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Saúde: Padilha aponta desafios para superar pesadelo de Bolsonaro

Em entrevista ao Jornal PT Brasil, candidato a deputado federal pelo PT defende reorganizar o SUS, aumentar a produção de medicamentos e reconstruir o que foi destruído pelo governo

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Alexandre Padilha, deputado federal (PT-SP) e ex-ministro da Saúde

Em entrevista nesta segunda-feira (22) ao Jornal PT Brasil, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) classificou como um “pesadelo” a condução do governo de Jair Bolsonaro no combate à pandemia de Covid-19 no país, que irá deixar traumas na vida do povo brasileiro por muitos anos.

“Eu que fui ministro da Saúde no governo Dilma e fui ministro no governo Lula durante a outra pandemia, a da H1, eu sei o que o Brasil poderia ter feito de diferente no cuidado da saúde das pessoas, o Brasil poderia ter liderado a campanha de vacinação no mundo, como fizemos naquela época”, apontou Padilha. “Mas Bolsonaro fez justamente tudo contrário a isso, jogou o povo brasileiro no caminho da morte, mais de 600 mil mortos, além das sequelas que duram muito tempo”, criticou.

“Primeiro, pelas mortes que afetaram as famílias, famílias inteiras, nós temos mais de 100 mil órfãos no Brasil hoje. Segundo, a destruição da saúde, nós equipes inteiras que forma dizimadas ou com sequelas, eu conheço equipes de UTI que foram desmontadas porque as pessoas morreram ou estão com sequelas e não podem continuar trabalhando”, afirmou ele.

Padilha, que é candidato à reeleição, lembrou que foi aprovada a Lei 14.128, da qual ele é um dos autores, e que garante uma indenização para os trabalhadores da saúde e da assistência social. Bolsonaro vetou, mas o Congresso derrubou o veto. O extremista de direita entrou na justiça para questionar sua constitucionalidade, mas na semana passada o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a lei e está autorizado o pagamento das indenizações.

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O parlamentar petista citou como uma terceira consequência da pandemia o drama das pessoas que, felizmente, não morreram da doença, mas  sofreram sequelas no coração, neurológicas e musculares e que precisam de atendimento médico. Isso exige uma reorganização do Serviço Único de Saúde (SUS) para atender todas essas pessoas.

“E a quarta sequela é exatamente os problemas de saúde que ficaram represados enquanto Bolsonaro disseminava a pandemia. Na medida em que não vacinava a população, incentivava as pessoas a se infectarem, era contra o lockdown, os serviços de saúde ficaram pressionados com as internações por Covid-19. Então as cirurgias eram canceladas, exames de câncer eram cancelados, outros atendimentos de saúde mental também, tudo isso ficou represado e veio a pressionar o sistema de saúde agora”, explicou Padilha.

“O presidente Lula terá o grande desafio de reorganizar o SUS para resolver esses problemas que ficaram represados, fazer a fila de cirurgias andar, acolher as pessoas que não conseguiram fazer os exames e antecipar o diagnóstico de câncer, reorganizar o atendimento de saúde mental, voltar com o ‘Mais Médicos’ para fazer o atendimento lá perto onde as pessoas vivem, nas áreas mais vulneráveis, mais remotas e nas periferias das grandes cidades, para dar conta de resolver esse pesadelo provocado por Bolsonaro durante a pandemia”, analisou.

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Legado e Desafios

Sobre os feitos e realizações dos governos petistas na área da saúde, Padilha contou que durante o final de semana esteve no interior do estado de São Paulo e foi da periferia da Zona Leste até a da Zona Oeste da capital. Ele afirmou que tudo o que foi realizado na área de saúde foi feito durante os governos do PT e citou como exemplos o Samu, as UPAS 24 horas que não existiam antes de Lula ser presidente. E mais: quando ministro,  Padilha inaugurou mais de mil unidades, além de programas como o Brasil Sorridente e o Mais Médicos.

Segundo ele, além de ampliar o atendimento às pessoas mais pobres, o Mais Médicos contribuiu na formação e na inclusão de novos profissionais nos cursos de medicina. Como médico e professor universitário, Padilha lembrou que quando entrou no curso de medicina em 1989, dos 100 alunos de sua turma apenas dois eram negros. Hoje, ele ministra aulas para turmas com mais de 30% de estudantes negros. “Essa mudança na inclusão nos cursos de medicina e da área da saúde aconteceu durante o governo do presidente Lula. Então, se tem marcas alcançadas na saúde, foram graças a Lula”.

Durante a entrevista, Padilha falou sobre os desafios a serem enfrentados por um futuro governo petista na área da saúde pública.

“Eu sempre digo que temos quatro grandes compromissos: o primeiro é superar de vez a pandemia, cuidar das pessoas que foram sequeladas, reorganizar os serviços de saúde que foram desmontados e o Brasil voltar a liderar a produção de vacinas, não somente para aqui, mas para fora”, enumerou Padilha. “O segundo é acolher todos os problemas que foram represados durante a pandemia. O terceiro grande desafio é aumentar a nossa capacidade nacional de produção de medicamentos, de tecnologia na saúde, o Brasil tem grande potencial para produzir vacinas, medicamentos contra o câncer e equipamentos”, argumentou.

“Para garantir o bom atendimento precisamos de produzir aqui, garantir mais empregos no setor aqui e gerando soberania, pois o Brasil não pode ficar dependente como aconteceu na pandemia. E o quarto desafio é reconstruir tudo aquilo que Bolsonaro destruiu no SUS. Para se ter ideia, ele acabou até com a coordenação nacional de saúde para as pessoas com deficiência”, afirmou Padilha.

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Comício histórico

Sobre o comício histórico realizado no sábado (20), no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, que reuniu Lula, Alckmin, Haddad e as candidaturas da Coligação no estado, Alexandre Padilha destacou a enorme presença do povo no ato, apesar do frio intenso.

“É uma coisa histórica a gente estar aqui com este time que junta Lula, Alckmin, Haddad, Márcio França, Marina Silva, um time bastante amplo, forte, progressista, como a gente antes nunca tinha conseguido juntar. Isso dá muita força para a campanha de Lula já no primeiro turno, muita força para o Haddad, para a campanha do Márcio França como senador”, avaliou o deputado.

“E a energia da fala do presidente Lula durante o ato: ele foi preciso, dando um banho de energia na militância, dividindo a responsabilidade pela vitória. Faltam 41 dias para as eleições e [precisamos de] gente conversando com cada pessoa em seu lugar de trabalho, na igreja em que frequentam, na escola, no lazer, junto com a família, para conseguirmos eleger Lula, o Haddad em São Paulo e fazer uma grande bancada de deputados e deputadas federais”, enfatizou Padilha.

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Da Redação