R$ 600 não acabam com a fome nem resolvem vida dos mais pobres; entenda

O auxílio que Bolsonaro decidiu pagar por conta das eleições perde muito de seu efeito devido à absurda inflação dos alimentos, à perda de renda dos trabalhadores e ao desmonte de políticas de segurança alimentar

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Combate à fome exige conjunto de políticas bem articuladas

Depois de passar três anos e meio massacrando os mais pobres e a classe trabalhadora, Jair Bolsonaro tirou da cartola, a pouco mais de dois meses da eleição, um Auxílio Brasil de R$ 600.

A intenção eleitoreira do ex-capitão é mais que óbvia, mas a medida está longe de ser suficiente para acabar com a fome ou aliviar a dificuldade que os brasileiros mais pobres enfrentam. Explicamos por quê:

1. O auxílio não está chegando a todos que têm direito

O primeiro motivo é que Bolsonaro não consegue nem mesmo dar essa ajuda a todos que têm direito. Como o Auxílio Brasil foi feito às pressas, sem se basear em dados confiáveis, o governo não tinha ideia de quantas famílias estão em situação de pobreza ou extrema pobreza. Resultado: a cada dia, mais e mais pessoas se inscrevem no Cadastro Único, mas o governo não as inclui no programa, porque não previu recursos para todas elas.

2. O preço dos alimentos não para de subir

Mas, mesmo que todas as famílias pobres ou extremamente pobres fossem atendidas, o Auxílio Brasil não resolveria o problema. Isso porque o preço dos alimentos não para de subir (veja tabela abaixo) e, assim, os R$ 600 compram cada vez menos produtos. Especialistas calculam, por exemplo, que R$ 600 hoje têm o mesmo poder de compra que R$ 491 tinham em 2020.

 

3. O salário mínimo e a renda do trabalhador caíram

Esse é um ponto fundamental. Pouco se divulga, mas, na época de Lula, os trabalhadores conseguiam encher o carrinho do mercado e comprar carne não só por causa do Bolsa Família, mas, principalmente, graças à política de valorização do salário mínimo e a criação de empregos formais, o que elevou a renda dos trabalhadores.

Enquanto, com Lula e Dilma, o salário mínimo teve aumento real de mais de 74% e o desemprego chegou a ficar abaixo de 5%, com Bolsonaro, o salário mínimo teve perda real (veja gráfico abaixo) e o desemprego se manteve sempre acima dos 11%. A precarização do trabalho derrubou ainda mais a renda dos trabalhadores, que, diante da carestia da comida, cortam itens básicos e chegam a comprar sobras de alimentos, como restos de frios e soro de leite.

4. Medidas de contenção da inflação foram abandonadas

Outra medida que ajudava os trabalhadores a terem acesso a uma boa alimentação eram medidas que ajudavam a conter os preços. Lula fortaleceu a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e passou a fazer estoque de alimentos para, quando os preços subissem, o governo colocá-los no mercado e impedir que a elevação fosse muito alta.

Além disso, iniciativas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) garantiam que os pequenos e médios agricultores, que produzem 70% do que comemos, não enfrentassem grandes crises e continuassem a fornecer seus produtos, reduzindo períodos de escassez. Sem falar na política de preços determinada para a Petrobras, que controlava o preço do diesel e diminuía o valor dos fretes.

Bolsonaro desmontou tudo isso e o resultado é esse que se vê agora: alimentos cada vez mais caros nas prateleiras.

5. Faltam outras medidas de segurança alimentar

Outra medida fundamental para tirar o Brasil do Mapa da Fome foi a criação de uma ampla rede de suporte aos mais pobres. Iniciativas como o fortalecimento da merenda escolar e a criação de restaurantes comunitários se aliavam ao Bolsa Família para garantir que todos os brasileiros tomassem café da manhã, almoçassem e jantassem todos os dias. Essa rede de proteção, porém, foi destruída, tornando insuficiente o pagamento de um auxílio financeiro.

Da Redação

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