Os ataques de Jair Bolsonaro ao principal banco de desenvolvimento do Brasil, o BNDES, não se limitou às fake news de que empréstimos feitos durante os governo Lula e Dilma eram irregulares. Esse, aliás, nem foi a mais grave das ofensivas, denunciou o ex-ministro da Economia Guido Mantega, em entrevista à TvPT nesta segunda-feira (30).
“O triste é que este governo paralisou o BNDES. De certa forma, ele privatizou o BNDES porque o BNDES incomodava os bancos privados, que queriam emprestar com taxas de juros mais elevadas”, afirmou Mantega (assista ao trecho abaixo e à íntegra da entrevista no fim desta matéria).
Para favorecer as instituições financeiras particulares, o governo Bolsonaro reduziu os empréstimos, forçando os brasileiros a se sujeitarem a taxas de juros mais altas.
“O BNDES está fora de ação. Você imagina que, em 2014, ele emprestou R$ 230 bilhões para pequenas, médias e grandes empresas. E, hoje em dia, ele está emprestando R$ 50 bilhões, R$ 60 bilhões, ou seja, uma cifra irrelevante. Ele foi imobilizado, ele foi privatizado sem que fosse vendido”, explicou o ex-ministro.
LEIA TAMBÉM: Entenda por que o BNDES financiou obras em outros países
Segundo Mantega, o mesmo foi feito com outro bancos públicos. “A mesma coisa aconteceu com o Banco do Brasil também. O Banco do Brasil só visa lucro, cobra taxas de juros tão elevadas quanto as dos bancos privados, a Caixa Econômica a mesma coisa. Então, eles privatizaram a gestão desses bancos.”
Com esse tipo de política, que se repete em outras empresas públicas, como a Petrobras, que passou a ser gerida com a lógica de empresa privada, quem perde é o país, que vê tanto o apoio às empresas quanto os investimentos em infraestrutura despencarem.
Os resultados são terríveis para a economia, indo de estradas sem manutenção até a fraca geração de empregos. Por isso, é crucial derrotar o governo Bolsonaro e interromper sua política econômica, que trava o desenvolvimento do país, defendeu Mantega.
Apoio a pequenos empresários
O ex-ministro elogiou o plano de Lula de fazer com que o BNDES estimule o empreendedorismo, dando mais atenção a pequenas empresas. “Cinquenta por cento de todos os financiamentos do BNDES em 2014 e 2015 eram para micro, pequenas e médias empresas. Isso é muito importante porque essas empresas são responsáveis por mais de 50% dos empregos do país”, informou Mantega.
Infelizmente, esse processo foi interrompido, ressaltou. “Num eventual novo governo do presidente Lula, então, ele vai aprofundar essa tendência de financiar mais essas pequenas e médias empresas”, antecipou.
Da Redação