Partido dos Trabalhadores

Gleisi: “O PT é guardião do projeto que ganhou a eleição”

Em entrevista ao site Metrópoles, a presidenta do PT defende que o partido seja um contraponto às pressões do mercado para ajudar o governo Lula a alcançar seus objetivos

Saulo Scheffer / Site do PT

Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou, em entrevista publicada nesta quinta-feira (2) pelo site Metrópoles (assista abaixo), que cabe ao partido ser o guardião do projeto desenvolvimentista que venceu as eleições em outubro de 2022. 

“Quando nós fizemos a campanha, toda a linha foi no sentido desenvolvimentista do Estado. O presidente Lula disse ‘eu quero gerar emprego, quero renda, crescimento, retomar obras, fazer investimentos, resgatar programas sociais’. Foi esse projeto que ganhou nas urnas e eu sinto que o PT é guardião desse projeto”, disse.

Para cumprir bem essa função, salientou Gleisi, cabe ao PT enriquecer o debate público, para que a visão do mercado não seja a única apresentada à sociedade.

“É papel do PT, como guardião desse projeto que ganhou a eleição, colocar a discussão sempre na mesa. Porque eu sei como funciona governo, as pressões que vêm. O mercado não ganhou a eleição, mas o mercado pressiona o tempo inteiro a equipe econômica e o governo. Então tem que ter um contraponto nisso. Não pode o mercado ficar falando sozinho, pressionando, achando que tem razão”, explicou.

Segundo Gleisi, foi o que aconteceu no debate sobre a volta de cobrança de impostos sobre o etanol e a gasolina. Quando o prazo da desoneração desses dois combustíveis estava perto do fim, a presidenta do PT defendeu que ela fosse mantida até que a Petrobrás tivesse condições de rever sua política de preços. 

Essa visão contrariava o que defendia o mercado, sempre mais preocupado com a responsabilidade fiscal do que com a social. Iniciado o debate, coube ao governo do presidente Lula fazer uma mediação entre essas duas visões. 

O resultado, segundo Gleisi, foi positivo, pois, apesar de os impostos voltarem, houve um conjunto de medidas que diminuiu o seu impacto para a população. “Nós tivemos uma solução mediada pelo presidente, considerando a questão da reoneração, mas considerando também que tem que segurar esse preço. Não tem porque agora fazer um aumento da gasolina, que prejudica a população e tem impacto na inflação.” 

Banco Central e taxa de juros

O principal objetivo do PT, lembrou Gleisi, é que o governo Lula seja bem-sucedido, o que significa entregar o que foi prometido nas eleições. “Nós queremos que esse governo dê certo. Ele precisa dar certo pelo bem do Brasil. E vai dar certo, pela experiência e pela dedicação que tem o presidente Lula”, disse.

É por isso que outra preocupação do PT tem sido a de apontar o erro cometido pelo Banco  Central ao manter a taxa de juros básica (Selic) em 13,75%. “É um absurdo. Está gerando desvantagem competitiva para o Brasil, é contra o Brasil”, ressaltou. 

Para a presidenta do PT, o Banco Central hoje não está alinhado ao projeto que ganhou nas urnas. “Não pode estrangular o país. Não está certo. Estão dizendo que vai ter recessão. E para evitá-la é preciso um megaprograma de investimento, com grandes ações, colocando dinheiro em circulação.”

Gleisi defendeu a troca do presidente do BC, Roberto Campos Neto, seja por meio de uma decisão voluntária dele, seja por meio de uma medida tomada em conjunto pelo presidente Lula e pelo Senado, como previsto na legislação. “Quando não dá certo, não tem resultado, ele tem que sair. Aliás, a lei prevê isso: se ele não dá resultado, ele tem que sair. E qual é o resultado que ele está dando?”, indagou.

E prosseguiu: “Se ele (Campos Neto) quer dar resultado, é baixando a taxa de juros. E não é para agradar o governo, é pelo país, pelo povo brasileiro, pelo emprego que a gente tem que gerar, pelo desenvolvimento. Hoje não temos investimento privado. Por que alguém vai investir se a taxa de retorno dele é menor que a remuneração que ele ganha com títulos públicos? Não tem lógica”.

Da Redação