“Se todo o trabalho não remunerado realizado por mulheres no mundo fosse feito por uma única empresa, ela teria um faturamento anual de US$ 10 trilhões, ou 43 vezes o da Apple”, é o que apresenta o relatório global “Bem Público ou Riqueza Privada?” da Oxfam, divulgado nesta segunda-feira (21).
As economias no mundo são construídas sobre horas de trabalho gratuito: cuidar dos afazeres domésticos e tomar conta de crianças, idosos, deficientes. Essas funções normalmente são realizadas pelas mulheres.
De acordo com o estudo, o trabalho não remunerado é um enorme subsídio oculto à economia, mas é ignorado pelas análises econômicas tradicionais. Para combater a desigualdade econômica e de gênero, os governos deveriam incorporar análises do cuidado não remunerado a suas políticas econômicas e investir mais em serviços públicos que possam reduzir a carga de trabalho de cuidado das mulheres, incluindo abastecimento doméstico de água e eletricidade, creches, atendimento a idosos, saúde e transporte público.
A pesquisa mostrou que em comunidades rurais na Colômbia, Filipinas, Etiópia, Uganda e no Zimbábue, as mulheres passam, em média, 14 horas por dia realizando tarefas de assistência. Essa carga de trabalho pesada e não remunerada as coloca em desvantagem em muitos aspectos.
Segundo a Oxfam, a desigualdade econômica e de gênero estão ligadas entre si, por isso as decisões dos governos sobre a receita podem reduzir ou aumentar essas desigualdades. “O caráter de gênero da desigualdade econômica reforça a desigualdade em todas as áreas da vida das mulheres, negando-lhes o poder para questionar os sistemas de discriminação. Isso não é inevitável, e mulheres de todo o mundo estão se mobilizando e propondo alternativas”, diz um trecho do relatório.
O relatório apresenta ainda que essa situação de longas jornadas de trabalho não remunerados prejudicam a saúde das mulheres porque causam, além do cansaço físico, muito estresse.
Desigualdade entre homens e mulheres no Brasil
Em um ano, o Brasil caiu cinco posições no ranking de igualdade de gênero, de acordo com pesquisa divulgada em dezembro de 2018 pelo Fórum Econômico Mundial. O país aparece na 95º posição na lista que contém 149 países.
Para fazer o levantamento, foram considerados itens como renda, participação política e econômica, educação e acesso à saúde. A atuação das mulheres no mercado de trabalho e paridade de renda foram os fatores que mais contribuíram para a queda segundo o estudo.
Acerca do total de oportunidades dadas para pessoas trabalharem ou se desenvolverem, mulheres alcançam apenas 68% no país. Na América Latina, o Brasil está atrás de países como Venezuela, Honduras, Bolívia e Cuba, ocupando a 21º posição.
Da Redação da Secretaria Nacional de Mulheres do PT