Sem vacina, Bolsonaro vai atrás de droga sem eficácia comprovada

Em viagem inútil, comitiva brasileira está em Israel para conhecer spray nasal que não tem estudos concluídos nem sobre primeira fase de testes

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Com o país no fim da fila da vacinação mundial contra a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro aposta no diversionismo para escapar da crescente pressão de governadores para que a população seja imunizada com urgência. Em mais um fiasco global, no fim de semana, Bolsonaro enviou uma comitiva chefiada pelo ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo para Israel. O objetivo: conhecer um novo remédio contra a doença que está em estudos preliminares no país.

A nova candidata a cloroquina, o spray nasal EXO-CD24, é utilizada para tratamento de câncer de ovário. Tratada pelo presidente como milagrosa para combater a Covid-19, a droga não tem estudos concluídos nem da primeira fase de testes.

Na inútil viagem brasileira, Araújo submeteu o país a mais um vexame diplomático ao ser repreendido por não usar máscara. No domingo (7), ao lado do chanceler Gabi Ashkenazi, durante uma cerimonia oficial, o ministro recebeu uma advertência antes de posar para uma foto. Um oficial de chancelaria pediu que ele colocasse a máscara antes de se aproximar de Ashkenazi. Para piorar, a comitiva de dez pessoas, que também inclui Eduardo Bolsonaro, não recebeu autorização para visitar os centros de pesquisa que trabalham no desenvolvimento do medicamento, ficando confinada no hotel.

Ciente da completa falta de propósitos da missão brasileira, o subprocurador-geral do Ministério Público Lucas Furtado chegou a apresentar uma representação ao Tribunal de Contas da União (TCU) com pedido de liminar, para que “seja determinada a suspensão da viagem dos agentes públicos a Israel, até que o TCU avalie a pertinência e aderência da motivação que embasa a decisão acerca dessa missão internacional”.

“O alto escalão do Itamaraty passou a última semana organizando uma viagem que tinha como único propósito alimentar o delírio negacionista”, criticou o pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento e doutor em ciência política pela Universidade de Oxford, Mathias Alencastro, em coluna na ‘Folha de S. Paulo’. “Durante esse período, morreram 10 mil brasileiros. A sociedade quer saber como esses diplomatas conseguem dormir à noite”, condenou.

Ameaça internacional

O agravamento do quadro da pandemia no Brasil, com a livre circulação de novas variantes do vírus da Covid-19, tornou-se a maior ameaça aos esforços globais para derrotar a doença. Autoridades dos EUA acompanham com preocupação a evolução do surto no país. 

“Há uma sensação de alarme sobre a natureza não controlada da pandemia no Brasil e o ritmo lento da vacinação – especialmente agora que o Brasil é a fonte de uma nova e preocupante variante da covid-19”, disse  a integrante do Brazil Institute do Centro de Estudos Wilson Center, em Washington, Anya Prusia, ao ‘Estadão’.“ A atenção aqui está voltada para a disseminação dessa cepa mais contagiosa, a P.1, que se originou em Manaus.” 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar não haver ainda não registro de transmissão comunitária, 13 casos da variante já foram detectados nos EUA. “Enquanto a pandemia continuar a crescer, ninguém estará a salvo”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, referindo-se ao Brasil.

Da Redação, com informações de ‘Folha’ e ‘Estadão’

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