Como se não bastasse o corte pela metade do auxílio emergencial, operado pela guilhotina do ministro da Economia Paulo Guedes, as famílias mais pobres são massacradas pelas constantes reduções de seu poder de compra. Índice de Preços ao Consumidor, categoria C-1, divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, nesta terça-feira (6), indica alta de 4,54% no preço de serviços e produtos para famílias com renda entre um e 2,5 salários mínimos em 12 meses. O índice geral acumulou alta de 3,62%.
O índice mantém tendência de alta desde junho, batendo 0,89% em setembro, ante 0,53% em agosto. A alta dos preços dos alimentos para os mais pobres tem sido uma constante do desgoverno Bolsonaro, mais uma confirmação de que, em tempos de crise, a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, a população vulnerável.
Componentes fundamentais do consumo alimentar no país, o arroz e o feijão, tradicionais fontes de sustento do povo do brasileiro, estão desaparecendo das cozinhas das famílias. Isso porque, segundo a FGV, o IPC-C1 os dois itens da cesta básica sofreram uma alta de 1,02% para 10,64% em 12 meses. Ou seja, além da carne, o brasileiro agora agoniza para comprar produtos seculares que costumavam fazer parte da sua dieta.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) também divulgou nesta terça-feira relatório registrando alta de preços da cesta básica, entre agosto e setembro, em todas as 17 capitais pesquisadas. Segundo o ‘G1’, as maiores variações ocorreram em Florianópolis (9,8%), Salvador (9,7%) e Aracaju (7,13%).
Alta explosiva no preço do óleo de soja
De acordo com o Dieese, o óleo de soja e o arroz tipo agulhinha sofreram altas explosivas. As maiores altas no preço do óleo de soja foram observadas em Natal (39,62%), Goiânia (36,18%), Recife (33,97%) e João Pessoa (33,86%). Já o preço do arroz sofreu variações mais significativas em Curitiba (30,62%), Vitória (27,71%) e Goiânia (26,40%).
Em setembro, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) também constatou que a variação de preços para famílias mais pobres mais do que dobrou em comparação a das mais ricas. Segundo o Ipea, a inflação para famílias com renda mensal menor que R$ 1.650, aumentou 3,2% em 12 meses.
Já para famílias com faturamento acima de R$ 16,5 mil a variação foi de 1,5%. Em agosto, também houve alta de 0,38% para a inflação dos mais pobres e uma variação negativa de 0,10% para os mais ricos.
Renda em queda livre
Enquanto isso, a renda do trabalhador segue em queda livre. De acordo com a pesquisa ‘Efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho brasileiro’, publicada no mês passado pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social), a renda média do trabalhador caiu 20,1%. O levantamento abrange o mercado formal e informal.
Entre abril e junho, a renda média despencou de R$ 1.118 para R$ 893, em relação ao primeiro trimestre de 2020. Ao mesmo tempo, a desigualdade, medida pelo índice de Gini, aumentou 2,82%.
Abandonados por Bolsonaro, os mais pobres foram atingidos de maneira brutal pela pandemia: a metade mais pobre da população brasileira perdeu 27,9% da renda, em média, passando de R$ 199 para R$ 144. Já os 10% mais ricos perderam 17,5%, com redução de R$ 5.428 para R$ 4.476.
Enquanto o trabalhador é massacrado, Bolsonaro e Guedes cometem austericídio ao optar pela manutenção do teto de gastos e uma agenda de lucro dos bancos. “Até o FMI diz que elevar investimento público gera emprego e crescimento”, observa a presidenta do PT, deputada Gleisi Hofmann. “Mas Guedes segue cegamente cartilha neoliberal que defende teto dos gastos, que congelou investimentos por 20 anos, e aposta na iniciativa privada para superar a crise. Como dizem por aí, segue o enterro, vão afundar o país”, advertiu Gleisi.
Da Redação, com informações de ‘G1’ e ‘CUT’