Partido dos Trabalhadores

Educação antirracista e valorização docente marcam entrevista de Carol Dartora no Café PT

Em homenagem ao Dia do Professor, deputada defende novo Plano Nacional de Educação com foco em equidade racial, valorização da carreira docente e combate ao racismo estrutural nas escolas

Reprodrução/TvPT

Carol Dartora em entrevista ao Café PT

Na Semana do Dia do Professor, o Café PT recebeu a deputada federal Carol Dartora (PT-PR), primeira mulher negra eleita para o Congresso pelo Paraná e professora de formação. Durante a entrevista, realizada nesta sexta-feira (17), ela detalhou o andamento do novo Plano Nacional de Educação (PNE), cujo parecer foi apresentado recentemente na comissão especial da Câmara dos Deputados.

Segundo a parlamentar, o texto está “bastante robusto”, incorporando diversas contribuições e ainda aberto a novas propostas nas próximas semanas.

De acordo com a parlamentar, o objetivo é garantir um PNE que promova a reconstrução do sistema educacional brasileiro, com ênfase na valorização dos profissionais e no enfrentamento das desigualdades históricas que atravessam a educação pública.

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O impacto do racismo estrutural na educação

Carol Dartora relatou sua experiência pessoal com o racismo nas escolas e como isso marcou sua trajetória acadêmica e profissional.

“Eu sofri racismo de professores, e isso me afastou da escola por um tempo. O racismo estrutural nega o direito à educação”, declarou.

Para a deputada, o racismo se manifesta nas desigualdades de infraestrutura entre escolas de diferentes territórios, atingindo de forma mais severa comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais.

“As escolas com menos recursos e condições precárias estão nesses territórios. Esse é o retrato do racismo estrutural”, disse.

Ela lembrou que o país tem 56% da população negra, o que torna o combate ao racismo uma urgência social e educativa.

“O racismo é o nosso maior problema social. A escola é um espaço privilegiado para construirmos uma sociedade sem violência e sem exclusão”, afirmou.

História afro-brasileira e indígena

A deputada destacou a importância da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, e da Lei nº 11.645/2008, que ampliou o conteúdo para incluir a história indígena.

Segundo Dartora, o principal desafio é garantir a efetiva aplicação das leis, ainda pouco observadas em muitas instituições.

“Muitos professores dizem que não aprenderam história afro-brasileira. Mas ensinar é também um processo de aprender. É preciso formação antirracista para todos os trabalhadores da educação”, defendeu.

Ela informou que o caderno de propostas do Plano Nacional de Educação Antirracista, elaborado com a participação de movimentos sociais negros e indígenas, recebeu mais de 400 contribuições de todo o país, muitas já incorporadas ao parecer do PNE.

Educação inclusiva e combate à desigualdade

As propostas, conforme a deputada, visam fortalecer políticas de educação quilombola, indígena e inclusiva, promovendo equidade e reconhecimento da diversidade brasileira.

“É um trabalho muito bonito, que só é possível pela abertura e o compromisso do governo Lula com os direitos básicos e a justiça social”, destacou.

Durante a entrevista, Carol Dartora também celebrou a aprovação, na Câmara, do projeto de lei que garante o piso salarial a professores contratados em regime temporário, de autoria do deputado Rafael Brito (MDB-AL), do qual ela foi relatora.

“Não existe professor temporário. Ninguém se forma para ser temporário, mas a precariedade impõe esses contratos. Esse projeto é uma vitória porque assegura o piso mínimo constitucional a todos os docentes”, afirmou.

Ela criticou o fato de cerca de 700 prefeituras ainda não cumprirem a legislação do piso nacional, o que afeta principalmente mulheres e mulheres negras, maioria na categoria.

“Quando se nega o mínimo a essas profissionais, se reproduz a precarização e o racismo institucional”, disse.

“Nós somos os profissionais do futuro. A educação é o futuro do país. É por meio do nosso trabalho que se formam os cidadãos do amanhã”, afirmou.

Carol Dartora lembrou que foi graças a professores inspiradores que pôde reconstruir sua trajetória após enfrentar o racismo escolar.

“A educação me foi oportunizada por professores que acreditaram em mim. Por isso, desejo um feliz dia a todos os colegas, que são verdadeiros guerreiros da sociedade.”

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Da Redação