Partido dos Trabalhadores

Lula, em Natal: “A fome é falta de vergonha na cara do governo”

Na capital do Rio Grande do Norte, Lula conhece programas de apoio à agricultura familiar inspirados em seu governo e afirma que não há motivos para o Brasil ter hoje 33 milhões de famintos

Ricardo Stuckert

Lula, Alckmin e Fátima Bezerra, juntos pelo Brasil

Em sua visita a Natal, nesta quinta-feira (16), Lula demonstrou indignação com a fome que voltou a assolar o país. Segundo o ex-presidente, o motivo da revolta é a clareza de que não faltam alimentos no país, mas sim vontade política do atual governo, que permitiu que 33 milhões de brasileiros não tenham hoje o que comer.

“O Brasil tem 33 milhões de pessoas passando fome. E não tem explicação. Se um pequeno produtor rural, com um mínimo de investimento e organização, consegue fazer uma revolução na produção de alimentos, por que tem fome? Na verdade, a fome é falta de vergonha na cara do governo”, disse, referindo-se ao governo de Jair Bolsonaro, ao visitar a Feira Nordestina de Agricultura Familiar.

Transposição do São Francisco

Mais tarde, num ato público do movimento Vamos Juntos pelo Brasil (assista abaixo a íntegra do evento), Lula voltou ao tema, lembrando que, em seu governo, a fome foi combatida na Região Nordeste não só por meio do apoio à agricultura familiar, mas com diversas outras ações, incluindo o programa de cisternas e a transposição do Rio São Francisco.

“A seca é um problema da natureza, mas a fome causada pela seca é falta de vergonha na cara das pessoas que governavam este país. Don Pedro, quando era imperador, tentou fazer a transposição do São Francisco, mas nunca deixaram ele fazer. Pois bem, nós resolvemos fazer, e eu tive o prazer de inaugurar a transposição, feita graças à fé do povo deste país”, lembrou.

LEIA MAIS: Veja e divulgue o legado dos governos Lula e Dilma no Rio Grande do Norte

LEIA MAIS: Veja e divulgue o legado dos governos Lula e Dilma em Natal

Em seguida, Lula ironizou o fato de Jair Bolsonaro agora tentar dizer que foi ele quem fez a transposição. “Fizemos a transposição porque eu não podia conceber a ideia de que uma parte deste país via a sua cabrinha morrer de fome, o seu cachorro morrer de fome, a sua vaquinha morrer de sede porque não tinha um pouco d’água. E agora o Bolsonaro está querendo dizer que foi ele, quando todo mundo sabe que quem construiu 88% do canal foram os governos do PT.”

Segundo o ex-presidente, Bolsonaro precisa sair da Presidência porque seu governo ataca os mais pobres. “Nós vamos voltar a governar este país. E não é o Lula que vai voltar. Vocês vão voltar. Porque se não fosse a confiança de vocês, se não fosse a dedicação de vocês, eu não teria feito o que eu fiz nesse país”, disse, antes de parabenizar todos os governadores do Nordeste por serem uma fonte de resistência ao atual governo federal.

“Quero dar os parabéns aos governadores do Nordeste, que tiveram a grandeza de criar o Consórcio Nordeste para salvar o Brasil da mediocridade política representada pelo atual governo”, disse Lula.

Apoio à agricultura familiar

A Feira Nordestina da Agricultura Familiar, que Lula visitou com Geraldo Alckmin e outras lideranças do movimento Vamos Juntos Pelo Brasil, é um exemplo claro dessa resistência que Lula mencionou.

A feira reúne produtores de toda a região, que contam com o apoio de programas regionais, pensados em parceria pelos estados nordestinos. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, disse, por exemplo, que no estado governado por ela existe um programa inspirado no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), criado por Lula e hoje totalmente desmontado por Bolsonaro.

“Agora, você imagine, se o Nordeste está resistindo desse jeito, com o vento contra e essa desgraça desse governo federal que está aí, imagine com esse homem voltando à Presidência da República deste país”, disse Fátima.

Lula em Natal (RN). Foto: Ricardo Stuckert

“O Brasil precisa de Lula”, diz Alckmin

A experiência conhecida na feira também marcou o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) e a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também discursaram no ato público.

“Constatei lá o que disse um grande potiguar, Câmara Cascudo. Ele dizia que o melhor do Brasil é o brasileiro, é a brasileira. Nós vimos lá um povo trabalhador, criativo, alegre, unido através do associativismo, do cooperativismo, produzindo alimento, riqueza, artesanato”, elogiou Alckmin, que defendeu a volta de Lula à Presidência.

“Nós estamos juntos, presidente, e alguém pode perguntar por quê. Porque o Brasil precisa. O Brasil precisa do Lula para salvar a democracia. O Brasil precisa do Lula para voltar a crescer. No último ano do presidente Lula, a economia cresceu 7,5%. Hoje, os jovens, 30% deles, desempregados. No governo do Lula, o salário mínimo cresceu 74%. Hoje, ele decresceu. No tempo de Lula, a saúde avançou. Hoje, é o negacionismo, negam vacina para criança. O tempo do Lula foi o tempo das universidades, dos institutos técnicos, do Fundeb. Hoje, é o retrocesso”, afirmou o ex-governador.

Gleisi: “Quem sofre é o povo” 

Já Gleisi lembrou que a tragédia causada no país pelo governo Bolsonaro é a causa principal do movimento Vamos Juntos pelo Brasil. “Nesse palanque, pode ter gente que divergiu, que teve diferença e que lutou, mas aqui está quem defende a democracia contra o Bolsonaro. É contra ele que temos que lutar”, defendeu a presidenta do PT.

“O Nordeste está sendo resistência nesse movimento, porque esse governo acabou com o plano da agricultura familiar, acabou com o plano de aquisição direta de alimentos. Hoje, nosso agricultores e agricultoras sofrem, mas quem sofre ainda mais é o povo, que está passando fome, pela carestia da comida que nós temos hoje no Brasil. Onde já se viu um país como este, produtor de alimentos, ter 33 milhões de pessoas na fome, quando já tínhamos banido essa chaga do Brasil?”, criticou Gleisi.

Da Redação