Médicos de SP param dia 19 por condições para enfrentar a ômicron

Profissionais da atenção primária cobram do prefeito Ricardo Nunes contratação de funcionários, pagamento de hora extras por carga horária excedente e reabertura de mesa de negociação

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Médicos defendem saúde pública

O Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) aprovou, durante assembleia virtual na noite de quinta-feira, 13, a realização de greve em 19 de janeiro por parte de médicos que atendem na atenção primária à saúde na rede pública da capital. O motivo é a falta de um plano de contingência de combate à nova onda de Covid-19 e ao surto de Influenza H3N2 que considere a carência de profissionais de saúde e de insumos médicos, no que chamam combate a duas pandemias concomitantemente.

Segundo a diretora do Simesp, Juliana Salles, na próxima quarta-feira, 19, a categoria promove às 15h protesto em frente à sede da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá. O objetivo é sensibilizar a administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e Organizações Sociais de Saúde (OSs), responsáveis pelo gerenciamento de grade parte do sistema de saúde público da capital, para o fato de que o aumento de casos de Covid-19, aliado ao surto de Influenza H3N2 a partir de dezembro, com crescimento exponencial do número de casos em janeiro, levou os profissionais à exaustão física e mental.

Sem a devida contrapartida e de forma unilateral, segundo Juliana Salles, a Prefeitura anuncia ampliação de horário de atendimento de unidades de saúde. Para isso, realoca profissionais dos mais variados setores para dar conta da demanda por vacinação, coleta de PCR para teste de Covid-19 e atendimento a pacientes com síndrome gripal. “Na prática, cada vez mais, profissionais de saúde estão sobrecarregados e a população sem o atendimento adequado”, disse.

A infectologista relata que a cada dia cresce o número de profissionais de saúde afastados por atestado médico por Covid-19, doenças e síndromes gripal e de Burnout. Sem medidas adequadas de contingência, alerta que o sistema de saúde da capital caminha para o colapso.

Juliana Salles afirma que a nova variante ômicron e a Influenza H3N2 estão gerando intensa jornada de trabalho e causado filas e superlotação em unidades básicas de saúde e hospitais e que este cenário não encontra resposta à altura da Prefeitura de São Paulo e de empresas responsáveis pelas OSs.

O ato da próxima quarta-feira deve contar com apoio de demais categorias do serviço público paulista. Segundo ela, o objetivo é reunir os mais diversos representantes de trabalhadores da Atenção Primária à Saúde (APS). A infectologista comenta que o sindicato cobra também a reabertura da mesa de negociação com o poder público e as OSs e diz que a população é importante aliada nessa luta.

Na cidade de São Paulo, a gestão das unidades de saúde em sua maioria foi repassada às OSs. “No último levantamento, mais de 75% das 497 unidades básicas de saúde estão privatizadas”, afirma a infectologista. “Os últimos governos do PSDB na Prefeitura de São Paulo tiveram como objetivo entregar toda a rede municipal para as OSs.”

Segundo ela, as reivindicações dos médicos beneficiam todos os trabalhadores da saúde. “Estamos chamando outros sindicatos e assinamos em conjunto uma carta de reivindicações entregue ao governo Ricardo Nunes”, disse. “Todos os outros sindicatos estão apoiando as nossas reivindicações, mas a paralisação no dia 19 será apenas dos médicos”, disse.

A infectologista disse que o Simesp, ao longo dos próximos dias, vai informar a população sobre o que está acontecendo na rede municipal de saúde, porque, no fim, é ela que sofre por falta de condição adequada de atendimento, filas e unidades superlotadas.

“Depois das festas de fim de ano, em janeiro cresceu exponencialmente o número de casos sintomáticos leves da variante ômicron. Em dezembro, com a sinalização desse aumento, as folgas de Natal e Ano Novo foram canceladas nas unidades básicas com a promessa de pagamento de horas extras, mas isso não aconteceu”, critica a dirigente sindical.

Pejotização

Juliana Salles denuncia também a crescente pejotização de médicos da capital paulista. “Eles vão reduzindo e precarizando cada vez mais o trabalho. Agora, querem contratar médico como pessoa jurídica. O médico PJ, se ficar doente, não consegue comprovar a relação de trabalho para ter direito ao INSS e, muito menos, direito a afastamento”, afirma.

Da Redação

 

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