O povo engole o sabor amargo dos preços dos combustíveis, cujos valores abusivos são resultado da dolarização implementada pelo desgoverno Bolsonaro. O que já era uma catástrofe irá piorar, diante da crise internacional deflagrada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia. O preço do barril do petróleo ultrapassou o valor de U$ 100, reflexo da instabilidade e desconfiança com os rumos do conflito. Enquanto isso, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) apresentou em pré-edital minutas de contrato para leilão de 11 blocos do pré-sal. A operação será feita no âmbito da Oferta Permanente de Partilha de Produção (OPP).
De acordo denúncia da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), o processo irá resultar na redução dos “volumes de petróleo que venham a beneficiar o povo brasileiro”. Para isso, explica a entidade, a OPP objetiva colocar para produção “áreas terrestres e marítimas contínuas, inclusive com acumulações marginais”, como descreve a própria ANP.
“O mais incrível é que todo este entreguismo dos responsáveis pela energia no Brasil esteja sendo amparado por dispositivos legais”, reagiu a associação, em texto publicado no portal da AEPET. “Ou seja, têm a conivência dos poderes judiciário e legislativo. E o brasileiro, sem informações ou tendo-as incompletas e até para induzir a erro, se deixa roubar o futuro do povo, do País”. Tudo isso em meio à farra dos acionistas, que ficarão mais ricos com os lucros recordes da empresa em 2021.
Ainda segundo a associação, ao mesmo tempo em que o preço do barril rompe a barreira dos U$ 100 no mercado internacional, aqui, a direção da Petrobras, para não evidenciar o caráter entreguista de sua atuação, esconde o preço do custo de produção de um barril do pré-sal. “Podemos estimar, no máximo, com os custos financeiros incluídos, [que é] inferior a US$ 20”, observa a AEPET.
“É desta ordem de valor o que está sendo proposto pela ANP e a direção da Petrobrás retirar do futuro do Brasil: 80 dólares vezes a reserva de cerca de 50 bilhões de barris”, denuncia a associação. “Precisamos reagir. Colocar esta discussão na pauta dos candidatos a presidente do Brasil, a senadores e a deputados federais”, conclui.
Desmonte inclui privatização da BR Distribuidora e refinarias
O ataque do governo Bolsonaro ao patrimônio do povo brasileiro, uma estratégia entreguista iniciada no governo Temer, a partir do golpe de 2016, prevê a privatização da BR Distribuidora e de refinarias. De acordo com dados do Observatório Social da Petrobras, desde 2015, a empresa se livrou de R$ 243,7 bilhões em bens, entre eles, a rede de gasodutos do Norte e Nordeste TAG (Transportadora Associada de Gás), a controladora de gasodutos NTS (Nova Transportadora do Sudeste) e a BR Distribuidora.
O plano é manter cinco de 13 refinarias listadas no rol da empresa no ano passado. O plano de negócios dos entreguistas e traidores da pátria estima, para o período 2022/2026, a venda de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões em bens.
Lula alerta sobre consequências do entreguismo
Diante da cobiça de atores alheios aos interesses da soberania nacional, o ex-presidente Lula vem alertando para as consequências nefastas ao país, uma vez consumadas as entregas de empresas como a Petrobras e a Eletrobras. “Hoje, nós temos no Brasil mais de 400 empresas privadas importando gasolina dos Estados Unidos”, lembrou Lula, em entrevista no início do mês.
“A responsabilidade de quem está dirigindo este país é entregar para a iniciativa privada, que vai comprar gasolina dos Estados Unidos e vender para a gente a preço de dólar. Os coitados dos motoristas de caminhão, por essas estradas, não conseguem ganhar dinheiro porque gastam tudo com óleo diesel”, lamentou.
“Essa é uma das razões por que deram o golpe na Dilma”, insiste Lula.”Como nós fizemos uma nova lei do petróleo, que garantia que o petróleo fosse do povo brasileiro, que garantia a criação de um fundo de desenvolvimento com o dinheiro do petróleo para a educação, a saúde e a ciência e tecnologia, e tinha uma empresa criada para administrar as riquezas do pré-sal, como é feito na Noruega, então eles não se aquietaram até mudar”.
Dolarização corrói poder de compra do trabalhador
Nesta semana, o ex-presidente também advertiu para os efeitos da dolarização da gasolina no dia-a-dia do trabalhador, cuja poder de compra foi dizimado pela política insana de Bolsonaro e Paulo Guedes. “O preço do combustível é caro no tanque, mas também no mercado, porque impacta no preço dos alimentos”, argumentou o petista.
“Esse preço dolarizado dos combustíveis concentra riqueza nas mãos dos mais ricos e tira recurso dos mais pobres”, afirmou. “Não existe nenhuma razão técnica ou político-econômica para a Petrobrás tomar a decisão de internacionalizar o preço dos combustíveis, a não ser para atender os interesses dos acionistas, principalmente aqueles que ficam lá em Nova York”.
Da Redação, com Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET)