Enquanto a população brasileira paga com a própria vida pela atuação criminosa do governo Jair Bolsonaro na crise sanitária do novo coronavírus, o país simplesmente não tem vacinas para imunizar a população, como admitiu o próprio ministro da Saúde Eduardo Pazuello.
Em carta endereçada à China, o governo engoliu o próprio orgulho – após inúmeros ataques de Bolsonaro ao povo chinês desde que tomou posse – para pedir 30 milhões de doses da Sinopharm. Em meio ao caos, o país segue batendo recorde de mortes por Covid-19, resultado da política genocida do presidente. Nesta terça-feira (9), foram registrados 1.972 óbitos, mais um número estarrecedor de vítimas fatais em 24 horas.
O país já passou dos 48 dias com mais de mil mortes por dia, totalizando 268.568 óbitos e 11,1 milhões de casos. Agora, o Brasil superou os EUA em vítimas fatais diárias pela quinta vez. Só no mês de março, 13.550 brasileiros morreram, de acordo com o consórcio de veículos de imprensa.
A pandemia vem devastando as regiões mais empobrecidas, cujas populações estão à própria sorte desde o fim do auxílio emergencial. “É uma situação muito complexa, mas isso ficou mais exposto nos países onde tem falta de estrutura de bem-estar social – não apenas sistema de saúde, mas de apoio para aquelas populações vulneráveis e, principalmente, com um número muito grande de vulneráveis”, considera o professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Airton Stein, em depoimento ao ‘G1’.
Explosão de novos casos
A média móvel de casos na última semana foi de 68.167 novas infecções por dia, o maior número desde o início do surto. Além disso. Nada menos do que 21 estados registram alta na média de mortes ao mesmo tempo em que 80% dos leitos de UTI estão ocupados em 25 unidades federativas.
Segundo a carta assinada pelo secretário-executivo da Saúde, Antônio Elcio Franco Filho, no quadro atual de escassez de vacinas, a campanha nacional de imunização corre o risco de ser interrompida. “Por conta disso, o Ministério da Saúde vem buscando estabelecer contato com novos fornecedores, em especial a Sinopharm, cuja vacina é de comprovada eficácia contra a Covid-19”, diz o documento.
O cenário é resultado direto da incompetência de Pazuello e da negligência de Bolsonaro. Segundo levantamento do UOL, de 13 vacinas em avaliação para uso emergencial na Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil ignorou seis. São elas: Ad5-nCoV, do laboratório chinês CanSino, Sinopharma – que só agora entrou na lista de preferências do governo – a americana Novavax, a russa EpiVacCorona e as chinesas Zhifei Longcom e IMBCams.
Soma-se à política de sabotagem de Bolsonaro a rejeição a 70 milhões de doses da Pfizer, oferecidas em agosto, e a decisão de obter apenas 10% da cobertura vacinal da Covax, consórcio comandado pela OMS, quando poderia ter optado por 50%. Sem contar o imunizante russo Sputnik V, amplamente reconhecido na Europa por sua eficácia acima de 90% contra a doença.
No início da semana, Bolsonaro iniciou um movimento para acelerar a aquisição de vacinas quando percebeu que sua popularidade vem derretendo, resultado do aumento da percepção geral de que sua gestão é uma catástrofe. Ele reuniu-se com representantes da Pfizer para tentar entregar 14 milhões de doses do imunizante americano no primeiro semestre. Sinal de que o cálculo político de negar ofertas dos laboratórios, lá atrás, mostrou-se um tiro pela culatra.
Da Redação, com informações de UOL’, ‘G1’ e ‘El País’