Em 2021, o Brasil vivenciou uma situação insólita: com um presidente incapaz de governar, encontrou exemplo de liderança na figura de um ex-presidente.
Enquanto Jair Bolsonaro insistiu em passeios de moto e na divisão do país, atacando governadores e se recusando a trabalhar de forma coordenada para combater a pandemia, Lula visitou estados do Nordeste mais o Rio de Janeiro e o Distrito Federal, sempre aberto ao diálogo com os mais variados setores e lideranças em busca de um projeto de reconstrução e reunificação do país.
Pelo Brasil, Lula teve encontros com governadores, artistas, líderes de todas as religiões, políticos de vários partidos e catadores de materiais recicláveis. No Nordeste, onde visitou seis dos nove estados da região, conheceu projetos de ciência e tecnologia, educação e saúde. No Piauí, demonstrou a solidariedade com as vítimas da Covid-19 que o presidente da morte não teve capacidade de ter e foi conhecer um dos centros de recuperação de pacientes que ficaram com sequelas da doença.
“Por favor, mostrem para o Ministério da Saúde que é possível fazer. Ninguém deve morrer antes do tempo e é função do Estado impedir que isso aconteça”, disse o ex-presidente ao governador do estado, Wellington Dias (PT). “Já deveria haver pelo menos um centro desses em cada capital do país”, lamentou.
Galeria de fotos das viagens de Lula no Brasil e no exterior
Propostas para o mundo
Nas relações com outros países, o mesmo cenário. Isolado do mundo, Bolsonaro foi praticamente ignorado na reunião do G20 e teve de buscar em avião da FAB um presidente – o da Guiné Bissau, o extremista de direita Umaro Sissoco Embaló – para visitá-lo.
Já Lula, que visitou a Europa apenas algumas semanas após o ex-capitão, foi recebido no Parlamento Europeu, onde discursou, e teve encontros com líderes como o novo primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz; o presidente da Espanha, Pedro Sánchez; e o da França, Emmanuel Macron, que o recebeu com a pompa reservada a chefes de Estado, numa clara demonstração que líderes europeus enxergam Lula como um verdadeiro líder brasileiro.
“Essa viagem que fiz pela Bélgica, Alemanha, França e Espanha é uma tentativa de provar, para o próprio povo brasileiro, que o mundo gosta do Brasil. Não é o Lula que é importante, é o Brasil que é necessário ao mundo neste instante para discutir uma nova geopolítica”, afirmou Lula, ao discursar na Espanha.
O ex-presidente não se esqueceu também dos irmãos africanos, lutando para que eles tenham acesso mais rapidamente à vacina contra a Covid-19, e defendendo a reaproximação de África e América do Sul. Foi no continente no qual está o Brasil, aliás, que Lula terminou sua agenda de viagens em 2021, com uma visita à Argentina, onde foi recebido no Dia da Democracia por uma Plaza de Mayo lotada que, aos gritos, pediu sua volta à Presidência.
No país vizinho, ao lado do presidente Alberto Fernández e da vice-presidenta Cristina Kirchner, além do ex-presidente uruguaio Pepe Mujica, Lula propôs uma América do Sul unida, soberana e comprometida com a justiça social (veja vídeo abaixo). Como resumiu o ex-ministro de Relações Exteriores Celso Amorim, Lula se mostrou capaz de desempenhar um importante papel de “unificador” num mundo que flerta com a divisão de uma nova Guerra Fria entre China e Estados Unidos, que não interessa de maneira alguma à humanidade.
Da Redação