Conheça a verdadeira história da transposição do Rio São Francisco

Uma das maiores obras de combate à seca do mundo é fruto do trabalho e do talento dos brasileiros. Mas não sairia do papel sem a liderança e a vontade política de Lula

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Em 2017, 97,5% da transposição estavam prontos, afirma CGU

A ideia de fazer a transposição do Rio São Francisco para levar água ao sertão nordestino surgiu ainda nos tempos de Don Pedro II. E, durante 160 anos, a obra foi prometida por muitos governantes, sem nunca sair do papel. Precisou que o Brasil tivesse um presidente que, ainda criança, sentiu na pele o que é viver sem água para que as promessas se tornassem realidade. Foi Lula quem teve a real vontade política para que esse sonho de muitas gerações se concretizasse.

Hoje, quando a obra chega ao fim, um presidente que nada fez insiste em dizer que a transposição é sua – nos últimos dias, o governo manteve a tentativa de se apropriar da autoria das obras). Com a cara de pau de sempre, Jair Bolsonaro aproveita a conclusão dos últimos quilômetros para posar diante dos canais abertos por Lula, ao mesmo tempo em que sua fábrica de fake news espalha pela internet vídeos e textos mentirosos para convencer os brasileiros de que o ex-capitão tem algum mérito nessa história. Não tem.

Quando Bolsonaro chegou à Presidência, 97,5% da transposição estavam concluídos. E, mesmo assim, por pouco não a finaliza. Se a obra seguisse o ritmo de Bolsonaro, levaria 43 anos para ser terminada. Mas como 2022 é ano eleitoral, e ele tenta fingir que construiu alguma coisa, posa de “pai da transposição”. 

Ora, a transposição é filha da capacidade do povo brasileiro. Ela exigiu estudos, cálculos, planejamento ambiental, eficiência em engenharia, força braçal e muita conversa entre os vários estados envolvidos para que 12 milhões de brasileiros pudessem ver pela primeira vez a água saindo de suas torneiras. Mas é inegável que nada aconteceria sem o compromisso com os mais pobres e a liderança de Lula, como fica claro na linha do tempo abaixo.

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 Transposição do Rio São Francisco – Linha do tempo

No reinado de Don Pedro II

Em 1847, após dois anos de seca no Nordeste, o intendente da comarca do Crato, no Ceará, Marcos Antônio de Macedo, propõe o primeiro projeto de transposição do São Francisco. Em 1856, uma comissão científica, chefiada pelo Barão de Capanema, inicia outro estudo nesse sentido, que acaba arquivado. A ideia volta a ser defendida em 1886, pelo engenheiro cearense Tristão Franklin Alencar, mas não vai adiante.

1909 a 2001

Projetos da transposição são anunciados pelos presidentes Afonso Pena, Epitácio Pessoa, João Figueiredo, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Nenhum deles, porém, consegue tirar a ideia do papel.

1º de maio de 2003

Lula fala sobre a transposição pela primeira vez desde que se tornou presidente. Em discurso durante encontro da CNBB, em Indaiatuba (SP), diz que fará a transposição, mas não sem antes garantir a revitalização do Rio São Francisco (baixe aqui o discurso).

Eu sempre me recusei a discutir a transposição das águas do jeito que muita gente queria discutir, sem antes discutir como recuperar o rio São Francisco, como recuperar seus afluentes, como recuperar a sua cabeceira. (…) Vou fazer a transposição das águas para o Nordeste brasileiro. A gente não pode permitir que o nordestino fique mais um século subordinado, como vítima da seca. Se a seca é um fenômeno da Natureza, a fome causada por ela é falta de vergonha de quem governou este país durante tantos e tantos séculos”, discursou Lula.

Julho de 2004

Promessa feita, Lula dá o primeiro passo. Após uma série de debates em diferentes pontos do país e com participação de cidadãos, especialistas, ONGs e órgãos federais, estaduais e municipais, é aprovado em Brasília o Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, prevendo a realização da transposição (baixe aqui o documento).

