A cada dia que passa as relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro ficam mais evidentes. Flávio Bolsonaro, o filho ’01’ de Jair, até tentou dizer que a homenagem que prestou a Adriano Magalhães Nóbrega se resumia ao reconhecimento do trabalho de um policial. O que ele escondeu, no entanto, é que visitou o miliciano, que foi morto na Bahia no dia 9, quando ele estava preso no Rio de Janeiro, segundo reportagem do jornal O Globo.
A publicação entrevistou o vereador Ítalo Ciba (Avante), que é sargento da Polícia Militar. O hoje parlamentar da capital fluminense disse que quando esteve na prisão com Nóbrega, os dois receberam “mais de uma vez” visitas de Flávio Bolsonaro. Ainda segundo Ciba, o miliciano frequentava o gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a convite de Fabrício Queiroz, ex-chefe da segurança do filho de Jair Bolsonaro.
O vereador também revelou ao jornal que conheceu o miliciano em 2002 quando foi trabalhar no 16º BPM. Ciba disse não saber quando Adriano conheceu Flávio Bolsonaro e os demais integrantes da família, mas acredita que o contato foi feito por meio de Queiroz. “Sei que ele (Adriano) se dava muito bem com o Flávio, devido ao (Fabrício) Queiroz. Queiroz trabalhou com Adriano lá atrás. Eu sei que o Adriano, de vez em quando, o Queiroz chamava pra ir lá no gabinete. Ele (Adriano) ia no gabinete, quando nós estivemos presos o Flávio foi lá visitar a gente. Mais de uma vez”, revelou ao O Globo.
Para o vereador, a morte de Nóbrega se trata de uma “covardia” e ele também acredita que o ex-colega de corporação pode ter sido vítima de uma “queima de arquivo”. Entenda as relações da família Bolsonaro com Nóbrega e as milícias:
Defendido por Jair e homenageado por Flávio
Ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega é apontado como o chefe de uma das milícias mais antigas do estado, responsável por diversos assassinatos. Ele já foi preso e solto três vezes. Em 2014, foi expulso da PM por ter ligações com bicheiros. Durante uma das prisões em 2005, por iniciativa do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, o miliciano recebeu a Medalha Tiradentes, mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. No mesmo ano, Jair Bolsonaro fez um discurso na Câmara dos Deputados, quando ainda era deputado federal, defendendo Adriano.
Miliciano era investigado por ‘rachadinha’ de Flávio Bolsonaro
O filho mais velho de Jair Bolsonaro empregou, até novembro 2018, um mês após ser eleito senador, a mãe e a esposa de Adriano. Na época, cada uma tinha um salário de R$ 6.490,35. Segundo a Folha de S. Paulo, a mãe do miliciano, Raimunda, repassou dinheiro para Queiroz. O amigo de Jair Bolsonaro recebeu R$ 92 mil em 18 depósitos feitos em uma agência próxima a um restaurante de Raimunda e na mesma rua onde seu filho também tinha negócio. Segundo o Ministério Público, contas controladas por Nóbrega abasteciam Queiroz, no esquema conhecido como ‘rachadinha’, em que Flávio ficava com parte dos salários dos funcionários da Alerj.
Queiroz e depósito para Michelle Bolsonaro
Queiroz e Adriano trabalharam juntos no 18º Batalhão da PM. Foi por meio de Queiroz que familiares de Adriano foram contratados como assessores no gabinete de Flávio. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou que o ex-assessor de Flávio recebeu R$ 2 milhões de reais de forma fracionada, de 13 funcionários do gabinete de na Alerj. O Ministério Publico, inclusive, descobriu que Queiroz depositou R$ 24 mil na conta de Michelle Bolsonaro, esposa de Jair.
Polícia informou Sérgio Moro sobre operação na BA
A Folha informou, nesta segunda-feira (10), que a operação que matou Adriano teve conhecimento prévio do Ministério da Justiça, comandado por Sérgio Moro. O ex-juiz, inclusive, deixou o miliciano fora da lista que divulgou, no dia 31 de janeiro, sobre os criminosos mais procurados do Brasil. Questionado sobre a ausência, o ministério que comanda Polícia Federal disse que as as acusações contra Adriano “não possuem caráter interestadual, requisito essencial para figurar no banco de criminosos de caráter nacional”.
Da Redação da Agência PT de Notícias, com informações do O Globo, Folha e Carta Capital