A secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, participou nesta terça-feira (6) do Jornal PT Brasil, em edição especial aos 44 anos do partido. Na entrevista, ela destacou a importância das mulheres na construção diária da legenda, o legado dos governos do PT no avanço dos direitos das mulheres, e explicou um pouco sobre o trabalho da SNMPT para a ampliação da presença feminina nas câmaras municipais e nas prefeituras.
Moura também apontou os desafios para eleger mais mulheres do campo progressista e de esquerda em 2024.
Ela lembrou que muitas companheiras estiveram presentes na construção e fundação do partido, estando muitas vezes atuando nos bastidores. Embora em muitas fotos apareçam a presença majoritária de homens, sempre houve muitas mulheres atuando na criação do PT.
“Sem sombra de dúvida nesses 44 anos do nosso partido, as mulheres estiveram lado a lado participando dessa construção. Mesmo não estando registradas nas fotografias da época, as mulheres sempre atuaram na defesa e na disputa de ideias do partido”, observou.
“Não por acaso, o nosso partido é vanguarda na luta pela presença das mulheres nos espaços políticos, foi o primeiro partido a propor os 30% na direção e depois a paridade. É claro que ao longo do tempo a gente foi reafirmando o nosso lugar, aumentando a presença política também nas disputas, mas sem dúvida nenhuma sem as mulheres não haveria o partido dos trabalhadores e das trabalhadoras”, relembrou.
Legado dos governos do PT no avanço dos direitos das mulheres
Moura destacou que em todas as gestões petistas as mulheres foram colocadas como prioridade, bem como a luta e a presença das mulheres pela ampliação de políticas públicas. Para ela, a partir desses acúmulos de experiências, os governos do PT sempre saíram na frente, colocando secretarias com status de ministério, criando conselhos, e fortalecendo os espaços estratégicos para fortalecer a mulher nas disputas políticas.
“A gente chega nesse primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula com algo mais consolidado, mais redondo daquilo que a gente foi perdendo. O último governo destruiu absolutamente tudo e na questão específica das mulheres também. Nós tínhamos programas de enfrentamento à violência totalmente desatualizados”, refletiu.
A manauara afirma que ter criado o Ministério das Mulheres foi fundamental para haver uma consolidação de pautas e programas com foco nas brasileiras: “Afinal de contas, nós, mulheres, que somos a maioria do eleitorado, e a maioria também que apoiou o presidente Lula, temos uma importância significativa nesse processo de reconstrução do país. Então tudo que foi reconstruído, mais o que está sendo ampliado, dialoga diretamente com a luta histórica das mulheres.”
A Lei de Igualdade Salarial e a distribuição gratuita de absorventes para mulheres em situação de vulnerabilidade foram pontuadas como importantes políticas públicas que o governo Lula ajudou a construir, pois, “faziam os projetos na Câmara, mas inexistia uma execução com prioridade porque o governo não dava. E agora a gente tem um governo que trabalha de fato para o povo e que coloca como prioridade as mulheres”.
A companheira também destacou duas grandes políticas nacionais que têm um impacto direto na vida das mulheres, o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. “Esses programas fortalecem a autonomia das mulheres assegurando que elas saibam que, garantindo o filho na escola, elas terão uma certa segurança para não depender de relacionamentos abusivos, onde muitas vezes permanecem apenas por dependência financeira. Eu sou apaixonada por esses programas, pois eles garantem essa emancipação das mulheres”, afirmou.
Planos da SNMPT para ampliar a presença feminina nas eleições municipais
Sobre as disputas eleitorais que se avizinham, a secretária nacional de mulheres revelou estar bastante otimista com o cenário de 2024, tendo em vista que o PT é um dos partidos mais organizados, que bastante enraizado nos territórios: “Fizemos algumas reuniões no final do ano de 2023, e fazendo um levantamento por alto nós não teremos a dificuldade que em outros anos já tivemos para composição de chapa ou de mulheres que não querem ser candidatas nas eleições para 2024. Nós temos um número bem alto, bem diferente dos últimos anos e a gente vem numa crescente.”
A quarta edição do projeto Elas por Elas, iniciativa que desde 2018 é adotada pelo partido como uma espécie de aceleradora de formação de candidatas e que revolucionou a forma de as petistas realizarem política em todo o território nacional, foi lançada em 2023. E, desde então, a SNMPT tem elaborado estratégias para capacitar as futuras pré-candidatas.
Parte deste planejamento foi o Curso de Formação para Multiplicadoras do Elas por Elas. A iniciativa realizada em outubro do ano passado consistiu em três dias de intensas formações políticas e teóricas.
“O projeto Elas por Elas começa esse ano a todo o vapor. Já fizemos reuniões, temos as multiplicadoras, que estão em todos os estados junto com as secretarias estaduais. Então, o nosso mapeamento funciona em paralelo com o trabalho da direção do PT, porque a gente tem uma delicadeza de fazer formação, oficina para preparar essas mulheres para a disputa eleitoral com um tempo de antecedência maior para a gente poder garantir que ela dispute com condição e com segurança”, explicou Moura.
“Enquanto partido estou muito otimista. Temos dialogado com a nossa Federação para que a gente tenha uma ampla participação das mulheres e claro nos partidos progressistas também, pois não adianta só o PT fazer um trabalho para eleger mais mulheres, é preciso construir isso no campo progressista também porque quanto mais mulheres tiverem ocupando a política, melhor para nós”, ressaltou.
De acordo com petista, a parceria com as secretarias estaduais é fundamental para consolidar a construção coletiva do projeto EpE. A companheira assegurou que todas as mulheres que saírem para a disputa política neste ano, seja de municípios de pequeno até os de grande porte, deverão ser atendidas.
“Se tem mulher candidata, a gente precisa cuidar, fazer chegar oficinas e incluí-la em nossos materiais. É claro que queremos mais mulheres na disputa majoritária para prefeita, vice-prefeitas, e também para vereadoras. Afinal de contas, não tem espaço dado para nós, mulheres. Sem sombra de dúvida não há fortalecimento da democracia se não houver a presença de mais mulheres na política.”
Atenção com a Violência Política de Gênero
Um dos pontos de maior preocupação da secretária nacional é com a prática da violência política de gênero, crime que acomete muitas mulheres que estão em cargos de poder, e que também vão disputar as eleições.
“Nós temos uma questão agravante – olhando para essa questão dos desafios – que é a violência política de gênero. Muitas mulheres até entram na disputa, mas deixam de participar por conta do alto índice de violência política de gênero. Esse termo é novo e a gente vem tentando trabalhar internamente para garantir que essas companheiras estejam bem assistidas, mas também em segurança para fazer a disputa”, revelou.
Da Redação do Elas por Elas