insistem que o passaporte vacinal deve ser exigido em todos os lugares públicos que favoreçam aglomerações, como cinemas, teatros, e estádios de futebol. De acordo com o diagnóstico feito pelo grupo, nenhum estado do Nordeste apresenta condições de promover eventos públicos com uma margem de segurança suficiente para evitar uma nova onda de infecções.
24 capitais e DF cancelam eventos
Com o sinal de alerta soando, cresce o número de capitais que decidiram cancelar festas de comemoração do Ano Novo. A lista noticiada pela imprensa já registra 24 capitais cujas prefeituras optaram por não promover festas de Réveillon, incluindo Rio de Janeiro e Manaus.
A lista ainda inclui São Paulo, Vitória, Belo Horizonte, Campo Grande, Cuiabá, Goiânia, Natal, Fortaleza, Salvador, Aracaju, Recife, João Pessoa, Palmas, Teresina, Recife, Belém, Maceió, Macapá, São Luís, Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis e Brasília. A maior parte das cidades também deve manter a obrigatoriedade do uso de máscaras.
Da Redação, com Comitê do Nordeste, Folha de S. Paulo e CNN