Paulo Caires não precisa de mais que alguns segundos para explicar as razões que o fizeram entrar para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, espécie de monumento maior da classe trabalhadora e que carrega ao longo dos últimos 60 anos passagens memoráveis da história recente nacional.
“As paralisações contra o aumento da inflação, contra a retirada de direitos e pelo fim da ditadura militar me chamavam a atenção e ficaram marcadas para mim quando comecei a trabalhar como metalúrgico. Quando entrei para o sindicato em 1990, eu já sabia que todos ali lutavam para além das causas imediatas. Era, na verdade, uma luta por uma sociedade mais justa e igualitária”, recorda.
O sindicato, cujo aniversário será comemorado neste sábado (11) com ato de encerramento da Caravana Lula Livre com Haddad, transformaria não apenas a visão de Caires sobre o país e a política. Foi ali, nos corredores daquele prédio da Rua João Basso em São Bernardo do Campo que o metalúrgico de carreira construiria uma sólida amizade com um colega famoso, que costuma chamar o sindicato de “segunda casa” há cinco décadas.
“Desde o meu primeiro dia no sindicato passei a receber Lula durante reuniões. Depois, começamos a nos encontrar também nas partidas de futebol. Desde então, ele tornou-se um dos meus grandes amigos. Estive com ele também nos momentos difíceis e ainda fico impressionado com o tamanho da sua força”, orgulha-se Paulão, como é chamado pelo ex-presidente com quem permaneceu lado a lado durante aquele fatídico 7 de abril de 2018 – dia em que Lula tornou-se oficialmente o primeiro preso político do país desde a reabertura democrática.
O fato de ter sediado uma passagem triste da história recente do país não reduziu em nada o peso que o sindicato ainda tem sobre a militância e os milhões de trabalhadores e trabalhadoras que representa. Pelo contrário. Para Caires, o fato de a corporação chegar aos 60 anos com vigor e representatividade só mostra o tamanho das lutas que ainda virão.
“O nosso sindicato sempre foi inovador em vários aspectos. Todas as mobilizações que organizamos devem servir de inspiração para que continuemos a conscientizar o trabalhador. A nossa grandeza não é no tamanho. É na política que ele produz, nas discussões, e nos debates que se constroem o nosso protagonismo”. conclui.
Ato reúne lideranças da esquerda e de movimentos sociais
Fundado em 12 de maio de 1959, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC tem trilhado trajetória que se confunde com a história do próprio país desde então. Por isso, a escolha do local como sede do ato de encerramento da Caravana Lula Livre é quase que natural. O aniversário será celebrado na véspera, neste sábado (11), a partir das 14h, com uma série de atividades culturais e artísticas abertas ao público.
No fim da tarde, acontece o ato político pela liberdade do ex-presidente Lula com a participação, do ex-ministro Fernando Haddad, da presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann, além de representantes de movimentos sociais, lideranças sindicais e políticas.
As atividades artísticas serão realizadas na Rua José Bonifácio, ao lado da sede do Sindicato. O palco será instalado em frente ao estacionamento térreo. Entre as atrações confirmadas estão Ana Cañas, Grazzi Brasil, Mariana Moraes, Aline Calixto, Almirzinho, Dexter, e as bandas Aláfia, Favela Pesada e Comunidade do Samba.
No local, haverá também feira de produtos orgânicos, do MST, barracas de lanches e bebidas e estandes para venda de livros, camisetas, artesanato, entre outros produtos.
Serviço:
Aniversário de 60 anos do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
Data: 11/05 (sábado)
Horário: a partir das 14h (ato político às 16h e 19h, intercalados com shows musicais)
Local: ao lado da sede do Sindicato (Rua João Basso 231 / Rua João Bonifácio – Centro – São Bernardo)
Da Redação da Agência PT de Notícias