Partido dos Trabalhadores

Lula nos 38 anos de PT: “Não fizemos tudo, mas ninguém fez mais do que nós”

Ao lado de Gleisi, lideranças do PT, da esquerda e de movimentos sociais em SP, ex-presidente comemora trajetória de luta e resistência do partido forjado na luta e na voz do povo

Ricardo Stuckert

Lula e a presidenta do partido, senadora Gleisi Hoffmann, durante ato pelos 38 anos do PT

Saber a diferença que o Partido dos Trabalhadores fez na vida de dezenas de milhares de brasileiros e brasileiras é um exercício simples, se feito com sinceridade: “É só fechar os olhos por 30 segundos e tentar imaginar o Brasil sem o PT. Nunca antes na história se fez uma revolução social como a que o nosso partido fez, desde as prefeituras até os estados e o governo federal”, lembrou o ex-presidente Lula e pré-candidato à Presidência da República no ato de aniversário dos 38 do Partido, na Casa de Portugal, em São Paulo.

“Certamente não fizemos tudo que a gente tinha que fazer, mas certamente ninguém fez mais que o PT”, afirmou, lembrando nomes de inestimável valor para o povo brasileiro que participaram da sua fundação. São pessoas como  Florestan Fernandes, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Freire, Perseu Abramo, Lélia Abramo, Hélio Pelegrino, Luiz Gushiken e a sempre presente Dona Marisa, que marcaram a história da democracia brasileira e da luta por um país mais justo. 

Na estrela no peito das milhares de pessoas que foram ao centro da capital paulista dispostas a resistir ecoa ainda a voz desses grandes brasileiros, mas não só. Também no reconhecimento público e espontâneo do povo que foi diretamente beneficiado por seus programas e políticas públicas é um dos grandes motivadores que mantém Lula firme na luta.

“O discurso da menina que se formou em Direito na PUC foi como se tivessem passado esponja de aço na minha alma, porque ela disse tudo que queríamos ter dito. Uma brasileira ganhou o maior prêmio de Antropologia do mundo, e eles não perdoam porque ela cita duas vezes o governo Lula”, lembrou o ex-presidente.

Ao seu lado, no ato, compareceram nomes como Fernando Haddad, Celso Amorim, Emir Sader, Paulo Fiorillo, Gilmar Tatto, Eleonora Menicucci, Sergio Gabrielli, Eduardo Suplicy, Márcio Pochmann, Marianna Dias, da UNE, Gilmar Mauro, do MST, Raimundo Bonfim, da CMP, Vagner Freitas, da CUT,  Antonio Carlos Silva, do PCO, Benedita da Silva, Aloísio Mercadante e diversas lideranças e dirigentes do PT, do PCdoB e do PCO.

Militância prestigia celebração pelos 38 anos do partido

Desde o início, não faltaram acusações e perseguições ao partido que ousava ser diferente dos outros, porque forjado e moldado nas vozes do povo brasileiro. “Não faltaram acusações de que o PT era um grupelho, mas mostramos que poderíamos ser como uma família e conviver democraticamente”, lembra o presidente de honra do partido.

Assim, ao longo de seus 38 anos, o partido criado por trabalhadores e trabalhadoras, dirigido por trabalhadores e trabalhadoras, transformou-se em guarda-chuva de correntes e tendências de pensamento. Por isso, pôde trazer cidadania, dignidade e diversidade para a política nacional. “Conheço muitos partidos no mundo e não tem nada como o PT. Não existe nada com a qualidade do PT!”

Se eles conhecessem as pessoas que militam no PT, não diriam a imbecilidade de que o PT é uma quadrilha. É uma pena, mas posso dizer que todos os que me interrogaram são analfabetos políticos!

Lula

É uma pena que os que lideram a campanha golpista para criminalizar e deslegitimar o Partido dos Trabalhadores sejam despolitizados a ponto de não enxergar o brilho de esperança nos olhos de homens e mulheres que viram suas perspectivas de vida radicalmente mudadas. “Se eles conhecessem as pessoas que militam no PT, não diriam a imbecilidade de que o PT é uma quadrilha. Posso dizer que todos os que me interrogaram são analfabetos políticos!”

É por isso que o líder que o PT e o Brasil escolheram para si diz com tranquilidade que as dificuldades do momento não bastam para nos acovardar. “Se minha mãe fosse viva, diria que é uma provação. Estamos sendo testados diante das leis divinas e dos homens”, aconselha.

Com a paz de espírito que só a honestidade é capaz de dar, Lula olha nos olhos de seus acusadores e, mais do que tudo, de milhões de brasileiros e brasileiras e reiterar a perseguição de que é vítima. “Digo que a Polícia Federal mentiu a meu respeito, que a imprensa mentiu, que o Ministério Público mentiu, e que lamentavelmente o Sérgio Moro fez uma sentença mentirosa a meu respeito. Não estou acima da lei, mas estou acima da mentira!”

