O deputado Leo de Brito Lula (PT-AC) defendeu em plenário, nesta quarta-feira (20), que o Parlamento brasileiro repudie a política de imigração do presidente Donald Trump, que separa crianças de seus pais na fronteira dos EUA com o México.
“Exigimos, aqui, também providências do governo brasileiro em relação a essa situação, em especial sobre as oito crianças brasileiras que também estão nesta situação, estão enjauladas nos Estados Unidos, conforme divulgou o jornalista Guga Chacra, em seu Twitter”, afirmou o deputado.
O parlamentar se sensibilizou ainda com o fato de uma das oito crianças brasileiras terem sido separadas dos pais, mesmo precisando de atenção especial. Uma delas é autista e tem epilepsia. “A situação comove o Brasil e o mundo. O que está acontecendo ali é uma desumanidade, uma violação de direitos fundamentais”, lamentou.
A deputada Benedita Lula da Silva (PT-RJ), lembrou em plenário que hoje, 20 de junho, é o dia do refugiado. “E, infelizmente, o que estamos assistindo é um novo holocausto com essa política de tolerância zero para imigrantes nos Estados Unidos. O que estão fazendo com essas crianças, com essas famílias é o mesmo que aconteceu na Alemanha nazista. Quem assistiu ao filme ‘O menino do pijama listrado’ sabe muito bem do que eu estou falando”. Sem esconder sua emoção e revolta, Benedita enfatizou que são mais de duas mil crianças enjauladas e separadas dos pais.
A parlamentar cobrou também uma manifestação do Itamaraty. “A diplomacia brasileira precisa se manifestar, precisa agir, tem crianças brasileiras lá nesta triste situação”, enfatizou.
Papa Francisco
Também nesta quarta-feira (20), o Papa Francisco criticou a política do governo americano e fez uma defesa da imigração, em especial na Europa. Em entrevista à agência de notícias Reuters, ele afirmou que o populismo não é a solução para resolver as questões de migração pelo mundo. Ele apoiou ainda a declaração recente dos bispos dos Estados Unidos, que classificaram a separação das crianças dos pais de imoral e “contrária aos valores cristãos”.
O pontífice não citou o presidente americano Donald Trump, responsável pela implementação da política de “tolerância zero” na fronteira do país com o México que já afetou mais de 2.000 crianças. Porém reforçou que políticos populistas estão exagerando sobre o assunto. “Alguns governos têm trabalhado nisso (o recebimento dos imigrantes) e as pessoas devem ser assentadas da melhor maneira possível, mas provocar psicose não é a cura. Populismo não resolve coisas. O que resolve é aceitação, estudo e prudência”, frisou.
Tolerância zero
Em abril desde ano, o procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, anunciou a política de tolerância zero do governo federal. A medida prevê que todos os detidos ao tentarem cruzar ilegalmente a fronteira, incluindo requerentes de refúgio, sejam indiciados. Desde então, cerca de duas mil crianças foram separadas de suas famílias, gerando indignação e críticas de ambos os partidos norte-americanos – Republicano e Democrata – e de líderes internacionais.
A crise se agravou nesta semana, quando imagens das condições em que essas crianças estão sendo mantidas vieram a público. “Nada menos que uma prisão”, descreveu o congressista democrata Peter Welch, no twitter, sobre um centro de detenção no Texas (EUA). O comentário foi feito após uma visita do parlamentar juntamente com outros deputados e alguns jornalistas.
Por PT na Câmara