“Eu não estaria aqui se não existisse o Elas por Elas.” A frase é de Rebeca Gomes, de 21 anos, a mais jovem candidata do Distrito Federal a disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Ela é uma das mais de 300 mulheres que passaram por formação em política, planejamento de campanha e comunicação por meio do projeto Elas por Elas.
A iniciativa, promovida pela Secretaria Nacional de Mulheres do PT em parceria com as secretarias estaduais, proporcionou ainda acesso a oficinas contábil e jurídica às candidatas que colocaram o nome à disposição para a disputa eleitoral pelo Partido das Trabalhadoras e dos Trabalhadores.
O encontro dessas mulheres, separadas geograficamente, mas unidas pela luta por representação política, aconteceu nesta terça-feira (14), na capital federal, para o encerramento da primeira fase do Elas por Elas.
O lugar escolhido foi o acampamento do ginásio Nilson Nelson, onde centenas de manifestantes estão acampados para defender o registro da candidatura de Lula à Presidência da República nesta quarta (15).
A rapper brasiliense Vera Verônika abriu as atividades e soltou a voz pelo fim da violência contra as mulheres. “Calada não vou mais ficar, resolvi denunciar. Isso aí tem que parar, liberdade eu quero”, cantou.
A senadora Regina Sousa (PT-PI) e também candidata a vice-governadora pelo Piauí destacou a importância do projeto para o fortalecimento das mulheres na luta por protagonismo em espaços de poder e decisão.
“O projeto foi uma ideia muito feliz, que mexeu com a autoestima e deu gás para as mulheres do PT continuarem na luta. Elas, que sempre estão na base, precisam ser protagonistas”, completou.
Na opinião da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), os resultados da iniciativa pioneira do PT são absolutamente positivos.“O Elas por Elas deu fôlego às nossas campanhas. Pela primeira vez, nós, mulheres, teremos essa cobertura do partido, isso muda a história do partido”, avaliou Benedita.
“O PT não vai ter candidatas laranjas.” A secretária nacional de Mulheres, Anne Karolyne, repetiu essa frase em diversos momentos para reafirmar que o objetivo do projeto é permitir que as candidatas tenham condições reais de fazer a disputa eleitoral, e não apenas cumprir a cota de gênero determinada pela legislação.
A secretária lembrou ainda que o PT é pioneiro no Brasil na aprovação da paridade de gênero, e que o projeto é um instrumento para fortalecer essa política interna de democracia.
“O nosso partido nasceu para ser diferente, e temos que começar com o aumento da participação de nossas mulheres na política. O Elas por Elas é só um passo, que faz com que a nossa força e a nossa luta seja renovada”, reforçou Anne.
A vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, também destacou que o Elas por Elas como um projeto revolucionário para o PT e para as mulheres. “Eu não tenho dúvida de que a revolução será feminista. Não aceitaremos ser apenas 10% do Congresso, o nosso lugar é na política, e é pra lá que nós vamos”, afirmou.
O encontro de encerramento do Elas por Elas precedeu o grande ato de registro da candidatura de Lula. Durante sua fala, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) reafirmou o apoio das mulheres ao ex-presidente , que estarão em marcha nesta quarta para defender a sua candidatura.
“Não aceitamos que os candidatos do ódio possam falar em praça pública enquanto o líder do povo é mantido como preso político”, protestou.
O encontro também apresentou às mulheres presentes o videoclipe da música-tema do Elas por Elas gravado pelas parlamentares. O mote da letra é a luta pelo espaço político culturalmente negado às mulheres. O caminho longo a ser percorrido, no entanto, pode ficar menos árduo quando a coletividade é colocada em prática.
O Elas por Elas foi lançado nacionalmente em abril deste ano, em Curitiba (PR). Em São Paulo, no mês de junho, o projeto foi apresentado com o recorte para as mulheres LBT (lésbicas, bissexuais e transexuais). Em julho, o Elas por Elas Mulheres Negras teve seu lançamento no Rio de Janeiro.
Por Geisa Marques, da Comunicação Elas por Elas