Partido dos Trabalhadores

Lula: “Um povo com saúde aumenta a produção do país, aumenta a alegria”

no Conversa com o Presidente desta terça-feira (12), a ministra da Saúde Nisia Trindade fez um balanço das ações da pasta no primeiro ano, com destaque para a reativação do Mais Médicos e o Farmácia Popular

Ricardo Stuckert

O presidente Lula e a ministra da Saúde, Nísia Trindade, durante o Conversa com o Presidente

No programa Conversa com o Presidente desta terça-feira, 12, a ministra da Saúde Nisia Trindade fez um balanço das ações da pasta no primeiro ano do mandato, com destaque para a reativação de programas como o Mais Médicos, com número recorde de 28 mil médicos, e o Farmácia Popular, que alcançou 28 milhões de beneficiados. Ela falou também da retomada das campanhas de vacinação e da parceria com estados e municípios, além da criação de um sistema para diminuir a espera do atendimento por especialistas e a entrega de mais de 1.000 ambulâncias do Samu até 2026.

As ações deste primeiro ano foram de restruturação total diante da gestão anterior omissa, que não cumpriu sua obrigação constitucional de cuidar da saúde da população e tentou desmontar o SUS. O presidente Lula salientou que a ministra plantou sementes que vão dar frutos em 2024 e disse ter certeza de pleno êxito do setor ao final de seu governo.

“O povo pode ter certeza que, ao terminar o nosso mandato em 2026, a saúde vai estar muito melhor do que está agora. O primeiro ano é um processo de reconstrução do que tinha sido desmontado e não estava funcionando. Trouxemos uma equipe especializada coordenada pela Nísia que tem um compromisso histórico com o povo brasileiro. Temos certeza que vamos entregar a saúde num estágio muito melhor para o povo brasileiro”, disse Lula ao lembrar que nos últimos anos o país teve vários médicos ministros da saúde. “Alguns que não entendiam de nada”, pontuou.

A ministra Nísia, segundo ele, vai terminar o mandato fazendo uma gestão exemplar no Ministério da Saúde. “Eu confio nela. O povo vai ter médico e vai ter o remédio que precisa. Um povo com saúde aumenta a produção do país, aumenta a alegria”, salientou, ao citar que 2023 foi um ano de reestruturação em todos os setores do governo.

Diante de casos de pessoas que se arrependeram de negar a vacina após perderem parentes, o presidente foi enfático. “É necessário criminalizar a pessoa que está contando mentira sobre uma questão tão importante que é vacinar o povo brasileiro, sobretudo as crianças. Quando você tem um facínora qualquer que faz propaganda contrária, temos que processá-lo criminalmente porque não tem outra saída para lidar com gente desse tipo negacionista”, sentenciou.

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O governo oferece vacina de graça e o Brasil já foi o país que tinha maior competência de vacinação no mundo. O sistema de saúde torna o Brasil o único país com mais de 100 milhões de habitantes que tem um programa universal como o SUS.

“Ele foi achincalhado durante muito tempo, mas foi na pandemia que o SUS mostrou a sua importância e também o heroísmo de seus funcionários. Tudo isso agora está sendo aperfeiçoado com a contratação de mais gente, melhora de hospitais, ajuda às santas casas e hospitais filantrópicos que estão em situações difíceis”, destacou.

Samu nos quatro cantos do país

Sobre a fila para conseguir atendimentos com especialistas, Nísia afirmou que o ministério criará um sistema de saúde digital para acompanhar todo o percurso do cidadão pelo SUS. “Hoje nós temos recursos tecnológicos e de comunicação para ajudar para que esse cuidado seja melhor”, disse ela.

Um dos grandes desafios, segundo a ministra, são os exames que precisam ser feitos no tempo certo, e o agendamento de cirurgias. “Com certeza vamos avançar e estamos trabalhando para fazer isso de uma maneira a integrar todo o SUS, para que a população se sinta cuidada como precisa”, assinalou.

O povo podre, disse o presidente, não pode ficar esperando meses para ir um especialista. “É preciso que haja recursos para que a pessoa saia do atendimento básico e vá ao especialista mais próximo sem ter que esperar meses porque às vezes a morte chega antes da cura”, salientou, ao falar que em 2023 foram entregues 239 ambulâncias em oito estados.

Com o Novo PAC serão mais 850 ambulâncias, um investimento de mais de R$ 400 milhões até 2026. “Fico emocionado ao fazer as entregas das ambulâncias às prefeituras pois a condição de salvar vidas aumenta muito. É um dos programas que eu fico mais emocionado”, disse ele ao lamentar de casos como o governo do Rio que, por não gostar da gestão federal, ficou mais de oito meses sem utilizar as ambulâncias do Samu.

Farmácia Popular chegou a mais 180 municípios

A ministra informou que há 11 remédios na Farmácia Popular e todos os beneficiários do Bolsa Família recebem esses medicamentos gratuitamente. Além disso, 180 novos municípios das regiões norte e nordeste agora já tem o programa.

A Farmácia Popular é um dos programas mais queridos da população e a nossa ideia é aperfeiçoar cada vez mais. Já são 22 milhões de brasileiros atendidos”, destacou Nísia, ao assinalar o empenho para que as unidades básicas de saúde estejam mais perto da população.

