Brasil segue com desemprego recorde e queda na renda

Queda de rendimentos em um ano se aproxima dos dois dígitos na Pnad Contínua. País manteve em fevereiro a massa de 12 milhões de desempregados do fim de 2021

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Queda do rendimento real do trabalhador foi de 8,8% em fevereiro, comparado com o mesmo período do ano passado

A cada sondagem do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cristaliza-se a estagnação econômica causada pela “gestão” desastrosa de Jair Bolsonaro e seu ministro-banqueiro Paulo Guedes. E a anomia do mercado de trabalho se revela mais uma vez na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Privado de políticas públicas de geração de emprego, o país mantém os 12 milhões de desempregados com que encerrou 2021.

O levantamento referente ao trimestre móvel de dezembro de 2021 a fevereiro de 2022 foi divulgado nesta quinta-feira (31). Nele, a taxa de desocupação chega a 11,2%, ou menos 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre de setembro a novembro de 2021 (11,6%). A população desocupada recuou 3,1% (menos 389 mil pessoas) frente ao trimestre anterior (12,4 milhões de pessoas), e cá estamos de volta aos 12 milhões.

“No trimestre encerrado em fevereiro, houve retração da população que buscava trabalho, o que já vinha acontecendo em trimestres anteriores. A diferença é que nesse trimestre não se observou um crescimento significativo da população ocupada”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.

Embora em um ano cinco milhões de pessoas tenham ingressado na força de trabalho – agora estimada em 107,2 milhões – o contingente de pessoas ocupadas (95,2 milhões) continua o mesmo do trimestre encerrado em janeiro de 2022. O nível da ocupação (percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar) é estimado em 55,2%. No mesmo trimestre do ano passado, estava em 51,1%.

Já a queda do rendimento real habitual do trabalhador foi de 8,8% em comparação ao mesmo período do ano anterior. O valor caiu de R$ 2.752, em fevereiro de 2021, para R$ 2.511, um ano depois. É o menor já registrado em um trimestre encerrado em fevereiro desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012. A massa de salários em circulação na economia encolheu 0,2%, ou R$ 550 milhões, para R$ 232,594 bilhões.

Porém, a pesquisadora do IBGE identifica um ponto fora da curva nos rendimentos em fevereiro: a ligeira alta que encerrou a trajetória de cinco trimestres de quedas. “Tem um pouco de efeito de composição de população ocupada mexendo no rendimento nominal”, afirma. “Embora o rendimento médio em termos reais tenha ficado estável, com uma variação apenas de 0,3%, o nominal nesse mesmo período expandiu 2,7%. Então, se não fosse o efeito da inflação, o rendimento real teria até crescido.” Culpa de Bolsonaro e Guedes, para a maioria da população.

Subutilizados ainda são 27,2 milhões

A pesquisa do IBGE também revela que ainda falta trabalho suficiente para 27,251 milhões de pessoas. É o contingente da taxa composta de subutilização da força de trabalho, formada pela taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas trabalhadas e a taxa da força de trabalho potencial – pessoas que não buscam emprego, mas estariam disponíveis para trabalhar.

Por outro lado, o contingente de trabalhadores por conta própria caiu 1,9% (488 mil pessoas) em comparação com o trimestre encerrado em novembro. “Essa retração foi bem disseminada entre atividades como comércio, construção e alojamento e alimentação. Como esse grupo representa uma parte significativa dos trabalhadores informais, houve um reflexo direto na diminuição da informalidade”, analisa Adriana.

Com esse recuo, os profissionais informais totalizaram 38,3 milhões, enquanto eram 38,6 milhões no trimestre anterior. Acompanhando a queda, a taxa de informalidade passou de 40,6% para 40,2% no período. Essa categoria reúne o trabalhador sem carteira assinada, o empregador e trabalhador por conta própria sem CNPJ e o trabalhador familiar auxiliar, ainda estimado em 5,7 milhões de pessoas.

Entre as atividades pesquisadas, só houve aumento de ocupação em Outros serviços (4,0%, ou mais 189 mil pessoas). “Esse crescimento reflete o aumento de serviços pessoais prestados às famílias, que incluem atividades de serviços na área de estética, e também de atividades recreativas”, explica a pesquisadora. Já no setor de Construção, o contingente de trabalhadores diminuiu 3,5% (- 261 mil pessoas).

Na Carta de Conjuntura divulgada nesta segunda-feira (28), técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelaram que o mercado de trabalho chegou ao quarto trimestre de 2021 com proporção recorde de desemprego de longo prazo. Mais de 30% dos 12,1 milhões de desempregados estavam em busca de uma vaga havia dois anos ou mais, maior porcentual da série histórica da instituição, iniciada em 2012.

O percentual, que estava em 23,5% no primeiro trimestre de 2021, subiu a 25,7% no segundo trimestre e a 28,9% no terceiro trimestre, até atingir o patamar de 30,3%. “Em que pese a melhora no dinamismo da ocupação, o aumento do tempo de permanência no desemprego mostra que a situação do mercado de trabalho continua desafiadora”, apontaram os pesquisadores.

No dia seguinte (29), a Pesquisa Datafolha revelou que 24% dos brasileiros não vêm tendo comida suficiente para alimentar as famílias nos últimos meses. A insegurança alimentar atinge principalmente os mais pobres. Entre os que ganham até dois salários mínimos (R$ 2.424) por mês, 35% disseram que a comida não foi suficiente. Entre os que ganham de dois a cinco salários mínimos (R$ 6.060), o percentual é de 13%.

Entre os desempregados, 38% disseram que não tiveram comida suficiente. A insuficiência alimentar também atingiu 26% dos trabalhadores autônomos, 20% dos assalariados sem registro formal e 28% dos desocupados que não buscam emprego.

Da Redação, com Imprensa IBGE

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