Partido dos Trabalhadores

Projeto da Bancada propõe revogar liberação de armas

Medida pretende sustar ato baixado por Bolsonaro para preservar as regras do Estatuto do Desarmamento, que já se provaram benéficas à segurança da população

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Bolsonaro assina decreto para facilitar porte de armas

A Bancada do PT no Senado quer revogar o decreto de Bolsonaro que afrouxa as exigências para a posse de armas de fogo. Para isso, os seis senadores petistas apresentaram, conjuntamente, um Projeto de Decreto Legislativo anulando o ato do presidente e restabelecendo as salvaguardas consagradas no estatuto do Desarmamento —legislação que, segundo especialistas, impediu mais de 130 mil homicídios, desde que entrou em vigor.

Baixado por Bolsonaro e seu ministro Sérgio Moro apenas 15 dias após a posse do novo governo, o decreto da liberação das armas afronta a convicção de pelo menos dois terços da população, que são contra a venda de armas no País — uma posição ainda mais restritiva do que as regras consagradas no Estatuto do Desarmamento.

Estatuto do Desarmamento previne mortes

O ato de Moro e Bolsonaro também desdenha de todas as estatísticas comprovando o importante papel do Estatuto do Desarmamento em estancar o crescimento do número de homicídios no Brasil.

Entre 1996, quando os dados da violência começaram a ser contabilizados pelo DataSUS, e 2003, a taxa de homicídios cresceu a uma média anual de 2,2%. Após a vigência do Estatuto do Desarmamento, em 2014, esse crescimento desacelerou para 0,29% ao ano.

Embora o Brasil mantenha um número recorde mundial de homicídios — 60 mil por ano — se  a taxa de assassinatos continuasse a crescer no ritmo pré-Estatuto do Desarmamento ela estaria em 40,71 para cada 100 mil habitantes — algo como 85,2 mil mortes por ano.

Proposta do PT

O Projeto de Decreto Legislativo assinado pelos seis senadores do PT — o líder Humberto Costa (PT-PE), Jaques Wagner (PT-BA), Jean Paul Prates (PT-RN), Paulo Paim (PT-RS), Paulo Rocha (PT-PA) e Rogério Carvalho (PT-SE) — susta o ato baixado por Bolsonaro para preservar as regras do Estatuto do Desarmamento, que já se provaram benéficas à segurança da população.

Atualmente, para comprar uma arma de fogo, o cidadão ou cidadã precisa comprovar que não tem antecedentes criminais nem responde a processo criminal, comprovar ocupação lícita, residência certa, capacidade técnica e aptidão psicológica para manuseio de arma de fogo. O controle é feito pela Polícia Federal.

O decreto baixado por Bolsonaro e Moro abranda essas exigências. Um exemplo é que em vez de comprovar a “efetiva necessidade” de possuir arma, a pessoa agora precisa apenas declarar essa necessidade.

Se o candidato a comprador de arma compartilhar o domicílio com criança, adolescente ou pessoa com deficiência mental, bastará declarar que sua residência tem cofre ou local seguro com tranca para armazenamento.

“Outro dado preocupante, e que também se contrapõe ao espírito do Estatuto do Desarmamento, é a autorização para a compra de até quatro armas de fogo”, lembram os senadores petistas.

Por PT no Senado