“Estamos ampliando e vamos continuar a ampliar. Havia muitas unidades sem apoio do governo federal que ficaram esperando quatro anos por um processo que se chama habilitação”, denunciou, ao falar da incorporação de vários medicamentos novos este ano para a HIV AIDS.

As ações beneficiaram pessoas com doenças infecciosas e doenças raras, com medicamentos mais acessíveis. “O Farmácia Popular é parte dessa assistência farmacêutica. Para isso o Ministério começou um processo para que o Brasil tenha mais autonomia na produção de medicamentos e equipamentos produzidos dentro do país, para que o SUS seja sustentável”, observou.

Compromisso diante de cenário de desmonte da saúde

“O senhor me convidou e eu senti exatamente essa missão diante de um país que teve um governo que não só não cuidou da população como fez uma péssima gestão da pandemia de covid 19”, salientou Nísia, uma cientista com dedicação de 37 anos à saúde trabalhando na Fiocruz.Ela lamentou a perda de confiança na coordenação que o Ministério da Saúde deixou de fazer nos anos do governo anterior.

“O Brasil é um país continental muito desigual e precisa ter essa coordenação. Encontrei quadros técnicos totalmente desestruturados, pessoas qualificadas que se aposentaram porque não viam condições de trabalhar. E não tínhamos o Programa Nacional de Imunização que fez 50 anos, que é um orgulho”, relatou a ministra. Ela informou que foi necessário remontar muitos quadros porque muitas pessoas saíram e os setores estavam sem condições de funcionar.

Área muito afetada pela pandemia, a saúde mental teve o departamento redimensionado e agora o ministério está estruturando os centros de atenção psicossocial em todo o Brasil, criando centros novos e dando apoio a centros que não tinham nenhum suporte do governo federal.

Ao falar da abertura nesta segunda-feira da quinta Conferência de Saúde Mental, a ministra reafirmou a necessidade de políticas e programas para a área. “O governo está fazendo o fortalecimento da rede de atenção psicossocial. Equipamentos que foram totalmente abandonados no governo anterior e nós estamos investindo recursos. Isso também está no PAC pois houve foi uma demanda maior dos municípios. Este problema é importante, a procura é muito grande”, afirmou.

PEC da Transição garantiu reestruturação mais rápida

A reestruturação da vacinação contra a pólio, sarampo e doenças que voltaram a ameaçar a população foi muito necessária porque não havia estoques. “Tivemos que organizar tudo para o sistema funcionar e isso foi possível graças a emenda da transição, porque o orçamento também estava inviável”, lembrou Nísia, ao falar do aumento da cobertura vacinal, dos planejamentos necessários e das vacinas de HPV para adolescentes que estavam muito baixas no governo passado e tiveram um aumento de 60%.

O Brasil, segundo ela, tinha uma cobertura de 90%, mas as fake news do governo passado tentaram destruir uma cultura de vacinação que vinha desde a década de 1970 com a campanha contra a varíola. Ela lembra que o país criou uma cultura de vacina com o Zé Gotinha, símbolo criado na década de 1990 para facilitar a vacinação infantil e agora retomado.

“Há uma estratégia deliberada de usar falsas informações científicas. Vemos lives em que médicos falam que vacinas podem causar mortes. Tudo fake news sem base científica mas aparecendo como se fosse uma ação científica confundindo a população, daí a importância de informações claras”, reiterou, ao dizer que espera que o Conselho Federal de Medicina tome atitude porque são formas de agir que ferem totalmente a ética médica e geram pânico na população. Para investigar esses casos, o ministério está criando um programa chamado Saúde com Ciência junto com a Secretaria de Comunicação, Advocacia Geral da União e Controladoria Geral da União.

“Vemos muita mobilização na sociedade para mudar isso”, ressaltou ao contar que recentemente esteve com autoridades da área de medicina do Brasil, França Portugal e Estados Unidos num encontro em que foi lançada uma declaração contra a desinformação sobre vacinas. O ministério está organizando um sistema de informação a partir da criação da Secretaria de Informação Digital para que todo o sistema seja informatizado.

Saúde da mulher

A saúde da feminina foi contemplada também no Farmácia Popular com a inclusão de medicamentos para osteoporose e pílulas anticoncepcionais.

“Vamos lançar uma revisão de toda área da saúde materna porque houve piora na pandemia. O Brasil tem alto índice de mortalidade materna e nós vamos trabalhar desde o pré-natal até a parte da atenção hospitalar com o cuidado dessas mulheres”, salientou Nísia. “À medida que melhoram as condições de emprego e renda da população, vamos ter melhor saúde para as mulheres. Saúde não é só ausência de doença”, ressaltou.

Presidente pede comunicação mais ágil com agentes de saúde

O presidente Lula pediu mais divulgação dos programas federais e também uma melhor e mais direta comunicação com os agentes de saúde. “Às vezes nem eles sabem que quem contrata é o prefeito mas quem paga o salário é o governo federal”, disse, ao falar da recuperação da relação com estados e municípios “que estavam se virando sozinhos”.

A ministra falou da importância da formação dos agentes comunitários de saúde, que são 180 mil em todo o Brasil e são profissionais que vão a campo, fundamentais em várias frentes de ação.

Da Redação