O diretório nacional do Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras (PT) criou uma comissão de heteroidentificação para analisar raça de candidatos e candidatas e, assim, evitar fraudes. A maior preocupação do partido, o primeiro a criar este tipo de comissão, é com brancos que se declaram pardos para ter direito a cota de fundo eleitoral.
Em entrevista ao Jornal PT Brasil nesta quinta-feira (28), o secretário Nacional de Combate ao Racismo do PT, Martvs Chagas, falou sobre a importância desse dispositivo, ao destacar como surgiu a ideia. O modelo são as bancas de heteroidentificação presentes em universidades.
“Para nós do PT, para a gente que faz essa mescla de dirigente partidário com militante do movimento social, foi muito importante, foi uma data que eu vou dizer histórica, pois o PT passa a ser o primeiro partido no país a definir uma comissão de heteroidentificação semelhante a que nós temos nas universidades públicas, onde garante o direito das pessoas negras e aí definitivamente das pessoas negras mesmo, a obter os recursos do fundo para pessoas negras”, declarou.
Martvs explicou que a ideia surgiu baseada nas últimas eleições, quando foram registradas distorções de pessoas que na grande maioria se consideravam pardos, mas que não tinham nenhum fenótipo de pessoa negra. “Eu digo isso porque o IBGE estabelece que a pessoa negra no Brasil, ela é preta ou preta. E muitas dessas pessoas não eram. A gente teve casos aí, né, que viraram na mídia nacional até motivo de chacota”.
O grupo é composto por cinco pessoas, com diversidade de gênero, sendo três pessoas negras e duas não negras. A composição da comissão ainda não está definida devido a sua criação ter sido aprovada recentemente.
A comissão nacional ficará responsável por examinar os candidatos a prefeito e vereador de cidades com mais de 100 mil habitantes. Foi feita ainda uma recomendação para que cada um dos estados crie sua própria comissão, para analisar casos de cidades menores.
“A nossa ideia é de criar essa comissão dialogando com as forças das tendências internas do PT no sentido de termos pessoas que têm condições real, que já passaram por bancos de hétero de identificação, já tem experiência em bancos de hétero de identificação para compor essa comissão que vai fazer essa análise das pessoas”, explicou o secretário.
“O primeiro momento da análise é através de fotos, as fotos dos candidatos, e o segundo momento será através de entrevistas pessoais, por teleconferência, logicamente, porque não dá para colocar todo mundo na mesma sala, mas será por teleconferência, e a decisão final vai caber, a comissão vai apresentar a executiva e a executiva nacional vai chancelar a definição tomada pela comissão de hétero de identificação”, assinalou.
Calendário
Martvs falou ainda do calendário de preparação das candidaturas e o início das etapas aprovadas pelo PT, a partir de datas definidas pelo próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Esse calendário que foi aprovado é um calendário geral para o PT, onde estabelece as regras e as datas que são definidas pelo próprio TSE e o PT criou algumas outras datas no sentido de agilizar a nossa pré-campanha, organizar as candidaturas com datas estabelecidas e fazer com que a gente possa ter um calendário que estabeleça os dias em que nós iremos fazer as ações no partido, nos diretórios municipais, para definir tática de aliança, para definir também as candidaturas”, pontuou.
Ouça o Boletim da Rádio PT:
“Então foi uma série de datas que nós definimos, mas em relação efetivamente a candidatura de pessoas negras, tem algumas datas que para nós são muito importantes. A primeira delas é até o dia 30 agora de abril finalizar as inscrições das pré-candidaturas negras pelo Candidate-se”.
Assista a entrevista completa:
O diretório nacional do PT vai direcionar recursos para candidaturas de mulheres e de negros e negras a partir do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. A resolução traz uma série de informações e orientações. Confira mais informações no site do PT.
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Da Redação