O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está em maus lençóis. As chances de sua reeleição em novembro estão cada vez menores. Nesta quinta-feira, 30 de julho, saiu o PIB do segundo trimestre estadunidense, revelando um encolhimento de 32,9% da atividade econômica, ampliando as dificuldades dele seguir à frente da Casa Branca.
Trump está em queda livre nas pesquisas, com o candidato democrata Joe Biden liderando com mais de 15 pontos de vantagem a corrida presidencial, de acordo com as últimas pesquisas. O pior ainda pode estar por vir, diante do quadro de descontrole da pandemia nos EUA, que já fez 4,4 milhões de infectados pelo Covid-19 e matou 151 mil americanos.
Trump já pode ser chamado de ‘Bolsonaro do Norte’, depois de evitar medidas de isolamento social no início da pandemia, que poderiam levar a algum tipo de controle sobre a propagação da doença nos Estados Unidos. Seu esforço em reabrir de maneira prematura a economia, ampliou a insegurança sanitária.
O Covid-19 continua se espalhando velozmente pelos EUA, numa segunda onda de contágio preocupante. Pior. Os efeitos da pandemia já ceifaram 17 milhões de empregos no mercado de trabalho dos Estados Unidos, ampliando os riscos sociais de tragédia sem precedentes na América. Agora, o Congresso discute um novo pacote de ajuda financeira de US$ 1 trilhão para famílias e empresas depois de ter sido aprovada proposta que injetou nada menos que US$ 2 trilhões na economia em março, embora nem todas as pequenas e microempresas tenham tido acesso a auxílio e crédito.
Uma queda histórica
A queda repentina da atividade econômica no último trimestre excedeu em muito o recorde anterior da história dos Estados Unidos. A última contração dramática da economia ocorreu em 1958. Os dados do PIB dos EUA são registrados desde 1947. Segundo a agência Reuters, a maior parte das perdas históricas nos dados da produção de bens e serviços da América ocorreu em abril, quando a atividade cessou depois que restaurantes, bares e fábricas fecharam para conter a disseminação do coronavírus.
As perspectivas de uma retomada da economia americana não são boas. “Os norte-americanos não estão se comportando bem em termos de distanciamento social, a taxa de infecção é inaceitavelmente alta e isso significa que o crescimento econômico não conseguirá ganhar força”, disse à Reuters o professor Sung Won Sohn, que leciona finanças e economia na Loyola Marymount University, em Los Angeles.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, a recuperação do mercado de trabalho pode ter parado, com partes do sul e oeste dos EUA renovando as restrições às atividades comerciais e de consumidores na esperança de conter o surto de Covid-19. O Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, alertou na quarta-feira, 28 de julho, que o destino da maior economia do mundo “dependerá significativamente do curso do vírus”.
“A economia ainda está muito deprimida por causa do vírus fora de controle, e o vírus está ficando cada vez mais fora de controle”, lembra Aaron Sojourner, professor de economia da Universidade de Minnesota. Ex-economista sênior do Conselho de assessores de Barack Obama, na Casa Branca, Sojourner se mostra pessimista, conforme relato do Financial Times: “Se essa tendência continuar, não há razão para não perdermos os ganhos que obtivemos nos últimos dois meses e até ver coisas piores no futuro”.
Da Redação, com agências internacionais