Em seu segundo dia de visita à França, nesta sexta-feira (23), o presidente Lula participou da Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, discursando no encerramento do evento, onde também se reuniu com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, com o presidente da República Democrática do Congo, Denis Sassou-Nguesso, e com o presidente de honra da France Insoumise, Jean-Luc Mélenchon.
Antes, Lula teve um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron. Esta foi a segunda reunião de Estado entre os dois líderes este ano, depois da bilateral ocorrida na Cúpula Estendida do G7, em Hiroshima (Japão), há pouco mais de um mês.
Lula e Macron conversaram sobre as negociações pelo acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, a guerra na Ucrânia, o combate às mudanças climáticas, a retomada de um intercâmbio cultural entre os dois países e uma parceria estratégica na área de defesa, especialmente em torno do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub), que já entregou um submarino em 2022 e prevê a entrega de outros três até 2025, com transferência de tecnologia francesa.
Acordos mais justos
Em seu discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global, em Paris, Lula cobrou que os acordos comerciais passem a ser mais justos e chamou de “ameaças” as exigências feitas pela União Europeia (UE) para a finalização de um acordo com o Mercosul.
“Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas não é possível. A carta adicional que foi feita pela UE não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer e mandar a resposta. Mas é preciso que a gente comece a discutir”, afirmou o presidente brasileiro.
Lula se referiu à requisição, feita em março passado pelos europeus, de prever sanções a produtos agrícolas brasileiros caso o país não consiga cumprir as metas ambientais estabelecidas no Acordo de Paris. Para analistas, caso o Brasil e os demais países do Mercosul aceitem essa condição, suas exportações ficariam ameaçadas, uma vez que o cumprimento de metas ambientais está longe de ser uma ciência exata.
Na semana passada, Lula fez a mesma crítica à presidenta da Comissão Europeia Ursula Von Der Leyen, ao recebê-la em Brasília. “A premissa que deve existir entre parceiros estratégicos é a da confiança mútua e não de desconfiança e sanções”, disse na ocasião.
Agora, ao lado de Macron, Lula questionou novamente a proposta da UE. “Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional ameaçando um parceiro estratégico. Como é que a gente vai resolver isso?”, observou.
Assista o vídeo com a íntegra do discurso do presidente Lula
Em seu discurso, Lula também se referiu à construção da União Europeia como patrimônio democrático da humanidade. “Depois de duas guerras mundiais, vocês conseguirem construir a União Europeia, conseguirem fazer um Parlamento, conseguirem viver com divergência, mas discutindo as coisas democraticamente, é uma coisa que eu quero para a América do Sul.”
“Queremos criar novos blocos para negociar com a UE. E aí, me desculpem Banco Mundial e FMI [Fundo Monetário Internacional], precisamos rever o funcionamento. É preciso ter mais dinheiro, é preciso ter novas direções, mais gente participando da direção. Não podem ser os mesmos”, completou.
Apoio ao Haiti
Em reunião bilateral, no fim da quinta-feira (22), Lula abriu diálogo com o primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry.
O encontro, parte de uma série de encontros bilaterais do Brasil com parceiros mundiais, foi uma oportunidade de aproximar os dois governantes, trocar impressões sobre a conjuntura mundial e regional e buscar formas de apoio brasileiro em prol da estabilidade, do combate à pobreza e da reconstrução do país caribenho, que ainda sofre os efeitos dos terremotos de 2021 e 2010.
Da Redação, com Palácio do Planalto e EBC