Trump oficializa abandono a Bolsonaro: “Brasil vive surto”

Em coletiva de imprensa, presidente americano compara situação crítica brasileira a de outros países sul-americanos e sugere suspensão de voos procedentes do Brasil. País registra mais do que o dobro do número de óbitos de toda a América do Sul

O presidente Donald Trump, ao lado do par brasileiro, Jair Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro fez questão de copiar o ídolo americano, Donald Trump, ao desdenhar do potencial de letalidade do coronavírus. Agora, como a América de Trump, o Brasil vive a tragédia de enterrar 5 mil vítimas, superando a China. Ao colher em casa o resultado de sua negligência, no entanto, Trump decidiu abandonar o “aliado” brasileiro. Em coletiva ao lado do governador da Flórida, Ron DeSantis, na terça-feira (28), o líder americano afirmou que o Brasil vive um surto e que tomou um rumo diferente ao de países vizinhos no combate ao Coronavírus.

Ao lado de DeSantis, Trump sugeriu a suspensão de voos do Brasil, uma demonstração do real valor que dá ao alinhamento cego promovido pela devotada diplomacia brasileira. Depois de ouvir do governador da Flórida que ele ainda não considerava a suspensão de voos, mas a possibilidade da aplicação de testes em passageiros pelas companhias aéreas, Trump pediu ao governador que o avisasse se mudasse de ideia. “O Brasil tem um surto sério, como vocês sabem. Eles também foram em outra direção de outros países da América do Sul”, Disse Trump. 

“Se você olhar os dados, vai ver o que aconteceu infelizmente com o Brasil”. Depois, lacônico, ensaiou uma torcida ao país: “acho que eles vão ficar bem, eu espero que eles fiquem bem. Ele é muito amigo meu, o presidente [Jair Bolsonaro]”, disse o “muy amigo” norte-americano.

A avaliação do presidente tem respaldo na realidade. O Brasil registra mais do que o dobro do número de óbitos de toda a América do Sul. Pela última atualização, 5.083 pessoas morreram no país, ante a 2.497 nos países vizinhos. Uruguai tem 15, Paraguai, 9. Argentina e Chile registraram 207 e 216 mortes, respectivamente.

Mesmo países com maiores índices encontram-se abaixo dos quatro dígitos: Peru (854) e Equador (871). Só o Estado do Rio, cujo sistema de saúde encontra-se em colapso, tem mais mortos do que a Colômbia, que tem 259, e a Venezuela, que conta apenas 10 mortes.

Em comunicado na internet, a Embaixada dos Estados Unidos já aconselhou a norte-americanos que estão no Brasil que providenciem logo seus retornos, advertindo que o número de voos que saem de São paulo – atualmente em apenas nove – pode diminuir ainda mais. Como quem levou uma bolada na cara, Bolsonaro “rebateu” o comentário do americano. “Eu não concordo com nada nem discordo. O que ele [Trump] achar que tem que fazer no país dele, ele faz”, comentou.

Da Redação

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