O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta terça-feira (6), em Goiana (PE), que o Brasil vai voltar a ter crédito acessível para aquecer a economia e se desenvolver. Ele voltou criticar os juros altos praticados pelo Banco Central, presidido pelo bolsonarista Roberto Campos Neto. Lula abordou o assunto ao participar do evento de expansão da produção do Polo Automotivo Stellantis Goiana.
“Esse país vai voltar a crescer, esse país vai voltar a ter crédito, porque não há nenhuma explicação histórica da gente ter o juro mais alto do mundo, 13,75%, quando, na verdade, a inflação está, durante 12 meses, apenas em 4,7%. Para que esse juro tão alto? Quem é que ganha com isso? E quem é que perde? Quem perde nós sabemos que é o povo brasileiro, que é o empresário que quer investir, que é o pequeno e médio empreendedor, que é o pequeno e médio empresário”, disse o presidente.
“São as pessoas que querem tomar R$ 200 emprestados, R$ 500 emprestados para fazer um carrinho para vender cachorro quente, para vender pipoca, que quer montar um salão de beleza, que quer montar alguma coisa”, afirmou. “Ele precisa ter acesso a dinheiro. E ele só pode ter acesso se o dinheiro for barato. Se o dinheiro for caro, as pessoas não tomam dinheiro emprestado porque não podem pagar. Nós temos 72 milhões de brasileiros que estão pendurados no Serasa. Pessoas que fizeram dívidas para comer. Pessoas que utilizaram o cartão de crédito para comer e que agora não podem pagar”, acrescentou.
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Segundo Lula, é “pura irresponsabilidade de um governante que não soube entender a índole do povo brasileiro”. “Eu quero dizer aos empresários desta empresa, a toda diretoria, e quero dizer a todos os trabalhadores: esse país vai voltar a crescer. Esse país vai voltar a ter crédito barato. E esse país vai trabalhar para que o Nordeste seja tratado da mesma forma equânime como os estados do Sul, porque não é justo que o Nordeste seja tratado como segundo primo, ou o primo pobre desse país”, pontuou.
Lula lembrou que, em 2010, quando concluiu seu segundo mandato presidencial, havia R$ 2,7 trilhões disponibilizados para crédito. “Foi por isso que a agricultura familiar cresceu tanto, que o setor empresarial cresceu tanto. Foi por isso que nós geramos 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada. Só metalúrgicos nesse país, nós criamos 1 milhão de empregos para metalúrgicos”, detalhou.
O presidente destacou ainda que, também em 2010, Brasil vendia 3,8 milhões de carros, recorde da indústria automobilística. “E a previsão era que, em 2015, pudesse chegar a 5 milhões ou a 6 milhões de carros. Hoje, o Brasil produz menos de 2 milhões de carros”, disse. “O país andou para trás”, pontuou, associando o problema à queda do poder de compra da população.
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“Nós voltamos para recuperar esse país. Eu posso dizer para vocês, de forma muito categórica: a única razão que eu voltei a me candidatar a presidente da República foi para provar, outra vez, à elite atrasada brasileira que um torneiro mecânico é capaz de fazer o que eles não conseguiram fazer em tantos anos nesse país”, declarou. “O Brasil não merecia passar pelo que passou. O Brasil merecia maior sorte”.
O presidente lembrou também de quando participou do lançamento da pedra fundamental do polo automotivo, junto com o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos. “Hoje, eu vim aqui. Sinceramente, eu fiquei boquiaberto com o que vocês conseguiram fazer em uma cidade do interior deste país. Eu posso dizer a vocês: se depender do nosso governo, essa fábrica vai continuar crescendo, Pernambuco vai continuar crescendo, e o Brasil vai continuar crescendo. É para isso que eu quis voltar a ser presidente da República, para fazer o povo brasileiro voltar a ser feliz outra vez”, afirmou o chefe do governo.
“Continuem acreditando, porque o Brasil será do tamanho que vocês quiserem e não do tamanho que quiser qualquer governante irresponsável. São vocês que vão ditar a regra do jogo, para que este país volte a crescer, e o povo volte a sorrir. Só queremos ter o direito de comprar o que a gente produz”, concluiu Lula.
Reconhecimento
O presidente da Stellantis América do Sul, Antonio Filosa,ao agradecer à presença do presidente, disse que “o senhor foi o grande protagonista que trouxe essa fábrica aqui para Pernambuco”. Ele frisou que “a indústria automobilística sob seu comando estava fazendo um recorde de 3,8 milhões de unidades produzidas e vendidas por ano no Brasil”.
O empresário lembrou que, durante o segundo governo Lula, “todas as fábricas estavam enxergando um mercado de 5 milhões de carros”. Disse ainda que havia dúvidas sobre qual país deveria ser escolhido para abrigar o polo automotivo. Segundo ele, foi em razão do “protagonismo” de Lula que o Brasil foi escolhido para receber o investimento. Filosa destacou que já foram investidos R$ 11 bilhões no polo automotivo.
Da Redação