A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou, nesta sexta-feira (8), que a prioridade do país é construir um caminho que tire a população da crise.
“Hoje, nós temos a maioria do povo brasileiro em uma situação crítica: desempregada, com baixa renda, com dificuldades por conta da inflação. A situação do Brasil não é boa do ponto de vista da economia popular, e nós precisamos construir um caminho para tirar o povo da crise”, afirmou, em entrevista à Globonews.
Segundo Gleisi, a vida da população deve ser o debate central das eleições de 2022. “O que queremos discutir nesta campanha é como melhorar a vida do povo, aquilo que faz um presidente da República, aquilo que faz um governo. Como melhorar a vida das pessoas. Hoje, as pessoas estão comendo menos, comprando menos, com baixa renda, desempregadas, a carestia voltou, a fome voltou no Brasil. Um país que é produtor de alimentos ter 19 milhões de pessoas num estado de fome, isso não pode acontecer.”
Como não consegue resolver a situação econômica, Jair Bolsonaro tenta desviar o foco do debate para questões morais, alertou Gleisi “Trazer valores (morais) para um debate eleitoral é desviar a responsabilidade de um presidente, é desviar daquilo que ele tem que fazer. Bolsonaro coloca o tema dos valores porque ele não consegue resolver a economia. Até agora, ele não conseguiu baixar o preço do combustível, não conseguiu baixar o preço da gasolina… Então, nós temos de trazer o debate para onde realmente ele é necessário no processo eleitoral e onde podemos ser efetivos para transformar a situação”, disse.
Reforma trabalhista
Ao ser perguntada sobre a provável chapa Lula-Alckmin, Gleisi disse que se trata de um movimento justamente que busca reconstruir o Brasil. “É um casamento apadrinhado pela democracia e que vai fazer bem ao país. Nós precisamos fazer um grande movimento para defender a democracia brasileira, defender a soberania brasileira, defender os direitos do povo.”
Gleisi disse que ela e lideranças do PT buscam o diálogo com todos os setores da sociedade brasileira porque acreditam na construção de um projeto a partir do diálogo. Por isso, iniciou conversas com o empresariado. “Essas conversas são importantes para colocarmos o nosso ponto de vista, de uma maneira franca e respeitosa, e os empresários e o mercado também colocarem o ponto de vista deles, e a gente também perguntar para os empresários e o mercado o que eles vão fazer pelo Brasil. (…) Assim como eles perguntam o que nós pretendemos, nós também perguntamos a eles o que eles pretendem, dentro do que eles fazem, para ajudar o Brasil a se desenvolver”, explicou.
A presidenta do PT ressaltou, porém, que, num eventual governo do PT, os trabalhadores voltarão a ter voz e voto. “Na questão da reforma trabalhista, avaliamos que é necessária uma revisão, pois ela tem várias coisas que não deram certo, como a geração de empregos, que era a grande promessa da reforma. E o que não deu certo precisa ser consertado. E queremos fazer isso numa mesa de diálogo, mas que os trabalhadores também tenham vez e voto para poder se manifestar”, exemplificou.
Política de preços da Petrobras
Gleisi também criticou a atual política de preços da Petrobras, que serve para acionistas terem lucro enquanto a população brasileira, verdadeira dona da empresa, paga caro pelos combustíveis e pelo gás de cozinha.
“A Petrobras é uma empresa de economia mista, com a maioria do capital do Estado, e nós queremos mantê-la assim. Privatizar não adianta. Você não recupera o dinheiro do povo investido nem tampouco melhora o preço do combustível, até porque a natureza do privado é ir buscar o lucro. Uma empresa estatal ou de economia mista, como é o caso da Petrobras, ela tem o objetivo do lucro, mas também tem o objetivo de servir ao povo, de fornecer combustível barato, que é essencial para o desenvolvimento do país. A política de preços da Petrobras está errada, ela não pode ser dolarizada”, defendeu.
Gleisi disse ainda que o Brasil precisa, urgentemente, recuperar suas refinarias, para produzir mais combustíveis internamente. Ela lembrou que as refinarias brasileiras foram vendidas ou desmontadas após o golpe de 2016.
“A outra coisa que tem de ser retomada é o refino de combustível. Nós começamos a expandir as plantas de refinaria. Nosso petróleo, do pré-sal, é um petróleo leve, de refino fácil. Por que a gente não pode fazer a gasolina no Brasil e tem que importar? Para a Petrobras ter mais lucro para dividir com seus acionistas minoritários? Hoje a margem de lucro líquida da Petrobras é de 27%, enquanto das grandes petroleiras do mundo é de cerca de 8%, 9%. Então não dá para continuar assim. Por que o povo tem que pagar uma gasolina cara, um diesel caro? Para alguns acionistas ganharem babas de dinheiro? A diretoria da Petrobras vai ganhar agora mais de R$ 1,5 milhão (de bônus). Para que isso? Nós precisamos ter combustível barato, remunerar bem os acionistas, mas dentro de uma margem de lucro que seja utilizada no mundo todo. Então essa política de preços não pode continuar, ela é nefasta para o Brasil”, argumentou.
Da Redação