Parlamentares da Bancada do PT na Câmara usaram suas redes sociais neste fim de semana para pedir a prisão do procurador Deltan Dallagnol, depois que o site DCM – Diário do Centro do Mundo – publicou matéria exclusiva revelando que os procuradores da extinta força-tarefa Operação Lava Jato, do Ministério Público Federal no Paraná, propuseram cláusulas extras, criaram uma nova versão e negociaram os termos da delação premiada do ex-executivo da Petrobras Pedro Barusco, para incluir o PT, na delação, por fins políticos. É o que revelam mensagens analisadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Spoofing, divulgadas em reportagem do DCM.
O líder da Bancada do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS), espera que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) puna com rigor o procurador Dallagnol, “porque cretinices desse tamanho arruínam a credibilidade do Ministério Público. E a democracia precisa de um MP forte”.
Na avaliação do deputado Paulo Pimenta (PT-RS), Dallagnol se comportou todo o tempo como “chefe de quadrilha”, nunca como um procurador da República. “O que foi revelado hoje (16) pelo DCM é um escárnio, uma vergonha”, criticou, se referindo a afirmação do procurado: “Abaixo a república… KKK”, após escrever a delação de Barusco e incluir o PT por fins políticos. Pimenta ainda indagou: “O que falta para sua prisão?
Paulo Pimenta destacou ainda, em suas redes sociais, que “faz anos que denuncio a quadrilha da Lava Jato e seus esquemas para enriquecerem. Já pedi a prisão de Moro, Dallagnol e toda a quadrilha diversas vezes. O escândalo da delação de Barusco, que veio à tona ontem, é só mais um da indústria de delação criada pela República de Curitiba”.
O deputado Rogério Correia (PT-MG) foi enfático: “É preciso prender Deltan Dallagnol, o cretino, e para isto o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) precisa abrir investigação contra ele e não proteger seus crimes!”
Para o deputado Nilto Tatto (PT-SP), Dallagnol, o tempo todo, “pousou de bom moço, porém agia como chefe de quadrilha. O deputado afirmou ainda que, “se ainda houver seriedade, o MPF deve expulsá-lo da instituição e Dallagnol deverá responder pelos seus crimes. “Essa cara hipócrita de bom moço, cristão, rapaz honrado, não passa de farsa, como a que você ajudou a montar para eleger Bolsonaro”, protestou.
Ainda em outra postagem na sua conta no Twitter, Nilto Tatto enfatizou que as acusações contra o procurador Dallagnol são sérias demais para passarem em branco e indagou: “Até quando o MPF vai passar pano e fingir não ver os crimes cometidos por Dallagnol?.
O deputado Alencar Santana Braga (PT-SP) afirmou, também em suas redes sociais, que “a ficha corrida do mafioso Deltan Dallagnol só não é maior que a hipocrisia dele, um falso cristão que tem lugar cativo no Nono Círculo do inferno, destinado aos traidores da pátria”.
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A deputada Maria do Rosário (PT-RS), ao comentar o fato em suas redes sociais, afirmou que Dallagnol escreveu o que queria em uma delação que cabia a ele próprio homologar. “É um crime, um escárnio, uma vergonha que até agora não tenha sido responsabilizado”, criticou.
Jogo rasteiro
Na avaliação do deputado Enio Verri (PT-PR), Deltan Dallagnol transformou a delação e ações no MP em seus joguetes para interesses políticos. “Escrever parte da delação do Pedro Barusco para incriminar o PT é rasteiro. Arquitetou para criminalizar o partido quebrando todos os princípios éticos e legais do cargo que exerce”, criticou. .
E o deputado Alexandre Padilha (PT-SP) reforçou: “Então Dallagnol escreveu a delação de Pedro Barusco, colocando o PT no meio com fins políticos. A gente vem batendo nessa tecla há muito tempo. Dallagnol e sua trupe se juntaram para tirar o Lula do jogo político. Parece que o jogo virou, né?”
Também em suas redes sociais os deputados Rubens Otoni (PT-GO), José Guimarães (PT-CE), Helder Salomão (PT-ES) Leo de Brito (PT-AC), Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulão (PT-AL) divulgaram a matéria do DCM, consideram o fato “gravíssimo” e indagam quando Dallagnol será expulso do Ministério Público.
Nova versão da delação de Barusco
Conforme publicou o DCM, diálogos travados entre os procuradores Deltan Dallagnol e Athayde Ribeiro Costa, da operação Lava Jato, revelam que eles redigiram uma nova versão da delação premiada do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco, no início do ano de 2015. Segundo a reportagem, a primeira versão da delação de Pedro Barusco, que menciona suposto acerto de propina entre funcionários de carreira da petrolífera, representantes de empreiteiras e políticos. Mas não citava explicitamente o PT.
A prática dos procuradores de Curitiba é ilegal. A norma brasileira que regulamenta e deu origem ao instituto da delação premiada no Brasil (Lei Nº 12.850, de 2 de agosto de 2013) veda expressamente que as autoridades constituídas sugiram versões, solicitem inclusões ou firam de qualquer modo a iniciativa do próprio delator sobre o que pretende levar a conhecimento dos órgãos de investigação e controle.
Segundo o DCM, “vale dizer: não é permitido que se construam delações customizadas por promotores ou procuradores, ao gosto de seus estratagemas processuais ou, no caso específico, políticos”.
É o que estabelece o artigo 4º da lei citada, que versa sobre as regras que devem ser observadas pelo juiz de Direito ao homologar um acordo de delação. Entre essas diretrizes, está a de certificar que todo o conteúdo da delação apresentada foi escrito espontaneamente pelo próprio delator, obrigatoriamente verificando a existência da “voluntariedade da manifestação, especialmente nos casos em que o colaborador está ou esteve sob efeito de medidas cautelares”.
Confira a reportagem completa do DCM.
Do PT na Câmara