“Nenhum banqueiro quer que eu dispute as eleições, nenhum jornal quer que eu dispute as eleições. Sabem que, se eu for candidato, só vai sobrar uma vaga para o segundo turno, com a perspectiva de eu ganhar no primeiro!”, afirma, tendo como base diversas pesquisas de intenção de voto, de diversos institutos, que mostram que a preferência por seu nome só sobe.

Não estou acima da lei, mas estou acima da mentira!

Lula

A pedra no sapato do que o acusam é o fato de não terem se preparado para a inocência de Lula e para a garra do ex-presidente, seu partido e seus apoiadores em defendê-la até as últimas instâncias.

“Acho que não estavam preparados para processar um inocente. Acho que a imprensa deveria começar a repensar o que escreveu. Eles não têm noção do crime que estão cometendo contra a democracia neste país, tentando impedir que o melhor presidente tenha o direito de ser candidato!”

O título de melhor presidente, por sinal, não foi criado por Lula, muito menos pelo PT. É dado pelo povo brasileiro e atestado pelo Ibope: Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao último mês de seu mandato com recorde de aprovação e popularidade, impressionantes 87%.

“Até o Temer acha que, se eu não for candidato, ele tem chance”, brincou, mencionando o presidente mais impopular da história do Brasil, cuja aprovação está dentro da margem de erro das pesquisas.

“Bolsonaro cunhou a frase histórica: Temer, você já roubou de tudo neste país. Mas não vai roubar o meu discurso! Alckmin acha que, se eu não for candidato, ele tem mais chance, porque está em terceiro e são duas vagas no segundo turno”, disparou. “Acho que eles estão numa situação mais difícil do que eu…”

O que Lula faz enquanto seus opositores armam para impedir uma candidatura democrática e desejada? “Eu estou só olhando, matutando. Eu tenho dito que ser candidato não é uma profissão de fé, não é algo que o destino traçou. Eu achava que nem deveria mais ser candidato, mas, na situação que o Brasil está, eu quero olhar com orgulho para vocês e dizer que, se tem um candidato para trazer de volta a autoestima, a distribuição de renda, é exatamente este que está falando!”

Nada disso Lula é capaz de fazer sozinho. “Esse partido é diferente. Tem gente diferente!”, comemora. “No meu caso, o Lula não é o Lula, ele não significa nada sozinho. O Lula só tem importância porque temos milhões de Lulas pensando como eu. Eles não querem o Lula falando demais, denunciando, mas vão ter uma surpresa! Podem até vir a prender minha carne carcomida, mas não prenderão minhas ideias. Vocês estão na rua defendendo um país soberano, defendendo um país onde pobre possa ter diploma de doutor, onde o povo possa voltar a ter casa, onde as pessoas possam ter esperança!”

Eu quero olhar com orgulho para vocês e dizer que, se tem um candidato para trazer de volta a autoestima, a distribuição de renda, é exatamente este que está falando!

Lula

Falando diretamente sobre o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) na Operação Lava Jato, Lula foi incisivo: “Eu não vou fugir, eu não vou me matar. Quem quiser me julgar, vai arcar com o preço histórico de julgar um inocente. Não posso admitir que um menino cuja única proeza foi se formar em Direito e estudar três anos para o concurso às custas do pai, um menino que aprendeu a empinar papagaio no ventilador, diga que Lula é ladrão! Ele pode o que quiser, não pode é mexer com a honra de um nordestino!”

Isso porque, se há algo que todo apoiador e militante do PT sabe, é que caráter não se compra, se tem ou não tem. “Eu conquistei a duras penas o direito de andar com a cabeça erguida e não vou baixar. Contem quantas mentiras quiserem. Se quiserem me tirar do jogo, terão que cometer um crime contra a Constituição. O PT não é o Lula, Lula não é só um ser humano, é uma ideia que vocês ajudaram a criar: essa ideia da participação, do trabalho compartilhado, não vai acabar!”

Nos momentos finais de seu emocionante discurso, Lula desejou um feliz aniversário a todos os petistas presentes. “Estamos muito jovens! Eu estarei aqui para comemorar os 50 anos do PT! Mas, se não estiver, certamente os filhos ou netos de vocês estarão. O que importa é que sempre haverá neste país um homem, uma mulher, um negro, um índio, todos defendendo um país mais democrático!”

Lula e a presidenta do PT Gleisi Hoffmann no aniversário do PT

O PT é uma ideia que resiste e vive!

Orgulhosa de liderar o partido que mudou a cara do Brasil, e amplamente celebrada pelo público que nela também se inspira, a senadora e presidenta do PT Nacional, Gleisi Hoffmann, reiterou que o partido está sempre do lado do Brasil.

