Reunidos desde o dia 13 de julho em Tóquio, no Japão, sindicalistas do Brasil e de países da América Latina, ao lado de representantes sindicais japoneses, manifestaram solidariedade ao ex-presidente Lula, preso político desde o dia 7 de abril, em Curitiba, no Paraná.
Em todas as atividades do intercâmbio internacional, organizado pela Japan International Labour Fundation (Jilaf), fundação ligada à Rengo, a Confederação Japonesa de Sindicatos, a palavra de ordem é Lula livre.
O encontro, que se estende até o dia 20 deste mês, conta com debates, trocas de experiências acerca do mundo sindical e visitas a órgãos públicos.
O secretário de Relações Internacionais da CUT, Antonio Lisboa, conta que a perseguição contra o ex-presidente é sentida mundo afora pela classe trabalhadora e por organizações progressistas de diversos países.
“Existe um sentimento coletivo de profunda injustiça. Lula hoje está preso porque querem evitar que ele volte a governar o país, já que ele representa um caminho diferente do que outros países do mundo têm tomado, de maior concentração de renda, desigualdade, exploração e avanço do neoliberalismo”, ressalta o dirigente, que nos últimos seis meses participou de atividades nos EUA, Inglaterra, Suíça, Bélgica e Portugal denunciando o golpe no Brasil.
Na avaliação de Lisboa, é impossível vencer um golpe, seja ele militar ou judicial, como o que aconteceu no Brasil, se não houver apoio internacional. Ele exemplifica sua observação com a prisão, na África do Sul, de Nelson Mandela, que também foi vítima de lawfare, que é a perseguição e manipulação dos fatos por meio de instrumentos legais.
“A nossa luta é pela liberdade de Lula e para que ele possa concorrer às eleições presidenciais, mas, ao mesmo tempo, é em defesa da democracia. Lula representa um símbolo da emancipação da classe trabalhadora. Ele é um antídoto contra a elite tradicional brasileira, que é preguiçosa, mesquinha e aproveitadora”, conclui Lisboa.
A secretária de Comunicação da CUT São Paulo, Adriana Magalhães, que também participa do intercâmbio, reforça que a denúncia sobre a prisão política de Lula e os retrocessos vividos pela classe trabalhadora brasileira pós-golpe 2016 tem tomado conta dos debates.
“Denunciamos a todo o momento o golpe no Brasil, o desmonte das empresas públicas, das políticas trabalhistas e sociais e a taxa de desemprego que só aumenta. E falamos sobre a importância das eleições em 2018 para que possamos revogar a nova legislação trabalhista e retomar o projeto desenvolvimentista no Brasil. Sabemos o projeto de país que queremos”, afirma.
Segundo Adriana, que é também dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, a experiência tem permitido, ainda, entender a forma de organização do movimento sindical japonês em temas como negociações e mortes por excesso de trabalho.
Além dos sindicalistas brasileiros, participam do intercâmbio representantes sindicais mexicanos, chilenos e argentinos. O secretário-geral do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Leandro Oliveira, também faz parte da delegação que representa a CUT no intercâmbio no Japão.
Por CUT