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Omissão de Bolsonaro gerou maioria das mortes no Brasil, diz OMS

Relatório que investigou a resposta de países à pandemia de Covid-19 condenou líderes por terem rejeitado a ciência e negado a severidade da crise, gerando consequências mortais

Foto: Michael Dantas

"Nicaragua, Brasil, Estados Unidos e Reino Unido estão entre os países que receberam críticas por não terem adotado medidas adequadas, ou atrasos na adoção das mesmas, o que se reflete em casos de rápida escalada e altas taxas de mortalidade”, diz um trecho do texto que gerou o relatório.

O Brasil desponta como um dos países que mais causaram contaminações e mortes por coronavírus no mundo, aponta um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o documento do Painel Independente, que analisou a resposta de lideranças mundiais à pandemia de Covid-19 por um período de oito meses, o negacionismo e a falta de coordenação como os de Bolsonaro geraram a catástrofe sanitária mundial. No Brasil, a pandemia já ceifou a vida de mais de 425 mil brasileiros.

“Nicaragua, Brasil, Estados Unidos e Reino Unido estão entre os países que receberam críticas por não terem adotado medidas adequadas, ou atrasos na adoção das mesmas, o que se reflete em casos de rápida escalada e altas taxas de mortalidade”, diz um trecho do texto que gerou o relatório.

O estudo mostra que o Brasil, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, época que Henrique Mandetta era ministro da Saúde, não fez nada para preparar o país para a chegada do surto. A ex-presidente da entidade Médicos Sem Fronteira e uma das coordenadoras do estudo, Joanne Liu criticou o governo de Bolsonaro, relatando que o negacionismo dificultou o enfrentamento da pandemia no país, apesar dos esforços de quem estava na linha de frente.

De acordo com o levantamento, países com líderes cujo atuação foi marcada pelo negacionismo geraram “consequências mortais”.  O relatório conclui ainda que o mundo não está pronto para um evento das proporções do surto, caso seja atingido por uma nova pandemia, e critica governos e a própria OMS.  “O mundo também deve se preparar urgentemente para evitar que um futuro surto se torne uma realidade”, diz o documento. 

O estudo aponta que a organização deveria ter avisado o planeta antes da data do anúncio que alertou o mundo sore uma nova pandemia, no dia 11 de março de 2020. “Esse desastre poderia ter sido evitado”, criticou a ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark, que liderou a pesquisa.

Chernobyl

Clark advertiu que o planeta vive seu momento Chernobyl. Faz-se urgente, portanto, a união em torno da criação de uma nova ordem internacional, baseada em acordos multilaterais que incluiria a fundação de um Conselho Global de Ameaças à Saúde.

O conselho teria poderes para exigir respostas e responsabilizar países por eventuais omissões. Também seria criado um fundo de até U$ 100 bilhões para gerenciar futuras pandemias.

Apesar de não citar nominalmente o Brasil ou outro país em específico, Clark apontou o dedo para líderes para responsabilizá-los por “terem desvalorizado e rejeitado a ciência, negar severidade, demorar para responder e ter vendido desconfiança a seus cidadãos”.

Investigando a OMS

Segundo o colunista Jamil Chade, do UOL, uma das ironias trazidas pelo resultado do estudo é que a investigação sobre a atuação da OMS foi imposta pelo então presidente Donald Trump, que em 2020 estava em pé de guerra com a entidade. A ofensiva foi apoiada pelo governo brasileiro.

A OMS topou, mas decidiu fazer uma ampla cobertura sobre a resposta  ao surto, cobrindo a organização mas também os governos mundiais, incluindo os EUA e o Brasil.

Da Redação, com informações de UOL