Às vésperas do Dia do Evangélico, celebrado nesta terça-feira (30) em todo o Brasil, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ); a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann; e o ex-presidente Lula se reuniram com lideranças evangélicas para debater a situação atual e apontar soluções para a gravíssima crise que atinge o país.
No encontro, realizado pela internet, no domingo (28), pastores e fiéis destacaram como os governos de Lula e Dilma Rousseff sempre garantiram a liberdade a todas as religiões e criaram políticas sociais que favoreceram enormemente a comunidade evangélica. Alguns dos participantes, aliás, disseram ser exemplos de como as políticas sociais do PT beneficiaram essa camada da sociedade.
Foi o caso da pastora Elisabete Pereira, da Igreja Batista Metropolitana da Bahia. “Sou uma mulher preta que se converteu ao Senhor Jesus aos 17 anos. Hoje sou mãe, esposa e fui a primeira da minha família a concluir uma graduação. E concluí graças às políticas públicas do presidente Lula, na primeira turma do ProUni, em 2005”, contou a religiosa, lembrando que a maioria da comunidade evangélica é formada por pessoas como ela: “mulheres pretas e periféricas”.
Benedita da Silva, que já era evangélica quando ajudou a fundar o PT, buscou traduzir depoimentos como o de Elisabete em números. Ela informou, por exemplo, que, dos 38 milhões de negras e negros que tiveram acesso a água potável nos governos petistas, 13 milhões eram evangélicos. Que, de 35,6 milhões que ganharam acesso a energia elétrica, 12,5 milhões seguem a religião. E, dos mais de 19 milhões de empregos com carteira assinada criados nos governos Lula e Dilma, 6 milhões foram conquistados por evangélicos.
“Nós, evangélicos, representamos 32% da sociedade brasileira, porém, entre os públicos mais vulneráveis, há uma presença ainda maior de evangélicos. E todas as políticas que foram implementadas no governo Lula, consequentemente, atingiram as nossas famílias evangélicas”, disse Benedita.
Liberdade religiosa
Tanto a deputada federal quanto líderes religiosos também destacaram a garantia que o governo Lula deu aos brasileiros para professarem sua fé de forma livre. “Em dezembro de 2003, Lula sancionou a lei que alterava o Código Civil e garantia a liberdade religiosa e a liberdade de as igrejas se organizarem como quiserem”, frisou a deputada.
Nesse sentido, alguns ressaltaram que a defesa do Estado laico, que não se mistura à religião, é uma forma de proteger todas as religiões. Pois um governo que toma partido de uma ou outra religião, passa a perseguir todas as demais. “Nós combatemos a narrativa dos mercadores da fé e temos demonstrado que o PT, dentro do governo ou fora dele, ao defender o Estado laico, está defendendo a liberdade religiosa”, disse Neivia Lima, da Igreja Batista da Bahia.
Nalu Rosa, da Igreja Maranata do Rio de Janeiro, complementou o pensamento da irmã de fé: “Embora eu fale da minha perspectiva de fé, eu defendo o Estado laico, que é um legado protestante. Religião é uma escolha de coração e não pode ser uma imposição governamental, um oportunismo de governo. Quero enunciar o evangelho com liberdade e nunca vi esse direito ser violado pelo Partido dos Trabalhadores. Isso é muito importante esclarecer para todos os nossos irmãos”.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, também fez uma fala em defesa da liberdade religiosa. “Na nossa caminhada, nunca fizemos disputa religiosa, nós sempre respeitamos todas as religiões, a fé e o credo das pessoas. Nossos adversários é que trouxeram a religião para a disputa política e inventaram mentiras. Respeitamos todos os credos e todas as religiões e o que queremos é colocar em prática um programa que melhore a vida das pessoas”, disse.
Combate às fake news
As mentiras que buscam afastar a comunidade evangélica do Partido dos Trabalhadores foram denunciadas e lamentadas por muitos dos participantes. “As histórias que dizem que o PT vai fechar as igrejas evangélicas são mentirosas. Aliás, de 2003 a 2013, 2014, nunca as igrejas evangélicas cresceram tanto, nunca foram tão prósperas”, lembrou o pastor Oliver Costa Goiano, da Igreja Batista do Rio de Janeiro.
Em uma fala contundente, o pastor Ariovaldo Ramos, da Igreja Comunidade Cristã Renovada de São Paulo, denunciou a ação da extrema-direita, que atacou as igrejas evangélicas, dividindo os fiéis em nome de um projeto político. “Eles cooptaram líderes, criaram mentiras, não apenas para prendê-lo, presidente Lula, mas para impedir nossa liberdade. Porque a mentira é uma corrente que aprisiona o ser humano e tira da gente a possibilidade de saber a verdade e de agir a partir da verdade. Esses meliantes feriram o país e a igreja evangélica profundamente. E, hoje, quando estamos buscando a reconstrução do país, estamos buscando também reconstruir a nossa igreja”, disse.
As mentiras com objetivo político, denunciou o pastor, se aliaram ao negacionismo durante a pandemia, resultando na morte de centenas de milhares de evangélicos. “Nós estamos entre os que mais morreram na pandemia porque eles venderam para o nosso povo o negacionismo, e o nosso povo não tem mais como contar os mortos. Nós perdemos pastores, perdemos líderes. Quando as estatísticas vierem à tona, todos saberão que nesta pandemia os evangélicos morreram mais do que todo mundo, porque acreditaram nessa mentira.”
Lula exalta respeito à diversidade
No fim do encontro, Lula dirigiu a todos os presentes uma palavra de agradecimento e os incentivou a continuar lutando pela reconstrução do país, como muitos já fazem todos os dias. O ex-presidente garantiu que o PT sempre vai defender a liberdade religiosa e agir como ele atuou quando foi presidente. “Quando fui presidente, tive relação com todas as igrejas, fui amigo de todo mundo, conversei com todo mundo e governei para todo mundo. Porque eu queria governar para o povo, sabendo que a maioria da periferia deste país está vinculada a uma igreja evangélica. A gente sabe da representatividade do povo evangélico e sabe que tem que conversar com ele enquanto povo”, analisou.
“O que a gente percebeu nesse encontro é que as pessoas têm cabeça, têm inteligência, que as pessoas gostam e concordam com a diversidade. As pessoas não querem ser iguais, as pessoas querem ser democráticas, as pessoas querem amar, querem conviver bem na diversidade. É essa lição que a gente tira de uma reunião extraordinária como essa”, elogiou Lula.
Com respeito à democracia e à diversidade, lembrou Lula, foi possível melhorar a vida de todos e defender o direito de todos. “Nós provamos que o país tem jeito, que este país pode ser decente e digno, que a religião pode ser feita com muita seriedade, com muita verdade. Ninguém precisa mentir, ninguém precisa usar e abusar da boa fé do povo, que é uma coisa sagrada. E tenho fé em Deus que a gente pode consertar esse país, pode fazer a economia voltar a crescer, pode voltar a gerar emprego formal, voltar a tratar as pessoas com respeito e carinho”, pregou.
Da Redação