Retrospectiva 2021: “Fora Bolsonaro” toma as ruas do país e do mundo

Indignados, brasileiros foram às ruas pedir o impeachment de Bolsonaro, num movimento que, se não foi ouvido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira, certamente preparou o povo para mais luta em 2022

Ricardo Stuckert

Avenida Paulista lotada no ato contra Bolsonaro em 19 de junho

Como já dissemos, 2021 foi penoso para os brasileiros, mas trouxe importantes conquistas, como a confirmação da inocência de Lula e a declaração de suspeição de Sergio Moro pelo Supremo Tribunal Federal (STF). E não há como esquecer que este foi também o ano em que os brasileiros foram às ruas gritar alto: Fora Bolsonaro!

Em 29 de maio, a indignação dos brasileiros ultrapassou o limite dos protestos feitos dentro de casa. Mesmo diante da pandemia de Covid-19, a população percebeu a necessidade de reagir com firmeza a um governo que trabalhou em favor da morte, espalhando o vírus e atrasando a vacinação de propósito e negando um auxílio emergencial digno, permitindo o aumento da fome.

Assim, as ruas de mais de 200 cidades do Brasil e do exterior foram ocupadas por manifestantes que não dispensaram o uso das máscaras, do álcool em gel e do distanciamento sempre que possível. Nos gritos de ordem e nas faixas e cartazes, três principais reivindicações: vacinas, auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia e o impeachment de Bolsonaro. 

Foi como resumiu a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que discursou na Avenida Paulista durante aquele primeiro grande ato Fora Bolsonaro: “Decidimos, num ato extremo, fazer um ato de rua, tomando todos os cuidados possíveis para mostrar solidariedade ao povo brasileiro. Nós estamos cansados, exauridos do sofrimento por que passa o Brasil, por isso estamos aqui”.

Os protestos continuaram, cada vez maiores. A Frente Fora Bolsonaro chamou e a população voltou às ruas em 19 de junho, mesma data em que o Brasil atingiu a triste marca de meio milhão de mortos por Covid-19. Nesse dia, os protestos já ocorreram em mais de 400 locais. Os atos seguintes foram em 3 e 24 de julho, quando o movimento atingiu seu auge, reunindo mais de 600 mil pessoas em cerca de 500 cidades brasileiras e do exterior (veja vídeo abaixo).

Ainda foram realizadas manifestações contra Bolsonaro em 7 de Setembro, em apoio ao tradicional Grito dos Excluídos, 2 de outubro e 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra. Mesmo sendo um claro desejo da maioria da população, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), não colocou em votação nenhum dos mais de 150 pedidos de impeachment contra Bolsonaro, que manteve sua base de apoio em troca de bilhões de reais via orçamento secreto.

Mesmo assim, os protestos contra Bolsonaro devem ser lembrados como um importante capítulo da resistência dos brasileiros contra um governo desumano, que preferiu preservar uma política econômica neoliberal a defender a vida de seu povo. Que permitiu a volta da fome, do desemprego, da carestia dos alimentos e do gás de cozinha. 

Esses atos certamente prepararam o espírito dos brasileiros para um 2022 que será de muita luta e muita rua, até que o Brasil recupere sua democracia e se livre de um presidente que não esconde o desejo pelo autoritarismo. Como disse Lula, ao dar uma palestra no renomado Instituto SciencesPo, em Paris, em novembro passado: “Quem vai poder dar impeachment é o povo brasileiro, democraticamente dizendo ‘chega, este país merece gente melhor’”.

Da Redação

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