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CPI Prevent Senior: empresa de logística diz que entregou 25 mil kits Covid

Diretor relata picos de entrega entre março de 2020 e abril de 2021 e necessidade de contratar 14 motoboys para atender demanda. Para Cremesp, prontuários da Prevent não têm segurança

Divulgação

Sessão da CPI da Prevent Senior, na Câmara de Vereadores de São Paulo

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Prevent Senior, na Câmara Municipal de São Paulo, Fábio Tadeu Frigi, direto executivo da Master Express, afirmou que a empresa de logística entregou cerca de 25 mil “pacotes” de medicamentos, os chamados kits Covid, entre março de 2020 e abril de 2021.

Para o presidente da CPI da Prevent Senior, vereador Antonio Donato (PT), a comissão já tem um número bastante interessante sobre a distribuição de kit Covid domiciliar para trabalhar e continua somando dados para fechar o cerco à atuação da operadora de saúde, investigada após série de irregularidades durante a pandemia que resultaram em mortes, como relatam familiares de pacientes atendidos pela empresa. “Entre dezembro e fevereiro, houve picos de entrega de 3.100 kits de Covid”, afirmou Donato.

Fábio Tadeu disse aos vereadores que o contrato com a Prevent Senior teve início em novembro de 2019, que a logística incluía transporte de materiais biológicos, de materiais esterilizados e resultados de exames, por exemplo, e que a entrega de medicamentos – ele evitou usar o termo kit Covid – foi interrompida em abril deste ano. Relatou também que, durante a pandemia, foi necessário ampliar a equipe de transporte, com a contratação de 14 novos motoboys.

Fábio Tadeu Frigi, diretor executivo da Master Express. Divulgação

O diretor narrou que os medicamentos eram entregues em caixas e depois em embalagens plásticas e que saíam, primeiro, das unidades da Prevent no Itaim, depois de Santana e, na parte final, da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio. Ao ser questionado pelos vereadores, disse que houve aumento gradual do envio de medicamentos do kit, mas não de outros remédios.

Donato iniciou a sessão lendo justificativa enviada pelo presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Mauro Luiz de Britto Ribeiro, que afirmou não poder comparecer à CPI por compromissos previamente agendados e caberia ao Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) prestar os esclarecimentos. Os vereadores não aceitaram a justificativa e vão reconvocá-lo.

Primeira a ser ouvida pela CPI da Prevent Senior, a presidenta do Cremesp, Irene Abramovich, relatou ter encontrado falhas no sistema eletrônico de prontuários da operadora de saúde, o que permitiria alterações histórico do paciente, mudança de CID e falta de autonomia médica durante as vistorias do Cremesp a hospitais da rede Prevent Senior. A sigla CID significa Classificação Internacional de Doenças (CID).

Presidenta do Cremesp, Irene Abramovich. Foto: Divulgação

“Foi um depoimento importante. Ela confirmou também ter constatado casos de alteração da CID em prontuário e haver restrição da autonomia médica pela Prevent Senior. São afirmações de um órgão importante, fiscalizador da ética médica, e contribuiu bastante”, comentou Donato a jornalistas ao término da sessão da CPI.

Irene afirmou que o Cremesp não tem poder de fiscalizar pessoa jurídica, apenas pessoa física, no caso, os diretores técnicos ou clínicos de unidades. A médica comentou que existem 25 sindicâncias contra a Prevent Senior, mas não deu detalhes por conta de sigilo das investigações. Citou também a falta de estrutura para do Cremesp para acompanhar 180 mil médicos existentes no Estado de São Paulo.

Entre as dificuldades encontradas nas vistorias de hospitais de Prevent Senior, relata problemas em acessar prontuários de pacientes, em conferir se houve alteração da CID e critérios para se colocar paciente em tratamento paliativo.

“A força-tarefa do MP adotou uma interessante linha de trabalho que me parece muito adequada. Eles caracterizam assédio moral organizacional, ou seja, a estrutura da empresa está montada para restringir autonomia médica”, afirmou.

Da Redação