Desde que chegou à Presidência, Jair Bolsonaro teve a desfaçatez de contar mais de 5 mil mentiras aos brasileiros. O dado é do site de checagem Aos Fatos, que semanalmente atualiza o número, que não para de crescer. Até a quinta-feira (30), eram 5.140 declarações falsas ou distorcidas em 1.184 dias de desgoverno.
Bolsonaro se empenha especialmente em tentar parecer honesto. Também segundo o Aos Fatos, a mentira mais repetida por ele é a de que seu governo está há “três anos e três meses sem corrupção”. Parece piada, mas não é. O atual presidente já repetiu essa lorota 191 vezes.
É como se não existissem três ministros que saíram do governo por envolvimento justamente em casos de corrupção. Sendo o episódio mais recente o de Milton Ribeiro, que deixou a pasta da Educação após ser gravado confessando que tinha entregue o controle do orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a dois pastores porque Bolsonaro pediu!
É como se ele não tivesse sido avisado de um esquema de corrupção envolvendo a compra de vacinas contra a Covid e nada feito. Episódio, aliás, que originou só uma das seis investigações na qual foi incluído.
E é como se não sobrassem provas de que ele e seus filhos há anos enchem os bolsos de rachadinha.
No Dia da Mentira, lembremos sete evidências de que Bolsonaro mente quando diz que não se envolve com corrupção:
1. Rei da rachadinha, Bolsonaro é suspeito desde a época de deputado
Já está mais que constatado que Jair Bolsonaro, quando deputado, e seus filhos ganharam dinheiro empregando em seus gabinetes funcionários fantasmas que só ganhavam o cargo de assessor porque devolviam a eles parte dos salários.
O caso mais conhecido é o de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj que fez movimentações suspeitas na ordem de R$ 1,2 milhão, incluindo cheques para a primeira dama, Michele Bolsonaro. Foi Bolsonaro quem indicou Queiroz, um antigo amigo, para trabalhar no gabinete de Flávio.
Mas existem muitos outros ex-assessores envolvidos nesse esquema, sendo que alguns passaram pelos gabinetes de mais de um membro da família Bolsonaro. Uma dessas pessoas é Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro que foi flagrada em áudio contando que o atual presidente demitiu um assessor “porque ele nunca me devolve o dinheiro certo” (ouça no vídeo abaixo).
2. A ligação com as milícias
O caso Queiroz serviu ainda para deixar mais clara a ligação da família Bolsonaro com as milícias que atuam no Rio de Janeiro. O gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj, que era comandado por Queiroz, empregava Danielle Mendonça Costa da Nóbrega, esposa de Adriano da Nóbrega, ex-capitão do Bope conhecido como Capitão Adriano e apontado como o chefe de uma quadrilha de milicianos, o chamado “Escritório do Crime”.
3. Já presidente, Bolsonaro foi incluído em 6 investigações
Hoje, Bolsonaro é investigado em seis inquéritos – cinco abertos pelo STF e um pelo TSE. São eles:
- Interferência na Polícia Federal: Durante reunião ministerial, em abril de 2020, Bolsonaro deixou claro que desejava mudar a chefia da PF para evitar que os filhos fossem investigados
- Prevaricação: Após receber a denúncia de que havia no Ministério da Saúde um esquema de corrupção para a compra de vacinas contra a Covid-19, Bolsonaro teria prevaricado, ou seja, não cumprido com seu dever
- Divulgação de notícias falsas sobre a Covid-19: Desde o começo da pandemia, Bolsonaro falou muita mentira. A gota d’água, que o fez ser investigado, foi quando, numa live, sugeriu que a vacina pode transmitir o vírus HIV
- Ataques às urnas eletrônicas: Bolsonaro cometeu um verdadeiro atentado à democracia ao espalhar mentiras sobre as urnas eletrônicas. Acabou virando alvo de investigação
- Vazamento de dados sigilosos: Na sua ânsia de atacar o sistema eleitoral brasileiro, Bolsonaro acabou mostrando, ao vivo na internet, partes de uma investigação sigilosa da PF sobre um ataque hacker ao site do TSE. O ataque não mirava as urnas, mas Bolsonaro, como sempre, usou o fato para enganar as pessoas
- O sexto inquérito (aberto pelo TSE) também tem relação com o ataque às urnas: após afirmar que tinha provas de que as eleições de 2018 haviam sido fraudadas, Bolsonaro foi intimado a mostrá-las. Só apresentou mais fake news.
4. Para continuar impune, comprou o Congresso com o orçamento secreto
De tanta coisa que aprontou, Bolsonaro não só passou a ser investigado como também virou alvo de mais de 100 pedidos de impeachment. Mas, como um processo judicial ou de impeachment só podem ser abertos após autorização da Câmara dos Deputados, Bolsonaro garantiu apoio da maioria dos deputados por meio do Orçamento Secreto. Ou seja, distribuiu dinheiro para que os deputados que o apoiam façam emendas à vontade.
5. Ministros flagrados em escândalos
Três ministros de Bolsonaro deixaram o governo suspeitos de envolvimento com corrupção: Milton Ribeiro (Educação) caiu depois que entregou (a pedido de Bolsonaro!) o orçamento do FNDE a dois pastores sem cargo oficial no MEC. Ricardo Salles (Meio Ambiente) saiu investigado por contrabando de madeira ilegal; e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo) deixou a pasta acusado de participar ativamente de um esquema de corrupção em Minas Gerais.
6. Se prega a transparência, por que decreta sigilo?
Foi durante a pandemia que surgiu outro escândalo do governo Bolsonaro: a decretação de 100 anos de sigilo ao processo administrativo sobre a participação do general Eduardo Pazuello em um ato político, no Rio de Janeiro, ao lado de Jair Bolsonaro. Ao participar do ato, o ministro e general quebrou as regras das Forças Armadas. Mesmo assim, não foi punido e seu processo, escondido do público.
7. Enquanto isso, os filhos vão morar em mansões
Mesmo diante de tantas denúncias, a família Bolsonaro não demonstrou um pingo de vergonha na cara nem qualquer sinal de que pretende parar de agir em benefício próprio. Em março de 2021, Flávio Bolsonaro adquiriu uma mansão de R$ 6 milhões em Brasília numa negociata no mínimo estranha. Cinco meses depois, descobriu-se que Jair Renan e a mãe, Ana Cristina Valle, ex-mulher de Bolsonaro, se mudaram para uma mansão de R$ 3,2 milhões, em outra negociação para lá de suspeita.
Da Redação