Jair Bolsonaro nunca escondeu o seu desprezo pelo Nordeste. Como se não bastasse destilar preconceito em declarações públicas deploráveis, o nefasto presidente da República também tem acumulado ataques aos governadores da região. Mas o seu ódio é incapaz de apagar os resultados obtidos pelos nove estados nordestinos nos últimos anos – todos eles comandados por representantes do campo progressista do país.
Antes de tudo, é inevitável rememorar o imenso legado deixado pelos governos federais petistas à região. A combinação de políticas sociais inclusivas e grandes obras de infraestrutura implementadas na região criou condições para um novo salto no desenvolvimento do Nordeste. Esse desenvolvimento se deu na economia, na educação, na saúde, na atração de investimentos, na inclusão social e na consequente mudança da pirâmide de renda.
Entre 2003 e 2013, o Nordeste teve índice de crescimento de 4,1% ao ano, enquanto o País ficou na marca de 3,3%, de acordo com o Banco Central. Só no ano de 2012, por exemplo, a economia local cresceu o triplo da brasileira.Em 2014, a região passou a ser a segunda maior em consumo, atrás apenas do Sudeste, e corresponde a 13,8% da economia nacional. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), entre 2001 e 2012, o nordestino teve o maior ganho de renda entre todas as regiões, o que fez com a participação da base da pirâmide social caísse 66% para 45%.
Agora, novamente o Nordeste volta a ser destaque diante dos retrocessos impostos a toque de caixa pelo atual governo federal. Para se ter ideia, dos dez estados que mais investem hoje no Brasil, cinco são do Nordeste, segundo dados de Claudio Hamilton Santos, coordenador de Políticas Macroeconômicas do Ipea, em entrevista ao O Globo. Ter as contas públicas em dia, ambição almejada por qualquer unidade federativa, é uma das razões que explicam os avanços em diversas áreas.
O economista da Tendências Consultoria Fábio Klein, também ao Globo, afirma que Alagoas, Piauí, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte têm nota fiscal (que combina endividamento, poupança, liquidez, resultado primário e despesa com pessoal) acima da média nacional.
Outro ponto destacado pelos especialistas é o fato de os estados do Nordeste terem feito as suas próprias reformas da Previdência – dos nove, sete já reformaram seus sistemas de Previdência e dois estão com projetos em tramitação. Alagoas, Bahia, Ceará, Piauí e Sergipe, além de aumentarem as alíquotas de contribuição para 14% (obrigação imposta pela reforma da Previdência federal), também fixaram idade mínima, avançando nas reformas. No Sudeste, só Espírito Santo o fez até agora.
“Boa situação fiscal, avanço acelerado de indicadores sociais e atração de investimentos privados. Fruto de ações que começaram anos atrás, os estados e as capitais da região, mesmo administrados por partidos diferentes, vivem momento semelhante e atuam cada vez mais em coordenação”, destaca a reportagem.
Foco distorcido
Para a presidenta Nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, o teor da matéria publicada pelo O Globo tenta ofuscar o trabalho feito pelo partido e aliados na região. “O que o Globo quer é reescrever a história do desenvolvimento do Nordeste nos governos do PT, que olharam para a região como nenhum outro, atribuindo esse sucesso a ajuste fiscal e reforma da Previdência. O que mudou o NE foram os Investimentos federais de nossos governos em portos, estaleiros, gasodutos, Petrobras, estradas, estimulando indústrias e exportação.
A presidenta vai além e recorda: “Mais Bolsa Família, 1,2 milhão de cisternas, reforma agrária, Pronaf, PAA, universidades e escolas técnicas, que mudaram a vida do povo e criaram mercado de consumo. Tudo isso combinado com governos do PT e aliados. É Por tudo isso o povo do Nordeste reconhece o PT, ama Lula e votou em Haddad. Ninguém vai tapar este sol brilhante com peneira furada”.
Consórcio Nordeste: força e unidade progressista
Lançado no segundo semestre de 2019, o Consórcio Nordeste é a resposta imediata às políticas antipovo de Jair Bolsonaro. De quebra, mostra a força e a unidade do campo progressista na região. Em setembro, os governadores do Nordeste estiveram reunidos para debater, entre outras temas, propostas para a Reforma Tributária que tramita no Congresso Nacional. Essa reunião do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste é a primeiro após o lançamento do 1º edital de compras coletivas do grupo, para aquisição de medicamentos do componente especializado da assistência farmacêutica.
Além da pauta prioritária da reforma tributária, os governadores nordestinos também discutiram a captação de investimentos para a região, compras coletivas do Consórcio do Nordeste, concessões e a situação da Petrobras e a elevação da cota de importação de etanol não tributada dos EUA, sem nenhuma contrapartida direta, e as suas possíveis consequências par a os produtores nacionais, em especial aos do Nordeste.
Da Redação da Agência PT de Notícias com informações do jornal O Globo