Pouco antes de deixar a sede da Polícia Federal em Curitiba, onde esteve com Lula por cerca de uma hora, nesta quinta-feira (7), a militante Neudicléia de Oliveira, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), foi surpreendida por um chamado do ex-presidente. “Eu sei que não é muito, mas leve esta comida para todos compartilharem na Vigília”, disse Lula, num gesto de humildade que só os grandes seres humanos são capazes de demonstrar.
Os mantimentos, que haviam sido levados ao ex-presidente por familiares, alimentaram também a alma dos militantes que esperavam ansiosos o retorno de Neudicléia para que lhes confidenciasse a conversa que teve com o ex-presidente. E o recado foi dado em tom de manifesto. “A única luta que a gente perde é a luta que a gente não faz”, declarou Lula, em recado transmitido na íntegra pela militante do MAB – presença constante na Vigília desde o dia 7 de abril de 2018.
Lula também fez questão de reverenciar o papel de todos os movimentos sociais na árdua e interminável resistência criada desde o golpe de 2016, que passa também por sua prisão política e a decisão arbitrária de tirá-lo da disputa eleitoral – e, de certa medida, em todos os grandes episódios de lutas desde a abertura democrática no Brasil. “Ele pediu para que eu desse um abraço em cada sem terra, cada cutista, cada atingido por barragem, cada militante que desde o dia 7 de abril de 2018 está nesta Vigília. Se pudesse, ele mesmo viria aqui beijar cada um de vocês”, confidenciou Neudicléia.
A militante, no entanto, garante que, embora esteja chateado com a situação do país (e também com a sua condição de sequestrado pela Justiça brasileira), Lula está longe de mostrar desânimo. “Ele me pediu para dizer a vocês que, assim como ele, não podemos desanimar. Mesmo com cada novo golpe, cada novo retrocesso, nós temos que resistir. Ele quer que, mais do que gritar Lula Livre, precisamos denunciar a farsa do Judiciário e mostrar que esse mentiroso do Sérgio Moro, do Dallagnoll, que inventaram um crime que ele não cometeu baseado apenas numa convicção.
Por fim, Lula mantém a mesma posição firme desde que iniciou o calvário imposto por um país cuja democracia anda combalida e sob constante ameaça. “Ele novamente garantiu que provará a sua inocência e desafiou o Judiciário para que apresente apenas uma prova contra ele. Lula só sai daqui inocentado e pela porta da frente”, concluiu Neudicléia.
Por Henrique Nunes da Agência PT de Notícias