Armas: Bolsonaro mente ao dizer que se preocupa com a vida dos brasileiros

PL das Armas pode ser votado nesta quarta-feira, 9, na CCJ do Senado Federal. Veja por que é mentiroso o discurso de Bolsonaro de que armar a população é uma forma de protegê-la

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Bolsonaro age com as armas da mesma forma como atuou na pandemia: ignora a ciência e ameaça a vida da população

Uma das mentiras mais repetidas por Jair Bolsonaro é a de que ele se preocupa com a vida da população e que, por isso, defende a liberação do uso de armas. Aproveitando-se do problema crônico da segurança pública no país, o ex-capitão convence parte da população de que a solução está em facilitar o acesso a armamentos. 

Porém, ao fazer isso, ele não só torna o Brasil mais inseguro como também faz com que milicianos e traficantes se armem com mais facilidade, ao mesmo tempo em que as fabricantes, inclusive estrangeiras, ganham rios de dinheiro.

Desde que chegou à Presidência, Bolsonaro estimulou o armamento da população tanto por meio de seus discursos e gestos de arminha quanto por meios de decretos e projetos de lei. Mesmo com a resistência da oposição no Congresso e de medidas da Justiça, que conseguem barrar ou adiar algumas das tentativas, as armas de fogo se espalham no Brasil.

No governo Bolsonaro, explodiu o número de brasileiros registrados como CACs (caçadores, atiradores e colecionadores), que, graças às novas regras criadas pelo atual presidente, podem adquirir várias armas pesadas, incluindo fuzis de última geração. Tornar-se CAC virou uma grande desculpa para quem quer se armar. E o número dessas pessoas é cada vez maior.

Levantamento da Agência Pública, com dados do Exército Brasileiro, mostra que, de 2010 a 2015, eram concedidos, em média, 7 mil registros de CAC por ano no Brasil. Após o golpe em Dilma Rousseff e o fim das campanhas contra o armamento da população, essa média saltou para 33,5 mil. Mas a real explosão ocorreu no governo Bolsonaro, que fez o número chegar a 73,7 mil, em 2019, e 105 mil em 2020 (gráfico acima).

Isso não torna o Brasil mais seguro. Muito pelo contrário. Veja abaixo as reais consequências do aumento do número de armas no Brasil e constate como essa é mais uma das mentiras de Bolsonaro.

Reais consequências do armamento:

 

1. Armas aumentam a insegurança, mostram estudos

São vários os estudos que comprovam: quanto mais armas disponíveis para a população, maiores os riscos de acidentes, homicídios e atentados envolvendo esses equipamentos. 

Um dos mais extensos estudos sobre o tema já feito nos Estados Unidos, conduzido por Charles Branas, professor da Universidade de Columbia, em Nova York, mostrou que os estados americanos com as leis mais frouxas para acesso a armamentos são os que mais sofrem com tiroteios em escolas – vale lembrar que o Brasil já registrou ataques do tipo, ou todos esqueceram a tragédia na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), que deixou 10 mortos em 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro?

Além disso, pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que, após a adoção do Estatuto do Desarmamento, em 2003, 160 mil mortes por armas de fogo podem ter sido evitadas no Brasil nos 10 anos seguintes. Em 2004, observaram os cientistas, pela primeira vez em mais de uma década, a mortalidade relacionada a armas declinou 8% em comparação ao ano anterior.

Bolsonaro, entretanto, age em relação às armas da mesma forma como agiu na pandemia. Ignora o que diz a ciência e espalha mentiras para atingir seus objetivos. Se, com a Covid-19, sua intenção era espalhar o vírus, com a questão armamentista, o objetivo é espalhar revólveres, pistolas e fuzis. Em ambos os casos, à custa da vida de brasileiros.

2. Armas vão parar nas mãos de milicianos, traficantes e sequestradores 

Quanto mais armas circulam, mas armados ficam os criminosos. Na era Bolsonaro, a bandidagem ganhou dois novos canais de fácil acesso aos armamentos: por meio do roubo das armas compradas por CACs e por meios legais, já que muitos bandidos estão se registrando como caçadores, atiradores ou colecionadores.

Levantamento feito pelo jornal O Globo em Tribunais de Justiça de todo o país identificou CACs que, na verdade, são integrantes de milícias e grupos de extermínio e atuam como armeiros de facções do tráfico e fornecedores de armas e munição para assaltos a bancos e sequestros. Graças às regras frouxas de Bolsonaro, esses bandidos conseguem comprar armas legalmente, uma vez que estão registrados como CACs.

A outra forma de organizações criminosas se armarem com a ajuda de Bolsonaro é por meio do roubo de armamentos comprados pelos milhares de CACs que existem no Brasil. Segundo a Agência Pública, só entre janeiro e setembro de 2021, os CACs “perderam” 840 armas. São três por dia, que, muito provavelmente, foram parar nas mãos de criminosos.

3. Quem ganha (muito dinheiro) são as fabricantes de armas

Facilitar o acesso às armas não gera mais segurança, mas dá muito lucro. Além dos bandidos, quem tem muito a agradecer a Bolsonaro são as fabricantes de armas.

Para a alegria de empresas estrangeiras, Bolsonaro zerou o imposto de importação em janeiro de 2021. A decisão foi anunciada no fim de 2020, mesma época em que o governo dizia não a ofertas de vacina contra a Covid-19.

Para se ter uma ideia de como se trata de um negócio e tanto, a empresa brasileira Taurus alcançou, em 2019, um lucro líquido de R$ 43,4 milhões. No ano anterior, antes de Bolsonaro assumir, o resultado da empresa havia sido de prejuízo perto de R$ 60 milhões.

As empresas de outros países também não podem reclamar. Segundo dados do Ministério da Economia, mais de US$ 29,3 milhões em revólveres e pistolas ingressaram no país em 2020. Foi, até então, a maior média da série histórica, iniciada em 1997, e fez com que o Brasil importasse mais armas letais do que bicicletas ou lápis.

Da Redação

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