2004 a 2006

Enquanto o governo toma as providências necessárias para o início das obras, Lula discute o tema com a sociedade brasileira. Nesse período, faz 14 discursos e dá sete entrevistas sobre a transposição, segundo levantamento do site lula.com.br. 

2 de fevereiro de 2007

Em mensagem encaminhada ao Congresso Nacional (baixe aqui), Lula informa que foram investidos, em 2006, R$ 93,6 milhões para a revitalização da Bacia do São Francisco e anuncia que as obras de transposição serão iniciadas naquele ano, o que de fato ocorre em agosto. O empreendimento contará com dois eixos: o Norte, com 260km de extensão, e o Leste, com 217km (veja mapa abaixo). 

14 a 16 de outubro de 2009

Lula faz viagem de vistoria das obras, que fica conhecida como Caravana do São Francisco. Nos três dias, visita Minas Gerais, Bahia, Pernambuco e Paraíba. No dia 12, no programa de rádio Café com o Presidente, Lula explica à população a importância da obra:

É uma obra vital para o país e é uma obra em que a gente vai levar a possibilidade de milhões e milhões de brasileiros – que às vezes andam 12 quilômetros, 15 quilômetros para pegar um pote d’água ou para as pessoas que ficam esperando o carro-pipa da prefeitura – de terem esse problema resolvido e viverem dignamente.”

Dezembro de 2010

Em sua mensagem de fim de ano à população, em cadeia nacional de rádio e televisão (assista abaixo), Lula lembra que o Brasil está realizando “um dos maiores projetos de combate à seca do mundo, que irá matar a sede e diminuir a pobreza de milhões e milhões de nordestinos”.

25 de julho de 2011

No sétimo mês de seu primeiro mandato, a presidenta Dilma Rousseff lança o Programa Brasil Sem Miséria em Arapiraca (AL) e assume o compromisso de continuar a obra iniciada por Lula. Disse Dilma:

Eu tenho muita honra de continuar esse projeto. Hoje, estamos aqui assinando o compromisso do meu governo com a universalização da água, afirmando que a água é um direito de todos os nordestinos, seja na forma de cisternas, seja na forma de pequenas barragens ou através de projetos grandes, como a transposição do São Francisco”.

2012 a 2014

A obra ganha 10 novas ordens de serviço e chega a ter 10 mil trabalhadores contratados simultaneamente. Na segunda visita que faz às obras, em 2104, a presidenta anuncia que 60% do projeto estão concluídos.

Setembro de 2015

O canal da transposição recebe as primeiras águas do São Francisco. Os testes com as bombas do sistema de captação da Estação de Bombeamento 1, no Eixo Norte, acontecem com sucesso (assista abaixo reportagem da época). A Estação de Bombeamento 2, no Eixo Leste, fica pronto em Floresta (PE) no mesmo mês.

Maio de 2016

Dilma faz a terceira visita às obras, inaugurando o trecho 2 do Canal do Sertão Alagoano. No mesmo dia, a Comissão Especial do Impeachment no Senado aprova relatório favorável ao afastamento da presidenta. Menos de quatro meses depois, em 31 de agosto, o golpe é concretizado. Na data, 88% da obra estavam pagos.

Março de 2017

O Eixo Leste fica pronto e o golpista Michel Temer visita Sertânia (PE) e Monteiro (PB) para inaugurá-lo no dia 6, em cerimônia esvaziada. Dias depois, Lula e Dilma são recebidos por uma multidão de 100 mil pessoas em Monteiro, para a inauguração popular da obra (veja vídeo abaixo). A população sabe bem quem viabilizou a transposição.

Novembro de 2017

A Controladoria Geral da União (CGU) publica relatório no qual atesta que 97,5% da obra estão prontos. Segundo o documento (acesse aqui), o Eixo Leste está 100% concluído, e só faltam 4,6% para finalizar o Eixo Norte.  

Da Redação

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