Seguir a disputa no campo das ideias e continuar com o povo nas ruas. Para os artistas, intelectuais e lideranças políticas que participaram da Jornada pela Democracia na noite de segunda-feira (14) em São Paulo, essa é a chave para continuar enfrentando os sucessivos ataques ao direitos da população e contra a prisão política e arbitrária do ex-presidente Lula.
No centro do debate também está a mobilização permanente pelo direito de Lula ser candidato na eleição de outubro, já que todas as pesquisas apontam que a maior parte da população quer vê-lo de novo no posto mais alto da política nacional.
O ex-prefeito de São Paulo e coordenador do Plano Lula de Governo, Fernando Haddad sabe que o único projeto dos adversários do ex-presidente é tirá-lo da disputa eleitoral, já que não possuem qualquer ideia ou proposta para tirar o Brasil da crise.
“A primeira vez que eu ouvi falar do nome Lula eu tinha 15 anos. Eu pensei: quem é esse cara? Daí eu me meti em política estudantil e entendi o que era o PT e o que significava o Lula para o Brasil. Às vezes eu acreditava que seria impossível Lula chegar à presidência. E isso aconteceu e o resto da história todo mundo sabe”, lembrou.
Sobre o atual momento político do país e os constantes ataques à democracia, Haddad diz acreditar que a verdade prevalecerá em breve. “Quem é que vai acreditar nessa história no futuro? Talvez agora tenha gente que acredite porque grande parte da imprensa tem colaborado para isso. Se esses caras impedirem o Lula de se manifestar em julho do ano que vem quem for eleito estará em queda livre. Eles não têm projeto. O que eles querem? Ganhar na marra?”, questionou.
Na visão do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), “a única pessoa que pode reconciliar o Brasil chama-se Lula”. Segundo Teixeira, “nestes 30 e poucos dias em que Lula está como preso político em Curitiba muita gente fez muita coisa boa. E agora vamos repensar os próximos 30 dias e assim por diante”.
“A Jornada pela Democracia é uma ótima oportunidade para aprimorar o nosso debate. Vamos continuar dando uma resposta à altura porque o lugar que a gente quer que o Lula fique é no Palácio do Planalto”, concluiu o parlamentar.
A luta, no entanto, não tem sido fácil, uma vez que os inimigos contam com o apoio de setores do judiciário, das forças de segurança e de grande parte da mídia hegemônica. Como sintetizou o escritor Raduan Nassar, “quem defende o estado democrático de direito está correndo risco de perder a sua liberdade”.
“Levando em conta as arbitrariedades do Ministério Público e do Supremo Tribunal Federal (STF), como se isso não bastasse as forças mais poderosas do país estão agora tomando as decisões em relação à política. Seja como for Lula estará sempre presente. Seja como for, Lula livre. Lula presidente”, concluiu Raduan.
A guerra contra o golpe, portanto, também terá de ser pela informação, elemento essencial para desmascarar as arbitrariedades do judiciário brasileiro corroboradas pela mídia hegemônica. E uma das grandes fontes para entender a história recente do país é o documentário “O Processo”, de Maria Augusta Ramos, cuja estreia nacional acontece na quinta-feira (15). A diretora, aliás, esteve no evento e falou da reação do público durante a exibição do filme em festivais e pré-estreias.
“Em todos os lugares em que ‘O Processo’ foi exibido a reação tem sido muito positiva. Algumas pessoas se surpreendem com a verdade e isso é sempre positivo. E é importante que o filme esteja levando a verdade sobre o lado mais farsesco do golpe. Eu espero que o filme contribua para a nossa luta a favor da democracia e contra este golpe nefasto”, contou Maria Ramos.
Lais Bodanzky, também cineasta, concorda. “A narrativa é muito importante. É a que fica. É a que a gente vai passar para as próximas gerações. Então temos que tomar cuidado com o que a gente fala no presente. A gente tem que estar munido de informação. O tempo passa e a história vai se apagando. Por isso temos sempre que relembrar o que está acontecendo no momento e o filme cumpre este papel. Por isso acredito que a jornada pela democracia na verdade é eterna. A democracia é um exercício diário”.
Laís também lembrou que, dentro da luta pela informação, está a busca por novas fontes. “Nós temos que formar e impulsionar e incentivar a produção da mídia livre. Porque a mídia tradicional já assumiu um lado e este lado tem a clara intenção de tirar o Lula do jogo. Na hora que ele nos lembra que agora é uma ideia. Agora a gente tem que pulsar esta ideia. Agora e sempre a ideia é Lula Livre”, clamou a diretora.
Tata Amaral, também cineasta e militante das causas populares desde a juventude, lembrou de quando se deparou pela primeira vez com a força popular do ex-presidente. “Em 1979 eu militava no movimento estudantil, fiquei grávida pela segunda vez, era muito jovem, eu fui para as greves para prestar apoio ao movimento sindical em São Bernardo do Campo”, relembra.
“Aquilo era um sinal de democracia. Apesar de ser proibido greve e os sindicatos em intervenção eu pude ver a liderança do Lula que eu só tinha ouvido falar. Eu vi Lula ser carregado nos braços do povo.”
Tata também se mostrou preocupada com o futuro da democracia brasileira. “Eu lembro que eu e meu companheiro da época tínhamos uma esperança enorme de ver a democracia no Brasil. A gente formulou um voto eu e meu companheiro que a nossa filha tivesse a vida toda numa democracia. E hoje eu, dois anos após o golpe, começo a me questionar se ela terá uma vida longa em democracia”, lamenta.
Quem também se mostrou indignado pela perseguição política armada contra Lula foi Dom Angélico Sândalo Bernardino. “Metade do golpe consiste em impedir a participação eleitoral de Lula. A sua prisão é um desserviço terrível à causa do povo brasileiro”. O religioso, no entanto, se mostra otimista e pede paz ao Brasil. “De esperança em esperança, vamos adiante”.
Da redação da Agência PT de notícias