“Estamos do lado dos interesses sociais, junto dos movimentos, sindicatos e movimentos organizados. Vamos enfrentar, resistir e nos organizar para mudar a realidade do povo brasileiro! Lutamos pela democracia, pelos direitos do povo e nossa soberania. E quem representa tudo isso, é Lula, o próximo Presidente da República!” ­

Em vez de apenas uma festa que lembrasse a trajetória do partido, o aniversário do PT este ano foi marcado por um ato político e democrático, feito para mostrar sua diversidade, sua capilaridade. “Não cabia fazer uma festa em um momento em que o Brasil enfrenta tantos retrocessos”, explicou a senadora.

“Este ato é para reafirmar o nosso compromisso com o povo brasileiro e com o Brasil. Nosso compromisso com as lutas das mulheres, dos jovens, da comunidade negra, indígena. É um ato de resistência e para reafirmar a candidatura de quem vai governar o Brasil a partir de janeiro de 2019”, reforçou.

O PT tem não apenas o direito de lançar Lula, temos a obrigação de sustentar sua candidatura, pela parcela expressiva da população que essa candidatura representa. É nosso dever estar à frente dessa luta!

Gleisi Hoffmann

Gleisi denunciou a perseguição implacável que tem sido perpetrada contra Lula, um homem inocente contra quem não há provas. “Este processo é injusto e eminentemente político, tem como objetivo impedir sua candidatura. Hoje, o Brasil é refém de uma classe dominante perversa, traspassada por privilégios, que não olha para seu povo e não constrói um projeto de desenvolvimento. Uma classe dominante racista, homofóbica, que não quer Lula presidente pois sabe o compromisso que ele tem com o povo brasileiro.”

Na voz da líder do Partido, então, ecoou a voz de milhares de militantes e apoiadores daqueles que já mudaram o Brasil e podem mudar de novo: “Nós não temos medo de vocês! E a injustiça de vocês não vai tirar a nossa força de construir a candidatura de Lula!”

“O PT tem não apenas o direito de lançar Lula, temos a obrigação de sustentar sua candidatura, pela parcela expressiva da população que essa candidatura representa. É nosso dever estar à frente dessa luta!”, convocou.

De modo que é impensável para o PT sequer cogitar um plano B para concorrer às eleições de outubro. A ideia, plantada para disseminar confusão, parece, segundo Gleisi, enxertada por quem não quer a esquerda com um candidato competitivo. Se enganam eles: “É com Lula que vamos!”

Lula participa de ato em comemoração pelos 38 anos do PT

Enquanto houver PT e Lula, eles não vão conseguir massacrar os trabalhadores brasileiros!

Lindbergh Farias

Líder do PT no SenadoLindbergh Farias foi contundente na defesa de Lula e de sua candidatura: “Meu recado é que esse pessoal deveria ter vergonha na cara, deixar de covardia e escolher um candidato para disputar nas urnas com Lula!”

O senador reforçou que o partido e sua militância estão preparados para lutar. “Saibam que não estamos blefando! Eleição sem Lula não existe para a gente. Eleição sem Lula é uma farsa! Não falamos em plano B. Não tem plano B. É plano L!”

É porque a história do PT se confunde com a história dos trabalhadores, e a história de Lula se confunde com a da democracia, que é tão difícil derrotar nas urnas e fora dela as ideias de um país mais justo e de igualdade social embrenhadas na voz das ruas. “Esse partido surgiu de baixo. Foi criado pelos trabalhadores, pelos sem terra, seringueiros, pelas comunidades eclesiais de base, pela juventude. E impressiona o ódio das elites e da Rede Globo contra o PT: Eles sabem que, enquanto houver PT e Lula, eles não vão conseguir massacrar os trabalhadores brasileiros!”

Vamos recuperar a vontade do povo brasileiro bater no peito com orgulho!

Paulo Pimenta

A história, resumiu o líder do PT na CâmaraPaulo Pimenta, reserva a porta do lixo para os facistas. “Aqueles que perseguem a nossa soberania e a nossa democracia serão julgados pela história. Dellagnoll e Moro se sentarão no banco dos réus como traidores, lesa-pátria, golpistas. Nós vamos provar que ele foram treinados e financiados pelos EUA, que querem nosso petróleo, nossa riqueza e o sangue de nosso povo!”

Confiante na luta de seu partido, o deputado federal ressaltou que perseguição alguma será capaz de tirar o orgulho ou esmorecer a luta do petismo. “Vamos vencer novamente, porque estamos do lado da verdade, do povo, da Justiça. Nós construímos a nossa narrativa, não tememos a Rede Globo, não tememos aqueles que nos perseguem! Vamos recuperar a vontade do povo brasileiro bater no peito com orgulho!”

Lula e a presidenta do partido, senadora Gleisi Hoffmann, durante ato pelos 38 anos do PT. Ao fundo, o deputado federal Paulo Pimenta

Assista ao ato com Lula e Gleisi pelos 38 anos de PT!

Por Clarice Cardoso, da Redação da Agência PT de Notícias