A média móvel de mortes por Covid-19 no Brasil teve um aumento de 170%, maior média dos últimos três meses, e o número de infecções pela variante Ômicron bateu 203%. No Distrito Federal, capital do país, a ocupação de leitos de UTI chegou a 100% nesta terça-feira, 25. Os pacientes não vacinados representam 90% das internações.
O descaso e negacionismo do governo de Bolsonaro e Queiroga diante da pandemia e da necessidade da vacina contra a Covid leva novamente o país ao patamar recorde de contaminações. Com mais de 183 mil novas infecções, média móvel de casos atingiu recorde pelo oitavo dia consecutivo.
Na capital do Brasil, a situação é crítica. Com ocupação de leitos adultos de UTI-Covid em 100%, o cenário negacionista comprova a porcentagem de internações entre não vacinados, que é de 90%.
Conforme dados das Secretária da Saúde do DF, a maior parte dos pacientes têm idade entre 50 e 75 anos e não tomaram nenhuma dose das vacinas oferecidas contra a doença.
Entre segunda (24) e terça-feira, o DF registrou 10.697 casos e quatro mortes. No total, são 579.130 infecções e 11.147 óbitos confirmados desde o início da crise sanitária. Com a atualização, a média móvel de casos chegou a 5.490, o que indica um aumento de 154,85% em relação aos 14 dias anteriores. A mediana de vítimas da doença está em três, valor 50% maior quando comparado com o mesmo período.
No Rio de Janeiro, o diretor médico do Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, Roberto Rangel, também lamenta que as mortes de não vacinados estão crescendo.
“O momento atual acaba despertando uma mistura de frustração e tristeza por vermos vidas sendo perdidas e pacientes em estado grave que poderiam não estar nessa situação se tivessem aceitado a vacinação. É angustiante para nós que estamos tratando a doença há tantos meses.”
Durante a pandemia, o Ronaldo Gazolla se tornou uma referência no tratamento da covid-19. O hospital criou um dos maiores centros de terapia intensiva do país, com 205 leitos, e, no total, 400 exclusivamente para o atendimento de quadros causados pelo novo Coronavírus.
Idosos não imunizados morrem 15 vezes mais
Dados da prefeitura do Rio de Janeiro também apontam que as mortes por Covid-19 ocorrem 15 vezes mais entre idosos não imunizados do que os que completaram o ciclo da vacina.
Entre as pessoas de 12 a 59 anos com dose de reforço, a incidência de mortes pela doença a cada cem mil habitantes foi de zero nos últimos 50 dias.
Para a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio, os números indicam a proteção “altíssima” conferida pela vacinação, em especial pela dose de reforço. As informações se referem ao período de 1º de dezembro a 10 de janeiro.
Veja abaixo as consequências de não tomar as vacinas
No primeiro gráfico, a taxa de óbitos no Rio por Covid segundo status vacinal; no segundo, a taxa de internações no Rio por Covid segundo status vacinal
Vacinação incompleta
O Comitê Especial de Enfrentamento à Covid-19 do Rio também constatou que a taxa de vítimas a cada 100 mil habitantes entre idosos com vacinação incompleta é 27 vezes maior que a dos idosos com o ciclo completo de vacinação.
O boletim epidemiológico, divulgado nesta segunda-feira, 24, pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro mostra que, entre os idosos que receberam a dose de reforço, houve 2,9 mortes a cada 100 mil habitantes na cidade do Rio de Janeiro, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2022.
Os dados mostram ainda que foram registradas 24,9 internações de idosos a cada 100 mil habitantes entre os vacinados, enquanto, entre os não vacinados, a taxa atinge 429,3 por 100 mil. As internações dos que não tomaram a dose de reforço mas receberam as doses interiores foi de 68,9 internações a cada 100 mil.
Chance de morrer por Covid é maior entre não vacinados
Vale lembrar que a chance de morrer por Covid-19 entre pessoas não vacinadas é 60 vezes maior do que as imunizadas. Um estudo do Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos destaca a eficácia das vacinas diante das variantes do Coronavírus.
Em grande parte dos Estados Unidos, a variante Ômicron é dominante. De acordo com dados coletados nos últimos meses, foram detectadas 61 mortes por milhão de pessoas não vacinadas no país.
O número cai para cinco por milhão entre vacinados com duas doses; e para um por milhão para quem que recebem a terceira dose de reforço.
O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, aponta que a amplitude da cobertura vacinal é um dos pontos essenciais para a resposta dos países aos desafios que a pandemia ainda impõe.
Ele explica que três eixos levam países a enfrentar novas ondas de covid-19: “Estagnação da cobertura vacinal; cobertura vacinal não homogênea; e flexibilizações de medidas eficazes (máscaras/aglomerações de muitas pessoas)”.
Isaac Schrarstzhaupt argumenta que quem estagnou em uma cobertura menor (cerca de 60%) está tendo uma onda maior do que quem estagnou em coberturas mais altas (cerca de 80%).
“Aqui no Brasil nós ainda não vemos a estagnação nos gráficos de vacinação, mas estamos nos 60%, cobertura onde alguns países começaram a estagnar. Agora, é correr pra vacinar as crianças e convencer aquele amigo/parente a tomar a segunda dose”.
Da Redação, com informações do Correio Braziliense, Agência Brasil e O Globo