Partido dos Trabalhadores

PT e movimentos sociais debatem a reconstrução do Brasil

Em evento da Secretaria Nacional de Movimentos Populares, lideranças discutem como o partido e a sociedade organizada podem fortalecer o governo Lula e enfrentar a extrema direita

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Gleisi participa do encontro: “O PT é o que é porque tem essa relação com a base social, com os movimentos organizados"

A importância de um diálogo permanente entre os movimentos sociais e o Partido dos Trabalhadores para a construção e solidificação de um projeto político popular foi tema central do primeiro dia da Reunião Nacional da Secretaria Nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais do PT. O encontro, que começou na terça-feira (27), ocorre em Brasília até esta quinta-feira (29), quando haverá a abertura da 26ª reunião do Foro de São Paulo.

Falando no Painel de Abertura, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, ressaltou a importância dos movimentos organizados para o partido. “O PT é o que é porque tem essa relação com a base social, com os movimentos organizados, com os movimentos sindicais. Só conseguimos enfrentar o que enfrentamos no golpe contra a Dilma e na prisão de Lula porque temos essa base social”, exemplificou.

Agora, segundo Gleisi, essa mesma base será fundamental na defesa do terceiro governo Lula e na disputa política que ainda precisa ser feita com o bolsonarismo e a extrema direita, que perderam as eleições, mas não foram ainda completamente derrotados. 

“Temos de fazer essa disputa nas redes, nos territórios, nas áreas que militamos. Este é um governo de disputa política e não podemos nos acomodar”, alertou, frisando a importância de se explicar à população o peso de programas sociais como Minha Casa Minha Vida, Mais Médicos e Bolsa Família. 

“Não adianta só fazer, temos de explicar por que retomamos todos esses programas sociais. Temos de mostrar por que somos diferentes da extrema direita. O debate tem de ser forte, tem de ser de dentro do governo para fora, tem de ser do nosso partido para a sociedade. É o partido do presidente da República. Temos essa responsabilidade”, defendeu.

Gleisi também destacou a necessidade de articulação para as eleições municipais de 2024 e defendeu uma ampla diversidade nas candidaturas. “É importante termos muitas mulheres, muitos jovens, negros, negras, LGBTs, indígenas, a diversidade do povo trabalhador e do povo brasileiro.”

Formação política e comunicação

A presidenta lembrou que o PT, em sua organização interna, já reflete essa diversidade por meios dos setoriais e secretarias, que se dedicam aos mais variados temas. “Olha a riqueza que é isso e como dá capilaridade e movimentação ao PT. É muito importante termos essas secretarias todas”, disse, elogiando o trabalho feito pelos Comitês Populares de Luta e das iniciativas de formação política, como o Nova Primavera.

Dividindo a mesa com Gleisi estava o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Paulo Okamoto, que também ressaltou a importância da formação política, uma das principais preocupações da fundação atualmente.

“Precisamos ter mais pessoas nossas no parlamento. As nossas lutas não conseguem ser consolidadas se a gente tiver um parlamento adverso como temos no Brasil. É preciso construir uma rede sistêmica, permanente e de conhecimento para que consigamos mais participação, mais democracia e o entendimento da sociedade que queremos construir”, afirmou.

Já a importância de se realizar uma disputa política eficaz foi um tema abordado também no painel Os Desafios da Formação Política e Comunicação, que contou com a participação da secretária nacional de Formação, Maria do Rosário, e do secretário nacional de Comunicação, Jilmar Tatto.

“Precisamos fazer uma disputa política ideológica. A comunicação não pode ficar presa no passado. Não dá para manter os envolvidos e agências que estavam no governo passado. O Foro de São Paulo, que vai ter agora, é uma peça importante de organização para ampliarmos o debate”, avaliou Tatto.

União para reconstrução

O outro debate do dia foi o Painel Sobre a Conjuntura Nacional e Internacional, que contou com a anfitriã do evento, a secretária nacional de Movimentos Populares e Políticas Setoriais, Lucinha Barbosa; a secretária nacional de Mulheres, Anne Moura; e o membro da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile.

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Lucinha Barbosa também fez uma avaliação de que o momento exige organização para a disputa política, um trabalho que começa com uma boa leitura da conjuntura política do país que ajude a unificar as várias instâncias do partido.

“Nós saímos de uma eleição dificílima, com disputa política polarizada. Um dos fatores principais para que vencêssemos, junto com a sociedade, foram os trabalhos dos nossos setoriais, das nossas secretarias e dos nossos diretórios locais”, analisou.

A construção de unidade, segundo ela, tornará o partido mais capaz de fazer a disputa política correta e ser mais eficiente no fortalecimento do governo Lula. “Para que não tenhamos somente quatro anos de governo e consigamos, de fato, reconstruir este país com base organizada e organizações fortes.”

Stedile, por sua vez, avaliou que a vitória de Lula nas últimas eleições representa uma oportunidade de se mostrar à população que um mundo diferente é possível. Como exemplo, ele citou o fortalecimento de uma agricultura agroecológica, que não agride o meio ambiente e se volta para garantir comida a todos.

“O capital, em tempos de crise, vai com muito mais voracidade sobre os bens da natureza, se apropria deles de forma privada e os transforma em riqueza. Assim, ele faz com a mineração, com as florestas, com a água. (…) Mas não é preciso derrubar mais nenhuma árvore para seguir produzindo alimentos. Ao contrário, vamos ter de replantar 50 milhões de hectares”, observou.

Da Redação