Durante a recente visita que a delegação do Partido dos Trabalhadores (PT) fez a Pequim, a presidenta nacional do partido e deputada federal, Gleisi Hoffmann (PR), aproveitou para falar à Rádio Internacional Chinesa. A parlamentar discorreu sobre as relações Brasil-China, sobre a amizade histórica entre o PT e o Partido Comunista da China, sobre a ascensão chinesa como potência econômica, sobre a nova ordem internacional multipolar e sobre os desafios dos dois países no século 21.
“É um grande prazer liderar essa comitiva de companheiros do Partido dos Trabalhadores nessa visita à China, e com essa relação entre o PT e o Partido Comunista da China. É a nossa maior delegação na história das nossas relações. E esse ano, nós completamos 40 anos de relação entre os dois partidos”, exaltou a deputada federal.
Em Pequim, a delegação liderada por Gleisi participou de seminário sobre o fortalecimento da capacidade de governança e os esforços para a modernização nacional. Na avaliação dela, Brasil e China possuem realidades distintas, enquanto países, mas o PT e o PC chinês assumem responsabilidades semelhantes.
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“Tanto o Partido Comunista da China como o Partido dos Trabalhadores têm por objetivo atender os interesses do povo. Colocar o nosso povo para ter desenvolvimento, para ter inclusão, para ter dignidade de vida. E isso requer preparação desses partidos, preparação de formação teórica, de organização, de renovação”, reconheceu a presidenta do PT.
Ascensão chinesa
Segundo o Instituto Sóciocultural Brasil-China, em quatro décadas, cerca de 800 milhões de chineses deixaram a linha da pobreza, o que representa redução de 75% da pobreza global. A World Economics estima que, em 2030, a economia chinesa seja até 40% maior que a dos Estados Unidos.
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“Acho que temos três marcos importantes na China. Esses três marcos mostram a evolução da sociedade chinesa. E, nesse momento, uma evolução para fazer a inclusão e tornar a China um país forte com seu mercado consumidor interno. Essa visão estratégica é muito importante para fortalecer a China. A China fortalecida é uma garantia de um movimento multipolar no mundo”, elogiou Gleisi.
“(Uma garantia) de respeitabilidade entre os povos, de desenvolvimento compartilhado e é isso que nós queremos”, completou.
Relações Brasil-China
Para a presidenta do PT, a confluência de objetivos e a sinergia entre os partidos podem respingar positivamente nas relações Brasil-China, que completam 50 anos em 2024. Os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1974, durante o governo Ernesto Geisel. Foi graças ao presidente Lula, entretanto, que o país asiático se tornou o mais expressivo parceiro comercial do Brasil.
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“Acho que a relação cada vez mais próxima dos partidos pode impulsionar com mais força as relações Brasil e China, como países, na construção de um mundo mais solidário, mais inclusivo, mais compartilhado com os interesses dos povos”, opina a deputada.
Sul Global
O termo “Sul Global” foi cunhado para se referir aos países em desenvolvimento, normalmente com histórico de colonialismo e com estruturas sociais e econômicas que ostentam flagrantes desigualdades, como é o caso do Brasil. A China, por outro lado, vem derrotando as vicissitudes encontradas no Sul Global “sem hegemonismo e sem neocolonialismo”, nas palavras da presidenta do PT.
“Queremos o desenvolvimento independente dos povos, mas compartilhado e solidário”, defendeu. “Me deixa muito contente essa relação com o Partido Comunista chinês, pela visão de que os partidos de esquerda e os partidos progressistas (…) têm que se unir. Para impedir que o movimento de retrocesso da extrema-direita, do fascismo e do hegemonismo voltem à humanidade.”
Da Redação