Ao participar do encerramento da 17ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), nesta quarta-feira (5), em Brasília, o presidente Lula celebrou a volta a participação popular na construção das políticas públicas do setor, afirmou que os tempos de negacionismo e descaso com a vida ficaram para trás, elogiou a ministra Nísia Trindade e defendeu o piso nacional da enfermagem.
No início de sua fala, Lula agradeceu o empenho dos profissionais que trabalharam incansavelmente para salvar vidas durante a pandemia de Covid-19, apesar do descaso criminoso demonstrado pelo governo anterior.
“Graças ao SUS, graças a todos os profissionais de saúde, a gente não chegou a 1 milhão de mortos neste país ou mais. O negacionista que governava este país tem que assumir a responsabilidade por pelo menos 300 mil das 700 mil mortes. Porque as pessoas morreram por falta de atenção, por negacionismo, por falta de vacina, por falta de respirador. Isso não ficará impune na história da saúde brasileira”, discursou (assista abaixo).
Piso da enfermagem
O presidente lembrou que nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes tem um sistema de saúde universal como o do Brasil e defendeu melhores salários para os profissionais da rede pública.
“Tem gente que acha que o salário de 4 mil e pouco para uma enfermeira é caro. Mas se esquece que, quando a gente vai para o hospital, o médico faz a consulta, dá o remédio, faz a cirurgia, mas quem cuida da gente o resto do dia é justamente o pessoal da enfermagem. E esse trabalho não pode ser considerado menor”, afirmou.
E anunciou: “Por isso a ministra Nísia tomou a decisão. Ela vai pagar o piso e vai pagar o atrasado desde maio e mais o 13º. Uma sociedade é medida pela qualidade de vida que ela tem e pelo respeito que ela recebe.
Lula também fez questão de elogiar o trabalho de Nísia. “Poucas vezes na vida, a gente teve a chance de ter uma mulher no Ministério da Saúde para cuidar do povo com o coração, como uma mãe cuida dos filhos.”
Por fim, o presidente disse que não só o SUS, como todo o país vaia melhorar nos próximos anos. “Tenho certeza de que vamos mudar este país. As coisas já estão acontecendo. Daqui a pouco, quem come carne vai ter uma picanhazinha na mesa. O preço já está baixando. O óleo, o azeite, o feijão estão baixando. Mas o que precisa não é só baixar os preços, é preciso aumentar o salário do povo brasileiro, para ele viver mais dignamente. Eu estou de volta porque está de volta o povo brasileiro para consertar este país.”
A sociedade volta a participar
A volta das conferências nacionais, seja da área da saúde, seja de outros setores, foi um promessa de campanha de Lula e representa o retorno da sociedade civil na elaboração das políticas públicas nacionais.
Nos últimos dias, em Brasília, mais de seis mil representantes da sociedade civil, entidades, fóruns regionais, movimentos sociais e organizações elaboraram propostas que vão nortear as ações e decisões do governo federal para o SUS nos próximos anos.
A CNS não ocorria desde agosto de 2019, quando foi realizada a 16ª edição, um verdadeiro ato de resistência contra o desmonte do SUS que o governo Bolsonaro já havia iniciado e, infelizmente, se aprofundaria ainda mais nos anos seguintes.
Por isso, o tema escolhido para a conferência deste ano foi “Garantir direitos, defender o SUS, a vida e a democracia – Amanhã vai ser outro dia!”. E, como ressaltou Nísia Trindade, ao falar antes de Lula, “hoje, já é outro dia”.
“É o dia da afirmação da paz contra o ódio, é o dia de afirmação do compromisso do governo liderado pelo presidente Lula com a construção de paz e desenvolvimento. Viva o SUS, viva a democracia, viva a 17ª Conferência Nacional de Saúde”, completou a ministra.
Muito foi feito em seis meses
Em seis meses de governo — e até antes do seu início, com a aprovação da PEC que garantiu recursos neste ano para a área social — o governo Lula já provou que o acesso à saúde gratuita e de qualidade voltou a ser prioridade no Brasil.
Sob o comando de Nísia Trindade, o Ministério da Saúde lançou, por exemplo, o Programa Nacional de Redução das Filas, que conta com R$ 600 milhões para acelerar a realização de cirurgias no SUS em todos os estados.
Também foram retomadas várias iniciativas fundamentais para os brasileiros, como o Mais Médicos, que em sua primeira fase contratou 5.968 profissionais para atuar no interior ou nas periferias das grandes cidades, dos quais 4.107 já começaram a trabalhar.
O governo Lula recriou ainda o Farmácia Popular, com remédios de graça para os beneficiários do Bolsa Família; o Brasil Sorridente, que vai beneficiar mais de 15,2 milhões de brasileiros em 2,6 mil cidades do interior; e as campanhas de vacinação, que já imunizaram 50 milhões de brasileiros contra a gripe.
Da Redação