Nova pesquisa mostra que a ameaça da fome não dá trégua aos brasileiros. No mesmo país que saiu do Mapa da Fome em 2014, hoje uma a cada três pessoas sofre com a falta de alimentos.
É o que mostra pesquisa DataFolha divulgada nesta quarta-feira (3) pela Folha de S. Paulo. Segundo o levantamento, 33% dos entrevistados dizem que a quantidade de comida em casa nos últimos meses não foi suficiente para alimentar a família.
O índice representa uma piora no quadro. Quando a mesma pesquisa foi feita em maio, eram 26% os que sofriam com comida insuficiente. Já o que dizem ter alimentos o bastante para a família caíram de 62% para 55%.
Mulheres e negros sofrem mais
A escassez de comida afeta mais as mulheres (37%), historicamente mais vulneráveis no mercado de trabalho (veja vídeo abaixo); famílias com renda de até dois salários mínimos (46%); aqueles que se declaram pretos (40%) e no Nordeste (42%).
A pesquisa também mostra que 17% dos entrevistados estão em famílias que, nos últimos meses, venderam algum bem ou objeto de valor para comprar alimentos e itens básicos de supermercado.
O estudo confirma o que outros levantamentos mostraram. Em junho, o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia apontou que 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil.
No mês passado, a ONU confirmou que o Brasil voltou ao Mapa da Fome e apontou que 61,3 milhões de brasileiros convivem com algum tipo de insegurança alimentar.
Bolsonaro não engana a população
Depois de passar três anos e meio permitindo que o preço dos alimentos disparasse e destruindo todas as políticas de combate à fome, como a valorização do salário mínimo, a formação de estoques de alimentos e o apoio aos pequenos agricultores, Bolsonaro não tem mais capacidade de enganar a população.
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Segundo a pesquisa, 61% dos brasileiros sabem que o principal objetivo dos auxílios que Bolsonaro resolveu conceder agora é ganhar votos e 56% consideram o valor de R$ 600 insuficiente.
Para fazer a pesquisa, o DataFolha ouviu 2.556 pessoas em 183 cidades de forma presencial na quarta (27) e quinta-feira (28).
Da Redação