100 dias: Bolsonaro ameaça criação de emprego para gerações futuras

A proposta de Jair Bolsonaro (PSL) acaba com a Previdência Social e coloca em risco geração de empregos a longo prazo

Isac Nóbrega/PR

Se um adjetivo pudesse definir os 100 primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro (PSL), a palavra seria incompetência. Ele demonstra total inabilidade em lidar com o Congresso e propôs uma reforma da Previdência que, não só acaba a aposentadoria dos idosos como ameaça a geração de emprego e renda a longo prazo. O pacote de retrocessos inclui ainda uma política internacional desastrosa, que já resulta em sanções de outros países a importantes setores da economia nacional.

O cenário preocupa o povo brasileiro que, segundo pesquisa Vox Populi divulgada nesta quarta-feira, 10, demonstra pessimismo com o país. O levantamento apontou que 70% dos entrevistados estão insatisfeitos com os rumos do Brasil.

Sobre a reforma da Previdência, o cientista social Rodrigo Marcelino alerta que a proposta de Bolsonaro tem inúmeros impactos e, no futuro, pode afetar a geração de emprego para as próximas gerações. Isso porque a aposentadoria é a principal fonte de renda para muitas famílias brasileiras. Isso significa que o desmonte do sistema previdenciário afeta o poder de compra dessas famílias e, consequentemente, a geração de renda. A longo prazo, isso representa a redução no número de postos de trabalho.

Ainda de acordo com o cientista, a proposta acaba com a ideia de solidariedade entre gerações que define a Previdência atual em troca de atender as demandas de um sistema financeiro pautado pela precarização do trabalho.”Todas as medidas deste governo tem um alto viés de promover um aumento dramático da exploração da classe trabalhadora”, ressalta.

Marcelino também aponta a falta de habilidade para articulação política que Bolsonaro tem demonstrado desde que foi eleito. Como exemplo, cita que a estratégia de tentar negociar diretamente com as bancadas do Congresso falhou e lembra que publicações polêmicas de seu filho Carlos Bolsonaro geraram retaliações do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM). “Ele tem demonstrado imensa inabilidade no trato com o conjunto dos Poderes da República, sobretudo o Legislativo”, resume. É uma gestão “da mais absoluta incompetência”.

É preciso mobilização para barrar reformas

O cientista político Darlan Montenegro também avalia que a falta de habilidade para articulação política é um ponto que enfraquece o governo de Jair Bolsonao, mas lembra que, no que diz respeito a reforma da Previdência, existem outros atores sociais – como o capital financeiro – que tem interesse na pauta. Por isso, não dá para encarar a reforma como superada mesmo com a “inoperância permanente” do governo. É preciso que haja constante mobilização mobilização popular para impedir o avanço da reforma.

Sobre a proposta, Montenegro avalia que é um projeto de desconstrução do sistema previdenciário. “É regressivo em todos os sentidos. Desconstrói a ideia de Previdência como um pacto geracional de solidariedade”, destaca.

“É o fim da Previdência propriamente dita. Se você pensa adiante, as pessoas vão ter um rendimento muito mais baixo e a capacidade de consumo vai diminuir”. O cientista político também aponta o fato de que, hoje, muitos aposentados contribuem para o sustento de suas famílias e alerta que, com o desmonte do sistema, os idosos do futuro mal terão condições de custear a própria subsistência.

Observatório da Democracia demonstra preocupação com o governo

Um relatório do Observatório da Democracia que analisa os 100 dias de Bolsonaro também expressa preocupação com o governo. O documento leva em consideração aspectos como desenvolvimento da ciência e tecnologia, educação, trabalho, soberania nacional, democracia, política econômica e relação entre os Poderes.

Sobre a reforma da Previdência, considera que a proposta é severa especialmente com os brasileiros mais pobres e lembra da importância que o sistema previdenciário tem para a distribuição de renda desde a Constituição de 1988.

“A Previdência brasileira é, hoje, o maior programa de distribuição de renda do mundo, com mais de 30 milhões de benefícios mensais pagos pelo INSS. É uma forma de proteção social e de amparo, especialmente para os idosos. As contribuições dos que ganham mais ajudam a pagar os benefícios dos que ganham menos”, destaca o documento.

O estudo foi realizado através de uma parceria entre as fundações João Mangabeira, Lauro Campos e Marielle Franco, Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Maurício Grabois, Perseu Abramo e Fundação da Ordem Social.

Da Redação da Agência PT de Notícias

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