Ao invés de trabalhar para enfrentar os problemas que assolam o país e deterioram a vida de milhões de brasileiros, como a inflação galopante, o desemprego e a fome, Jair Bolsonaro prefere ameaçar a democracia. Durante ato, jocosamente chamado de “Liberdade de Expressão”, em Brasília, nesta quarta-feira (27), Bolsonaro sugeriu que as eleições de 2022 poderão ser “suspensas” se “algo anormal” ocorrer. É a mais pura tradução do golpismo bolsonarista, agora ainda mais estridente à medida que se aproxima o pleito de outubro, trazendo no horizonte uma derrota da extrema direita, de acordo com todos os institutos de pesquisa eleitoral.
A fala de Bolsonaro, além do medo de encarar a vontade popular, revela um profundo descolamento da realidade. A tal suspensão, segundo o golpista, valeria para a disputa aos governos estaduais e para o Congresso Nacional. “Não pensam que uma possível suspensão de uma eleição seria só para presidente, isso seria para o Senado, para a Câmara, se tiver algo de anormal”, delirou.
O presidente que não trabalha insistiu ainda, em mais um ataque às instituições, que as Forças Armadas sugeriram uma “contagem paralela” de votos, independente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele referiu-se a um inquérito do TSE instaurado pela Comissão de Transparência Eleitoral (CTE), e que conferiu, em fevereiro, a legitimidade do processo eleitoral no Brasil. “Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas para verificar o processo, mas se esqueceram que o chefe das Forças Armadas é Jair Messias Bolsonaro”, ameaçou.
A presidenta Nacional do PT Gleisi Hoffmann reagiu ao golpismo do extremista de direita. “Contar votos nunca foi papel dos militares”, corrigiu a deputada federal pelo PT do Paraná. “A verdade é que Bolsonaro, pior presidente da história, não tem coragem de enfrentar o julgamento das urnas”, desafiou. “Quem tem 60% de rejeição não ganha eleição. Cabe ao campo democrático garantir o processo eleitoral e derrotar essa aberração”, conclamou a petista.
Por trás do medo, mortes por Covid, inflação, fome e desemprego
Bolsonaro sabe que o triste legado de seu governo passa por quase 700 mil mortos por Covid-19, uma inflação recorde e persistente de dois dígitos, desemprego explosivo – oficialmente, são quase 12 milhões de desocupados -, queda na renda dos trabalhadores, miséria, fome e pobreza extrema. Não à toa, o Brasil convive com o cotidiano amargo de ter quase 20 milhões de famintos e mais da metade da população com algum tipo de insegurança alimentar, cerca de 116 milhões de pessoas.
O cenário econômico deverá piorar a vida do povo brasileiro. O desemprego deverá ser ainda maior, estacionando entre as piores taxas do mundo neste ano, segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em um grupo de 102 países avaliados, o Brasil se destaca com a 9ª pior perspectiva de desemprego, cerca de 13,7%. A média mundial é 7,7%. Entre membros do G20, é a segundo pior, atrás apenas da África do Sul.
“O legado de Bolsonaro foi destruir o país”, sentenciou o líder do PT no Senado, Paulo Rocha, pelo Twitter. “Se há alguns anos vivíamos no pleno emprego, agora o Brasil deve terminar o ano com uma das maiores taxas de desemprego do mundo. Nem robôs salvam o crápula este ano nas eleições. Ninguém aguenta mais”, concluiu.
Da Redação