A presidenta eleita, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (25) que a agenda implementada pelo presidente golpista, Michel Temer, é guiada pelo lema “nenhum direito de pé”, enquanto que a agenda do seu governo era “nenhum direito a menos”.
A declaração fez parte do discurso de Dilma para milhares de pessoas que lotaram a praça General Valadão, em Aracaju (SE), em ato que integra a Jornada pela Democracia. De acordo com a presidenta eleita, o julgamento ao qual está submetida no Senado não é sobre um crime, mas sobre “um não crime”.
“Não só a perícia no Senado me inocentou, como também me inocentou o Ministério Público”, afirmou Dilma sobre as manifestações dos peritos do Senado e de Ivan Marx, procurador da República no Distrito Federal. “Mas para eles [os golpistas] pouco importa, o que importa é me tirar do poder para levar adiante um processo de perda de direitos do povo.”
Dilma listou como áreas centrais de ataques a direitos do povo a Saúde e a Educação, especificamente o Sistema Único de Saúde (SUS), o programa Mais Médicos e a Educação pública gratuita.
“Querem acabar com o Mais Médicos da forma disfarçada que usam sempre: com golpes e artimanhas”, afirmou a presidenta, ao denunciar que Temer planeja interromper a contratação de médicos cubanos. Ela criticou também os movimentos do governo golpista para atingir o SUS, uma forma de excluir os mais pobres do acesso à Saúde.
“Querem impedir o acesso do povo ao SUS”, afirmou Dilma. “Dizem que o SUS não cabe no orçamento, mas não cabe no orçamento deles, que não tem espaço para a Saúde e a Educação. A saúde do pobre deste país não é diferente da saúde dos ricos deste país.”
Sobre a Educação, Dilma avaliou que estão “tentando acabar com a universidade pública e gratuita”, com a interrupção de programas e iniciativas que põem em risco as possibilidades de ensino de qualidade e solidário nas escolas. Uma dessas iniciativas, citadas por Dilma, é a proposta chamada de Escola Sem Partido. Outra iniciativa é a suspensão de bolsas do Ciência Sem Fronteiras.
“Educação sem partido é o coroamento dessa visão que transforma o Brasil não numa pátrica desenvolvida, um local onde impera a tolerância, uma escola de forma cidadãos e pessoas. Mas querem nos transformar num bando de carneiros. Isso é a educação sem partido”, afirmou.
Lutar e resistir
Segundo a presidenta eleita, o grau de manipulação da opinião pública é tão gande que estão “inclusive manipulando pesquisas” —uma referência aos dados publicados pelo jornal “Folha de S.Paulo”, que transmitiam mensagem bastante diferente do resultado registrado em pesquisa Datafolha.
Ante a essas manipulações, Dilma avalia que o momento pede envolvimento, participação e confiança dos que lutam pela democracia.
“Estamos num momento em que as pessoas não podem se omitir”, disse Dilma. “Não tem como ficar em cima do muro ou fingir que não viu que teve um golpe. A maior arma que temos é a nossa força conjunta. É a arma de pensarmos e de não nos acovardarmos.”
Esse comportamento revela, segundo a fala de Dilma, que quem luta contra o golpe mostra estar do lado da justiça, das mulheres, das crianças e das pessoas. Por isso, será importante para garantir no Senado os votos para barrar o impeachment.
“A força do povo brasileiro é o mais forte argumento que temos para colocar na mesa”, disse. “A mobilização de vocês, a força de vocês e a firmeza de vocês são cruciais nesse processo até a votação do Senado.”
Ao final do discurso, Dilma fez uma homenagem ao ex-governador de Sergipe pelo PT Marcelo Déda e do ex-senador e ex-presidente do PT José Eduardo Dutra, que moreram em 2013 e 2015, respectivamente, como referências de luta e conhecimento da alma do povo.
“Respeito a força incrível de Marcelo Déda, que além de ser um guerreiro e ter a companheira que teve era um poeta. E um poeta tem o poder de cantar a alma do povo. Déda cantou a alma do povo sergipano. Déda, junto com o companheiro José Eduardo Dutra, foram exemplos de coragem para enfrentar desafios”, concluiu.
Da Redação da Agência PT de Notícias