O Brasil vive o maior colapso sanitário e hospitalar da história. A conclusão é do Observatório Covid-19, grupo que reúne 85 cientistas ligados a 28 instituições de pesquisa do país, incluindo Fiocruz, USP e Unicamp. Para os especialistas, que analisam os dados fornecidos pelas secretarias de Saúde dos estados, do DF e das capitais, a situação é “gravíssima” e “extremamente crítica”.
Em seu boletim mais recente (clique aqui para ler), a equipe alerta que, das 27 unidades da Federação, 25 estão com taxas de ocupação de leitos de UTI para adultos infectados iguais ou superiores a 80%. Em 14 estados e no Distrito Federal, a taxa de ocupação supera 90%. O drama se repete nas capitais: 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou superiores a 80%, sendo que, em 19 delas, o índice ultrapassa 90%.
O documento aponta, ainda, que o cenário se torna mais preocupante porque a doença não para de avançar no país. O número de casos cresce a uma taxa de 1,5% ao dia, e o número de óbitos aumenta em 2,6% ao dia. “Esse crescimento certamente vai gerar uma grande quantidade de casos graves, que exigem internação, num momento em que os hospitais apresentam sinais de superlotação”, alertam os pesquisadores, preocupados também com a sobrecarga que recai sobre os profissionais de saúde.
20% das mortes no mundo
Com esse rápido aumento de casos e óbitos, resultado direto da política genocida adotada pelo governo de Jair Bolsonaro, o Brasil se tornou o lugar onde mais se morre por Covid-19 no mundo. Após ultrapassar os Estados Unidos na média móvel de mortes, o país concentra hoje 20% dos óbitos que ocorrem no planeta.
O país deve chegar, ainda esta semana, à marca de 3 mil mortes em apenas 24 horas. Na terça-feira, foi registrado o número recorde de 2.842 óbitos em um dia. Só em São Paulo, 77 pessoas morreram à espera de uma UTI.
Mesmo assim, o governo federal, por meio do novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fala em dar continuidade ao péssimo trabalho realizado pelo general Eduardo Pazuello. E o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), tem a coragem de dizer que a situação do Brasil é “até confortável”.
Exemplo de Araraquara (SP)
Para os especialistas do Observatório Covid-19, é preciso adotar, urgentemente, medidas que o governo Bolsonaro tem sabotado desde o início da pandemia. Eles defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, incluindo restrição às atividades não essenciais e lockdown nos casos mais graves, ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.
O relatório destaca, como exemplo a ser seguido, o município de Araraquara (SP), onde o prefeito Edinho Silva (PT), conseguiu reduzir a transmissão de casos e óbitos, protegendo a vida e saúde da população. “O município de Araraquara é um dos exemplos atuais de como medidas de restrição de atividades não essenciais podem não só evitar o colapso ou mesmo prolongamento desta situação nos serviços e sistemas de saúde, resultando na redução da transmissão, casos e óbitos, protegendo a vida e saúde da população”, concluem os pesquisadores.
Da Redação, com Agência Fiocruz e UOL